do que um banquete comido com ansiedade.
(Esopo)
Todo pregador já passou (ou irá passar) pela
experiência de ter uma de suas mensagens renegada pela grande massa. Alguns se
afogam em seu próprio esboço. Outros desrespeitam seus ouvintes. Jovens pregadores
exageram no entusiasmo. Veteranos, em nome da “experiência”, sucumbem ao
marasmo. A reação do auditório não deixa dúvidas. A mensagem não foi bem
digerida pela platéia.
Existem, porém, situações bem específicas, onde a audiência não está preparada para assimilar determinada mensagem. Em geral, pastores convivem diariamente com esta realidade. Afinal, sobre seus ombros, recai a responsabilidade de redarguir, corrigir e exortar seus rebanhos. A tarefa não é fácil.
Existem, porém, situações bem específicas, onde a audiência não está preparada para assimilar determinada mensagem. Em geral, pastores convivem diariamente com esta realidade. Afinal, sobre seus ombros, recai a responsabilidade de redarguir, corrigir e exortar seus rebanhos. A tarefa não é fácil.
Vivemos em um tempo onde o evangelho se tornou
colorido, e a vida cristã é “vendida” como um caminho forrado de algodão,
ladeado por flores perfumadas sob um céu azul de brigadeiro. Tudo é licito e
tudo convém. Vale tudo. Pois bem. A Bíblia não aceita tal ideologia, e
constantemente, homens compromissados com a verdade, são chamados a
responsabilidade de transmitir em seus altares uma mensagem genuína, que
desagrada ouvidos acostumados a promessas vazias e doutrinas afrouxadas pela
apostasia. Estes homens, precisam se posicionar contra a “modinha
perniciosa”, que leva meros mortais a se sentirem no direito de “exigir” chuvas
de bênçãos sobre suas vidas. Venha a nós o “vosso” Reino, e seja feita a “minha”
vontade. E se opor a este sistema
“cristão-mercadológico” é uma tarefa ingrata.
Como homem, Cristo também vivenciou algumas
situações muito difíceis em seu ministério, onde foi necessária uma palavra
mais agridoce, a fim de confrontar o comportamento popular. Por exemplo, em João 6, após a
multiplicação dos pães e peixes, uma multidão passou a seguir Jesus, mas não para
alimentar sua alma com as palavras de salvação que saia dos lábios do Mestre.
Estavam apenas interessados num desjejum gratuito.
Percebendo esta situação, Jesus realizou um sermão
ácido na sinagoga de Cafarnaum, cobrando uma postura mais espiritual de seus
seguidores. Cristo revelou o coração de sua platéia, dizendo que não estavam ali não
por causa dos milagres ou da mensagem, mas sim, buscando se refestelar de pão.
- Vocês dizem que me seguem
por causa de meus sinais? Eu sei, que só estão aqui para se empanturrar de pão.
Não busquem apenas o alimento que sacia o corpo, mas sim, aquele que vos
manterá alimentado por toda eternidade!
Jesus ensinou a seus discípulos que não tivessem
por prioridade trabalhar pela comida que perece, mas, que se dedicassem a
buscar o alimento que permanece para a vida eterna, e que só é conseguido através do Filho do Homem. Logo, os seus ouvintes lhe questionaram se o tal
“alimento” seria o famoso “maná”, dado por “Moisés” aos seus antepassados.
Muitos são os
milagres registrados no Pentateuco, dos quais podemos destacar a presença
visível da glória de Deus, os sinais portentosos manifestado contra os inimigos
de Israel, a abertura do Mar Vermelho, roupas e sapatos que não
envelheciam; a nuvem que proporcionava sombra e frescor durante o dia e se
incendiava a noite para produzir luz e calor, água saindo de rocha e banquete
de carne em pleno deserto. Mas, nenhum
milagre descrito nas escrituras representa melhor o cuidado de Deus com seu
povo, do que o envio diário do maná.
