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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O Maior Mandamento

A bondade em palavras cria confiança; a bondade em pensamento cria profundidade; 
a bondade em dádiva cria amor.
(Lao-Tsé)

Nós não somos deste mundo. Todo cristão expressa com orgulho esta identidade “extraterrena”, afinal, foi o próprio Cristo que a revelou (João 15:19). De fato, somos peregrinos em uma terra estranha, que ansiamos desesperadamente retornar para o lar. Mas será que, de fato, estamos preparados para sermos repatriados, e aptos a exercer nossa cidadania celestial?

Todo governo é norteado por uma legislação própria, uma série de leis que detalha os direitos de seus cidadãos, bem como os deveres que os mesmos devem cumprir junto ao estado e a sociedade. Os céus também são assim. O Reino de Deus possui uma legislação intensa, a qual todo cristão deve seguir piamente, pois só usufruirá dos “direitos adquiridos na cruz” quem honrar em sua vida, os “deveres exigidos pelo Reino.”

Mas o que poderia ser um confuso imbróglio de normas impraticáveis, soa inconfundível no resumo desta “constituição celestial”, feita pelo próprio Jesus:

Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes" (Marcos 12:30-31). 

Quem cumpre em sua vida estes dois mandamentos, automaticamente, esta quite com a legislação do Reino dos Céus (Gálatas  5:14). Quem ama verdadeiramente a Deus, vive sua vida por Deus e para Deus, de modo a honrá-lo, adorá-lo e entronizá-lo em seu coração. Com isso, não deixa espaço para que “coisas”, “pessoas” ou “desejos” roubem seu tempo, sua atenção ou os seus pensamentos, que estarão sempre voltados para os céus.

Quem ama a Deus sobre todas as coisas está imune a idolatria intrínseca em nossos desejos e ambições, e não deixa que o trono do Senhor em sua vida, seja usurpado por qualquer outra força ou poder. Tal cristão, vive com a cabeça nos céus, mesmo que seus pés caminhem sobre a terra.

Porém, este amor que flui entre o homem e Deus, precisa também ser horizontalizado, abrangendo aquele que está a nossa volta. Quem ama a Deus verdadeiramente, adquire a capacidade de amar ao seu próximo como se fosse a ele mesmo. É importante ressaltar que o “próximo” aqui contextualizado, não tem nome, rosto ou endereço, pois se refere a “qualquer indivíduo com quem tenhamos qualquer tipo de contato”, seja físico, visual, auditivo ou emocional, pois quando pensamos em uma “alma” que se perde, devemos amá-la com a mesma intensidade que Cristo nos amou.

E se desenvolvemos este amor, logo banimos de nossa vida todas as ações proibidas pela lei de Deus. Quem ama verdadeiramente ao seu próximo, não mata, não adultera, não rouba, não cobiça e nem calunia seu irmão. Logo, todo o decálogo dado por Deus á Moisés no Sinai, como um código moral, civil e espiritual para a nação de Israel, é cumprido na integra pela prática do amor (Êxodo 20:1-17).

Em I Coríntios 13:7, Paulo nos ensina que o amor genuíno é infalível, pois é construído sobre as bases da verdade e da justiça. Ele não é leviano, invejoso, irritadiço, preconceituoso ou interesseiro, antes, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Em resumo, podemos dizer que o “amor verdadeiro” não usa mascaras, ele é o que é. E sinceridade, é o mínimo que Deus espera de nós em todas as nossas relações. De nada adianta uma vida de religiosidade pragmática, se as intenções de nosso coração não foram pautadas pelo amor. Esta é a lei básica do Reino dos Céus, um dever que recai sobre cada cidadão cujo nome está escrito no livro da vida.  O amor é uma dívida que temos para com o nosso próximo, cujo saldo só será quitado na eternidade (Romanos 13:8).

Cada dia vivido aqui na terra, é uma sabatina espiritual que determinará a retirada de nosso passaporte e do visto para os céus. Ninguém se torna cidadão do Reino de Deus ao passar pelas portas do Paraíso.” O Céu eliminará nossos defeitos, mas preservará as qualidades. Cada um será o que já é. Deus nos tirará da terra em direção aos céus, porque já vivemos o céu aqui na terra. E isto passa por uma vida de devoção a legislação celeste.

A palavra “devocional”, num contexto religioso, pode ser entendido como um período de “tempo” que o indivíduo separa para se dedicar a Deus, seja através de orações, leituras bíblicas, meditação, louvores ou ações sociais. Porém, se praticarmos com inteireza os ensinamentos de Jesus, nossa própria vida se tornará um devocional contínuo e permanente. E o que isto quer dizer?

O inglês Smith Wigglesworth foi um dos maiores expoentes do pentecostalismo no século XIX. Com uma vida dedicada a pregações fervorosas e ao exército dos dons de cura, Smith se tornou uma referência de cristão comprometido com Deus e com o próximo. Certa vez, ele foi questionado sobre o seu período devocional de orações, e sua surpreendente resposta nos dá um vislumbre sobre o modelo de vida ensinado por Jesus: - "Eu nunca oro mais do que cinco minutos, e eu nunca fico mais do que dez minutos sem orar". 

A vida devocional não se revela em nossos momentos de orações e cultos, mas sim nos períodos em que estamos fora do “contexto” religioso. É durante suas atividades seculares que o cristão se revela um cidadão do Reino dos Céus, pois embora seus pés ainda estejam presos na terra, sua cabeça já ultrapassou os limites das nuvens. Podemos concluir que a vida devocional consiste no fato de nossas ações na terra, serão realizadas com as motivações do céu, todo tempo e o tempo todo. E os céus sempre foi movido a amor!

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