A coragem
vem da fé.
(Soren
Kierkegaard)
Uma das
etapas mais importantes do plano divino da redenção, era criar sua nação
modelo, tão temente e fiel, que serviria de parâmetro aos reinos da terra.
Desta linhagem viria o Salvador do Mundo. Deus, então, escolheu um homem
chamado Abrão para ser o “pai” desta multidão.
Nascido e
criado em Ur, ele era filho de Terá, um fabricante de ídolos pagãos. Abrão
entra na história bíblica exatamente quando o Deus Criador lhe pede para que
deixe sua cidade e sua família, e vá até uma terra que lhe seria indicada ao
longo do caminho. Esta jornada consumiria muitos anos da vida de Abrão, que já avançado em idade, recebe de Deus a promessa que lhe daria novo sentido para
viver. A sua descendência seria mais numerosa que as estrelas do céu.
Seu nome é mudado para Abraão (pai de nações) e sua esposa “Sarai” se torna Sara (princesa). O problema é que o casal não tinha filhos, e Sara era estéril. Deus havia dito a Abraão que nele seria bendita todas as famílias da terra, mas os anos continuavam implacáveis com o casal, e a cada primavera passada, a esperança da promessa parecia distante e utópica. Talvez Deus estivesse falando por metáforas.
Seu nome é mudado para Abraão (pai de nações) e sua esposa “Sarai” se torna Sara (princesa). O problema é que o casal não tinha filhos, e Sara era estéril. Deus havia dito a Abraão que nele seria bendita todas as famílias da terra, mas os anos continuavam implacáveis com o casal, e a cada primavera passada, a esperança da promessa parecia distante e utópica. Talvez Deus estivesse falando por metáforas.
Tentando
reverter a situação, Sara cedeu sua serva Hagar ao marido, afim de que ele pudesse deixar uma semente sobre a terra. O plano pareceu dar muito certo. O que de fato, não era verdade. Deste relacionamento nasceu Ismael, que apesar de sua importância
histórica, não era o filho prometido, e mais tarde, desencadearia conflitos
dentro do lar (Gênesis 12-18).
Abraão já
era um homem centenário quando recebeu a visita de três moços em sua
tenda, sem perceber que eram anjos do Senhor. São eles que informaram ao
patriarca que, em um curto período de tempo, sua esposa estaria com um filho
nos braços. Sara, que já estava com a idade avançada e o seu ciclo menstrual
encerrado, ao ouvir a notícia começou a rir. Foi então que um dos visitantes
declarou que o menino deveria receber o nome de Isaque, que significa, exatamente, “sorriso”.
Apesar das
dúvidas de Sara, em poucos meses ela percebeu algumas mudanças em seu corpo,
experimentando em plena velhice a benção da maternidade. O menino nasceu
saudável, cercado de mimos e carinhos. Isaque se tornou o centro das atenções,
e logo Ismael perdeu espaço dentro da casa.
Uma crise de
ciúmes logo se instalou na família de Abraão, que acabou tomando a drástica
decisão de enviar Hagar e seu filho para o deserto. Sobre a areia escaldante, a
vida de Ismael esteve por um fio, mas, foi poupada por Deus que preparou
suprimentos para garantir sua sobrevivência. Certos do cuidado divino, mãe e
filho construíram uma casa, para ali habitarem (Gênesis 21). Os anos se
passaram. Ismael se tornou um homem forte e respeitado. Ele tomou para si uma
esposa egípcia (como sua mãe), e com ela deu início a uma numerosa família,
tornando-se mais tarde o líder de uma poderosa nação do deserto, originando os
povos árabes da atualidade.
Por outro
lado, Isaque, o filho da promessa, seria o patriarca da mais importante nação
da história humana: Israel. A promessa feita por Deus a Abraão se cumpriria
piamente na linhagem de seus filhos, e pode ser testemunhada ainda hoje nas
nações que ocupam o oriente médio. Como Jesus Cristo nasceu da linhagem de
Judá, cumpriu-se também a promessa de que, em Abraão, todas as famílias da
terra seriam abençoadas. E mais que um “pai de nações”, Abraão também foi
perpetrado na história como o “pai de todos aqueles que creem” (Romanos 4:11).
Uma família de números incalculáveis, assim como as estrelas do céu. Mas, muito antes de que sua família se tornasse em nação, a fé de Abraão passou por um teste definitivo, que redefiniria todos os conceitos de confiança nas promessas de Deus. Ele teria que devolver para Deus o filho que de Deus recebera. Isaque tinha que ser sacrificado.
Mas, porque?
Uma família de números incalculáveis, assim como as estrelas do céu. Mas, muito antes de que sua família se tornasse em nação, a fé de Abraão passou por um teste definitivo, que redefiniria todos os conceitos de confiança nas promessas de Deus. Ele teria que devolver para Deus o filho que de Deus recebera. Isaque tinha que ser sacrificado.
Mas, porque?