Israel, no
deserto, não precisava se preocupar com trabalho ou com plantios. Não
havia necessidades de compras cotidianas e nem idas ao mercado. A “despesa” era
entregue em domicílio toda manhã. O pão chovia do céu. A palavra “maná”,
vem do hebraico "man hû", pode ser entendida como uma exclamação de
surpresa, semelhante ao “o que
é isto?”, pergunta repetida a exaustão na primeira vez que o alimento
celestial foi servido.
Segundo o rabino Yank Tauber, a provisão diária de Maná, deu ao povo tempo livre para se dedicar a outro tipo de alimentação: A Lei de Deus - “Logo depois que o Maná começou a cair, recebemos a Torá no Monte Sinai. Durante as quatro décadas seguintes atravessamos o deserto, comendo o maná e estudando a Torá. Isso é basicamente tudo que fizemos (quando não havia problemas). O Midrash vê uma conexão direta entre nossa dieta e nossa ocupação, declarando que a Torá podia ser dada somente a comedores de maná".
Segundo o rabino Yank Tauber, a provisão diária de Maná, deu ao povo tempo livre para se dedicar a outro tipo de alimentação: A Lei de Deus - “Logo depois que o Maná começou a cair, recebemos a Torá no Monte Sinai. Durante as quatro décadas seguintes atravessamos o deserto, comendo o maná e estudando a Torá. Isso é basicamente tudo que fizemos (quando não havia problemas). O Midrash vê uma conexão direta entre nossa dieta e nossa ocupação, declarando que a Torá podia ser dada somente a comedores de maná".
Partindo
deste princípio, podemos dizer que espiritualmente também somos “comedores de
maná”, usufruindo da provisão diária do Senhor, o que nos permite empregar
tempo e esforços no Reino de Deus. Uma vida dedicada ao Senhor.
Segundo relatado na história israelita, o Maná parecia uma pequena semente redonda, flocosa e branca, que cobria a terra como uma geada. Caía do céu à noite, entremeada com duas camadas de orvalho. Segundo a tradição judaica, ao paladar, ele se assemelhava ao sabor do alimento favorito de quem o provava, embora sejam muito comuns relatos de que seu gosto lembrasse bolachas de mel ou bolo doce de azeite. Na culinária, o Maná tinha diversas aplicações, podendo ser moído, cozido ou assado, dependendo de como seria empregado na “receita”. Também podia ser consumido em natura.
Uma das características mais impressionantes do Maná, é que ele provia a quantia das necessidades nutricionais da pessoa com tanta precisão, que depois do consumo, o corpo não precisava gerar resíduos, o que contribuía em muito para a o bem-estar sanitário daquela gente. O Maná também era dado em provisão diária, não sendo permitido a estocagem do mesmo, pois quando guardado, se deteriorava em menos de 24 horas (exceção feita na passagem da sexta para o sábado). Assim, ninguém se alimentava de “pão amanhecido”, e a cada dia, uma nova provisão era derramada sobre o arraial, provando o cuidado diário de Deus com o seu povo.
Apesar do Maná ter qualidades e características miraculosas, seu propósito era o sustento diário. Ele não era uma “poção mágica de imortalidade”. Jesus percebeu a distorção gritante que a multidão fazia de suas palavras, e os tratou de corrigir.
- Seus antepassados comeram o Maná no deserto e morrerem. O Maná sustenta a vida, mas, não dá a vida. Aquele era o pão dado por Moisés à seus pais. Deus, agora, deseja lhes dar o verdadeiro “Pão do Céu”, que tem o poder de trazer vida ao mundo inteiro.
Todos ficaram entusiasmado com esta revelação. Seria possível existir um alimento que prolongasse eternamente a duração de uma vida? Imagine as possibilidades. Assistir a ascensão e queda de reinos e impérios. Acumular riquezas e poder. Deter em suas mãos o conhecimento e a ciência do mundo. Embalar em seu colo os tetranetos de seus tetranetos. Todos queriam uma fatia deste "elixir". Então, quase em uníssono, a multidão pediu:
- Senhor, dá-nos desse pão!
