Deus perdoa o maior dos nossos pecados, segundo a
nossa interpretação, mas não desconsidera o efeito do menor, pois todos são
iguais.
(Helgir Girodo)
Ainda no Jardim do Éden, o
primeiro casal foi informado que o pecado decorrente da desobediência cobraria
um preço muito alto. Infelizmente, esta advertência não impediu que Adão e Eva
caíssem em desgraça após a astuta encenação da serpente. Por livre e espontânea
vontade, eles assumiram uma dívida pesada demais para ser paga, endividando
toda a humanidade, que geração após geração, também se deixou corromper pelo
pecado. Ora, o preço do pecado é morte, e esta dívida se estende a todos nós (Gêneses
2:17).
O homem foi
criado imagem e semelhança de Deus, envolto em inocência e pureza, mas acabou
se deixando contaminar pela influência de Satanás. O agente contaminante
é o pecado, que deturpa nossos conceitos e vontades, escravizando a alma numa
condição pecaminosa. O problema com o pecado, é que embora seu efeito aprazível
seja tênue e efêmero, suas consequências repercutem na eternidade.
Desde o
primórdio da criação, a “morte” foi estipulada como sendo a “paga” pelo pecado. Toda alma que pecar, fatalmente vai morrer (Romanos 6:23 / Ezequiel 18:20). O pecado constrói uma barreira entre
criatura e Criador, sendo que este muro define a separação eterna entre Deus e
homem. O distanciamento perpétuo,
daquele que é a fonte de toda vida, pode ser entendido como sendo a “morte
definitiva”, que em muito excede a morte física pela qual todos iremos passar (Eclesiastes
12:7).
Quando pecamos, assinamos uma
cédula promissória de culpa e a entregamos para Deus. Imerso em pecados,
interrompemos o processo de santificação em nossas vidas, sem o qual não é
possível ver a face do Senhor (Hebreus 12:14). Logo, o pecado lavra a sentença
de morte física e espiritual, nos afastando progressivamente de
nosso Deus. A dívida vai se acumulando e por nós mesmos, jamais teríamos
recursos para pagá-la. Nosso crédito para com o Criador já está no vermelho, e
cada vez mais nos afundamos em débitos pecaminosos. E o SERASA espiritual, nos
persegue diariamente com boletos não pagos e acusações infindas.
Em relação
ao pecado, não há negociação ou salvo-conduto. Não existe margem interpretativa
ou abertura de exceção. Pecado é sempre pecado, e o preço por ele cobrado é a
morte, impreterivelmente. Porém, existe um mecanismo habilmente engendrado pelo
próprio Deus, que tem a capacidade de quebrar o ciclo vicioso pecado-morte, e
derrubar a barreira da separação.
Para isto, um inocente precisa morrer no lugar do pecador.
Para isto, um inocente precisa morrer no lugar do pecador.
Imagine que alguém
deva uma fortuna imensa num banco. Endividada, esta pessoa já não tem crédito
algum, e mesmo assim, uma ordem judicial a obriga comparecer no tribunal para
quitar sua dívida. Não há o que se fazer. O inadimplente já está condenado
antes mesmo de qualquer sentença ser proferida. Porém, quando o juiz se prepara para aplicar as sanções previstas em
lei, alguém entra correndo pelas portas do tribunal, e esbaforido, clama em
alta voz: - Esta dívida fica por minha conta. Eu pago!
Surpreendente?
E se esse bom feitor, fosse exatamente o gerente do banco? Credor e fiador
ao mesmo tempo.
De fato, seria bom se alguém assumisse
as nossas dívidas. Existem tantos milionários no mundo que poderiam com uma
fração minúscula de sua fortuna, saldar todas as inadimplências de um cidadão
comum. O problema, é que nossa dívida espiritual só pode ser paga com o bem máximo
que cada indivíduo tem. E quem, em sã consciência, daria a própria vida (ou
a vida de seu filho) em benefício de alguém que é essencialmente mal e
pernicioso?