A chamada de
Abraão foi um marco não apenas na vida do patriarca, como também na história da
humanidade. Ele obedeceu a voz de seu Deus e partiu em direção a uma terra
desconhecida, sem ao menos entender a grandiosidade do projeto divino para sua
vida. Abraão passou a viver por Deus e para Deus, sendo guiado por fé em suas
decisões, escolhas e caminhos.
A chegada de Isaque lhe trouxe novas prioridades. O filho tornou-se o centro
de sua vida. O coração de Abraão pulsava pelo menino, e nele estava
centralizado todo o afeto do velho. Obviamente, não existe nada a se censurar
na relação afetuosa de pai e filho, mas aos poucos, Abraão deixou que Isaque
tomasse o lugar que antes era de Deus em seu coração. E aí está o problema.
Deus precisa
estar entronizado em nossos corações, isto é um fato que não se pode mudar. Por vezes, deixamos que pessoas,
coisas ou lugares ocupem este posto, e relegamos o Senhor para uma condição secundária.
Ainda o amamos e damos ouvido a sua voz. Porém, Ele já não é o centro e a essência
do nosso viver.
Deus deseja
ser nossa prioridade, pois somos sua prioridade também. Ele nos ama de forma
incondicional, sua fidelidade é inabalável e suas promessas infalíveis. Em
contrapartida, o Senhor deseja habitar em nossos corações e mentes, realizando
em nós tanto o seu querer "quanto" o "efetuar" (Filipenses 2:3). Como Deus não
aceita estar em segundo plano, toda vez que priorizarmos outro elemento em seu
lugar, seremos levados a um ponto de decisão, onde precisaremos escolher a quem
de fato servir (Mateus 6:24).
Isaque
estava para Abraão numa posição que deveria ser de Deus. Assim, o patriarca foi
chamado pelo Senhor para uma decisão sacrificial onde as prioridades de sua
vida seriam definitivamente estabelecidas. Abraão amava a Deus
inquestionavelmente, mas amava seu filho incontrolavelmente. Agora, seria
necessário optar por um deles. E, Abraão, escolheu seu amor mais antigo. A
fonte de sua vida e das promessas.
Mais do que
sacrificar o filho no altar do Senhor, o patriarca precisou realizar um
verdadeiro rito onde confrontou seus próprios sentimentos. Planejar a
viagem a Moriá, rachar a lenha que seria usado no holocausto e afiar a lâmina
de seu cutelo para imolar Isaque. Cada uma dessas ações foi importante para que
uma nova inversão de prioridades acontecesse no coração de Abraão. Em meio a
este doloroso processo, ele finalmente entendeu que sem ISAQUE ainda haveria um
DEUS, mas sem DEUS, sequer existiria um ISAQUE.
A longa
jornada até Moriá foi fúnebre e silenciosa. Cada passo aproximava pai e filho
de um destino cruel. A inocente ignorância do olhar de Isaque contrastava com
os olhos pesarosos e marejados de Abraão. Ele estava certo que no alto da
montanha, teria que tirar a vida do próprio filho, parti-lo ao meio, escorrer o
sangue e depois queimar seu corpo. Mas enquanto pensava na morte, Abraão se
enchia de vida. Ele se lembrava das promessas de Deus, e como o Senhor tinha
sido fiel no cumprimento de cada uma delas.
Sua fé se
potencializava na obediência e o “vale da sombra da morte” ganhava contornos de
esperança. Pouco a pouco uma certeza imergiu do coração de Abraão como um facho
de luz que dissipa as trevas: - Ainda
que das cinzas, Deus vai trazer Isaque de volta para vida (Hebreus 11:17-18). Neste
instante, mesmo sem saber, a fidelidade de Abraão já tinha sido provada e
aprovada. Sem derramar uma única gota de sangue, Abraão já tinha sacrificado Isaque
no altar de seu coração. Ele havia chegado a um patamar espiritual que sequer
imaginava ser capaz. Mas, Deus conhecia este potencial. Isaque, por
sua vez, sem ainda ter conhecimento dos propósitos do Senhor em Moriá, realizou
um sacrifício de valor inestimável. Ele deitou-se sobre o altar.
Pai e filho. Portador e herdeiro da promessa. No alto da montanha, longe de olhos humanos e aplausos populares, ambos se submeteram a vontade de Deus, por mais alto que fosse alto o preço da renúncia. Sem esperar recompensas terrenas, eles mostraram para o Senhor, até onde estavam dispostos a obedecer. Não por que precisavam, e sim porque desejaram. Afinal, Deus já conhecia a grandeza destes corações, antes mesmo dos tempos em Ur.
Pai e filho. Portador e herdeiro da promessa. No alto da montanha, longe de olhos humanos e aplausos populares, ambos se submeteram a vontade de Deus, por mais alto que fosse alto o preço da renúncia. Sem esperar recompensas terrenas, eles mostraram para o Senhor, até onde estavam dispostos a obedecer. Não por que precisavam, e sim porque desejaram. Afinal, Deus já conhecia a grandeza destes corações, antes mesmo dos tempos em Ur.
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