Como resposta, receberam uma revelação tão intensa, que quase os lançou ao chão desacordados:
- Eu sou o Pão da Vida!
Aquela era uma afirmação densa demais para ser ingerida por uma geração tão apegada a ritos e religiosidade. Os judeus se entreolharam indignados. Seus corações se encheram de fúria contra o nazareno. Homem arrogante, presunçoso e emproado. Quem ele pensa que é? Mas, apesar de já ter conhecimento do murmúrio silencioso, Jesus continuou a falar com convicção:
- Aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede... Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma lançarei fora!
A murmuração ganhou voz e inflamou o povo, cada vez mais revoltado com a “petulância” do carpinteiro interiorano. Os líderes religiosos de Israel não podiam aceitar que um trabalhador braçal do subúrbio de Nazaré, se autodeclarasse o “pão que veio do céu”. Imediatamente, a popularidade de Jesus foi esmagada pela indignação de religiosos sem visão espiritual.
E como Jesus reagiu aos olhares reprobatórios ao seu sermão? Ele continuou a falar com ousadia e autoridade.
- Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém comer deste pão, viverá para sempre. E este pão é a minha carne que eu darei pela vida do mundo. Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é a verdadeira bebida.... Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele.... Terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia!
A lei mosaica proibia a ingestão de sangue, e os judeus, não entendendo a espiritualidade daquelas palavras, começaram a dar as costas para Jesus, indignados com tamanha afronta aos preceitos da lei. A incredulidade não os deixou enxergar além das aparências. Um a um, se retiraram da sinagoga, deixando para trás, o autor de nossa salvação. Homens carentes de pão, dando as costas a mais generosa padaria.
Não era a primeira vez que os israelitas rejeitavam um presente fornecido com generosidade pela “padaria celeste”. Muitos séculos antes, ainda no deserto, os hebreus ficaram um tanto enjoados com o chamado "pão do céu", chegando ao cúmulo de o renomear com a alcunha “pão vil”. O cuidado do Senhor estava sendo desdenhado com ingratidão. O deserto é um lugar inóspito, que não se preocupa em cuidar bem dos seus convidados. Mesmo assim, Israel desdenhou do que tinha, desejando o que faltava. Se esqueceu que o deserto não dá, ele apenas retira. Sem o maná, seriam consumidos pela fome, mas, não se envergonharam de desprezá-lo.
Ainda mais vergonhoso, é saber que muitas vezes, somos exatamente como esta parcela ingrata dos israelitas. Nos acostumamos a provisão de Deus, e na ambição de queremos mais, nos esquecemos que tudo o que temos é o deserto. Sem o cuidado diário de Deus, fatalmente estaríamos entregues ao desespero. Não haveria o que comer, beber ou vestir. Deixamos de ser gratos pelo que temos, e nos tornamos agiotas do que não temos, cobrando de Deus as nossas próprias dívidas. Neste mundo materialista, onde o evangelho tem ganhado contornos de mercado financeiro, é fácil nos esquecermos que o maná é uma benção diária que nos mantem vivos num território de morte.
O maná foi apenas uma amostra da generosidade de Deus ao seu povo. A provisão definitiva estava sendo fornecida em Cristo. E os judeus, mais uma vez estavam rejeitando o pão celeste.
Jesus, voltando-se para seus doze discípulos, perguntou a eles se também gostariam de se retirar. Porém, tomando a frente dos demais, Pedro com os olhos marejados pela emoção, lhe respondeu:
- Senhor, para onde nos iriamos agora? Só tú tens as palavras de vida eterna...
Ainda hoje, Jesus continua nos convidando a tomar parte deste banquete, onde o maná nos é fornecido diariamente, em forma de provisão e cuidados minimalistas. E o “Pão da Vida” nos é entregue em abundância, no agora e na eternidade. Jesus é este pão. Ele foi preparado nos céus, sovado na terra, assado na cruz e servido na Glória. Aprecie sem moderação.