“Porém, Deus
comprova seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido em nosso
benefício quando ainda andávamos no pecado” (Romanos 5:8).
Foi exatamente isso que Cristo
fez, com seu ato sacrificial na cruz. Existiam débitos pendentes (meus e teus)
que jamais poderíamos pagar. Preço de sangue. Custo de vida. E Ele, com seu infinito amor, sabendo que o
pecado havia extinguido o nosso crédito com Deus, num ato de amor inigualável,
pagou o preço da nossa redenção. Então, todas aquelas acusações, cobranças e execuções
que haviam contra nós, Cristo arrancou das mãos do credor, e as cravou na cruz.
Nos fez livres. Dívidas pagas. Crédito restaurado. Conta no azul.
Cristo
riscou a cédula da nossa dívida com seu próprio sangue, e este sacrifício
perfeito, quando aliado a fé do indivíduo, não apenas neutraliza a sentença de
morte, como também assegura a vida eterna. Na cruz, Cristo levou sobre si
nossas transgressões, pagou o preço do resgate, e nos redimiu de nossas culpas,
sentenças e acusações:
“Havendo
riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma
maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na
cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e
deles triunfou em si mesmo”. (Colossenses 2:14-17).
A grande
verdade é que Deus jamais se omite em relação ao pecado. Porém, quando
aceitamos o sacrifício de Cristo, e nos submetemos a sua multiforme graça, Ele
lança nossas transgressões no “mar do esquecimento”, e dos nossos pecados já
não se lembra mais.
Por mais que procuremos, não iremos encontrar o famoso “Mar do Esquecimento”, nas páginas da Bíblia. E porquê? Simples. Ele “não” está lá. Mas, embora este seja apenas um “jargão” popular do cristianismo, acaba sendo a metáfora perfeita para ilustrar a grandiosidade do perdão divino. Esta ideia parte basicamente de dois textos bíblicos, que se mesclam em um só. Em Miquéias 7:19, o Senhor diz que voltará a ter piedade de seu povo, subjugando suas iniquidades e lançando seus pecados no mar. Já Isaías 43:2, afirma que, por amor, Deus apaga as transgressões de seu povo e não se lembra mais dos seus pecados.
Por mais que procuremos, não iremos encontrar o famoso “Mar do Esquecimento”, nas páginas da Bíblia. E porquê? Simples. Ele “não” está lá. Mas, embora este seja apenas um “jargão” popular do cristianismo, acaba sendo a metáfora perfeita para ilustrar a grandiosidade do perdão divino. Esta ideia parte basicamente de dois textos bíblicos, que se mesclam em um só. Em Miquéias 7:19, o Senhor diz que voltará a ter piedade de seu povo, subjugando suas iniquidades e lançando seus pecados no mar. Já Isaías 43:2, afirma que, por amor, Deus apaga as transgressões de seu povo e não se lembra mais dos seus pecados.
O conceito é
bem simples de entender quando o próprio “perdão” é plenamente compreendido.
Perdoar é inocentar alguém de toda a culpa que tenha. É como se, quem foi
perdoado, jamais tivesse cometido qualquer transgressão.
Na prática,
o pecado não foi esquecido, mas deixou de ter qualquer validade. Uma vez que o
perdão de Deus é pleno e perfeito, somos levados de volta a um estado de
pureza, onde o pecado antes cometido, já não tem peso, legalidade ou valor
perante Deus. O Senhor teria todo o direito de nos cobrar esta dívida, mas como
Cristo “riscou” a cédula, não temos mais pendências ou débitos para com o Pai.
Assim, Deus
escolhe não se lembrar de nossas transgressões, sepultando os nossos pecados no
mar. O que antes era para nós uma sentença de morte, em Cristo se torna um
convite para vida, redigido em amor e selado com a graça. Nisto deve sempre
exultar nossa alma, em louvores de júbilo e preces de gratidão:
Bendize, ó
minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o
que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades. Que
redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia
(Salmo 103:2-4).
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