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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O bem mais precioso

A renúncia é a libertação. Não querer é poder.
(Fernando Pessoa)


Existem grandes equívocos na forma como muitos entendem a adoração. Louvores, orações, exercício ministerial e prática de boas obras são apenas reflexo de uma vida vivida em adoração e não a essência do conceito. O adorador por excelência, não restringe sua adoração a momentos específicos ou situações pertinentes. Ele a vive intensamente e completamente, ocupando cada minuto do seu dia, cada célula do seu corpo com Deus e para Deus.

Este estilo de vida requer resignação e desprendimento, pois a natureza humana tende a prioridades que se opõem completamente aos princípios da Palavra de Deus. O adorador precisa, antes de mais nada, crucificar o velho homem, para poder estar definitivamente, livre do domínio do pecado. Mas este processo, apesar de necessário, é pesaroso e contrário as nossas próprias vontades. Ele exige muita abnegação e renúncia (Tiago 1:14-15). É preciso negar quem somos, para sermos quem Deus deseja que sejamos. E este caminho de volta a Cristo, passa pela cruz (Marcos 8:34). É uma via dolorosa que requer inúmeros sacrifícios.

Um sacrifício, consiste na troca de algo muito valioso por outro de ainda maior valor. Mas, neste caso, os valores não são medidos em espécies, e sim em sentimentos e emoções. Por exemplo, num cenário de crise, onde o alimento torna-se escasso em um lar, os pais tendem a sacrificar sua porção de sustento em prol da nutrição dos filhos. Eles abrem mão de algo valioso (seu alimento) e obtém em troca algo mais valioso ainda, ou seja, a satisfação de ver os filhos alimentados. Mesmo que para alcançar esta alegria, eles mesmos, continuem famintos. O sacrifício, portanto, vale a pena! 

Deus abriu mão de seu próprio filho em prol da restauração do homem, e Jesus entregou sua vida por resgate de todos nós (Isaías 53:10-11). Abraão abriu mão do bem que julgava mais precioso (seu filho), em troca de algo que de fato lhe tinha valor inestimável e incalculável, a sua fidelidade para com Deus (Gêneses 22:1-18). O adorador por excelência é aquele que sempre pauta suas escolhas priorizando o que é eterno, mesmo que para isso, precise deixar de usufruir prazeres efêmeros tão desejáveis por sua natureza humana.

Nisto reside a nobreza da renúncia e a beleza da obediência. Renunciar é desistir por bom grado de algo que foi conquistado por direito. É sair da zona de conforto, abnegando-se do certo pelo duvidoso. Não há garantias físicas em uma renúncia e, portanto, no contexto espiritual, ela se baseia apenas na fé. A ordenança de Jesus aos discípulos foi que renunciassem a eles mesmos, tomassem sobre seus ombros uma cruz e o seguissem, mesmo que fossem enviados como ovelhas para o meio de lobos (Mateus 16:24 / Lucas 10:30).

A adoração genuína tem início exatamente neste desprendimento do próprio “eu”, numa submissão plena aos desígnios do Senhor, mesmo que com isto caminhemos rumo a morte. Estaremos certos que uma eternidade com Deus é o bem mais valioso que podemos almejar, tornando qualquer valor terreno (por maior que seja) em quinquilharias desprezíveis (II Timóteo 4:7).

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