Segundo relatado na história israelita, o Maná parecia uma pequena semente redonda, flocosa e branca, que cobria a terra como uma geada. Caía do céu à noite, entremeada com duas camadas de orvalho. Segundo a tradição judaica, ao paladar, ele se assemelhava ao sabor do alimento favorito de quem o provava, embora sejam muito comuns relatos de que seu gosto lembrasse bolachas de mel ou bolo doce de azeite. Na culinária, o Maná tinha diversas aplicações, podendo ser moído, cozido ou assado, dependendo de como seria empregado na “receita”. Também podia ser consumido em natura.
Uma das características mais impressionantes do Maná, é que ele provia a quantia das necessidades nutricionais da pessoa com tanta precisão, que depois do consumo, o corpo não precisava gerar resíduos, o que contribuía em muito para a o bem-estar sanitário daquela gente. O Maná também era dado em provisão diária, não sendo permitido a estocagem do mesmo, pois quando guardado, se deteriorava em menos de 24 horas (exceção feita na passagem da sexta para o sábado). Assim, ninguém se alimentava de “pão amanhecido”, e a cada dia, uma nova provisão era derramada sobre o arraial, provando o cuidado diário de Deus com o seu povo.
Apesar do Maná ter qualidades e características miraculosas, seu propósito era o sustento diário. Ele não era uma “poção mágica de imortalidade”. Jesus percebeu a distorção gritante que a multidão fazia de suas palavras, e os tratou de corrigir.
- Seus antepassados comeram o Maná no deserto e morrerem. O Maná sustenta a vida, mas, não dá a vida. Aquele era o pão dado por Moisés à seus pais. Deus, agora, deseja lhes dar o verdadeiro “Pão do Céu”, que tem o poder de trazer vida ao mundo inteiro.
Todos ficaram entusiasmado com esta revelação. Seria possível existir um alimento que prolongasse eternamente a duração de uma vida? Imagine as possibilidades. Assistir a ascensão e queda de reinos e impérios. Acumular riquezas e poder. Deter em suas mãos o conhecimento e a ciência do mundo. Embalar em seu colo os tetranetos de seus tetranetos. Todos queriam uma fatia deste "elixir". Então, quase em uníssono, a multidão pediu:
- Senhor, dá-nos desse pão!
Como resposta, receberam uma revelação tão intensa, que quase os lançou ao chão desacordados:
- Eu sou o Pão da Vida!
Aquela era uma afirmação densa demais para ser ingerida por uma geração tão apegada a ritos e religiosidade. Os judeus se entreolharam indignados. Seus corações se encheram de fúria contra o nazareno. Homem arrogante, presunçoso e emproado. Quem ele pensa que é? Mas, apesar de já ter conhecimento do murmúrio silencioso, Jesus continuou a falar com convicção:
- Aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede... Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma lançarei fora!
A murmuração ganhou voz e inflamou o povo, cada vez mais revoltado com a “petulância” do carpinteiro interiorano. Os líderes religiosos de Israel não podiam aceitar que um trabalhador braçal do subúrbio de Nazaré, se autodeclarasse o “pão que veio do céu”. Imediatamente, a popularidade de Jesus foi esmagada pela indignação de religiosos sem visão espiritual.
E como Jesus reagiu aos olhares reprobatórios ao seu sermão? Ele continuou a falar com ousadia e autoridade.
- Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém comer deste pão, viverá para sempre. E este pão é a minha carne que eu darei pela vida do mundo. Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é a verdadeira bebida.... Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele.... Terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia!
A lei mosaica proibia a ingestão de sangue, e os judeus, não entendendo a espiritualidade daquelas palavras, começaram a dar as costas para Jesus, indignados com tamanha afronta aos preceitos da lei. A incredulidade não os deixou enxergar além das aparências. Um a um, se retiraram da sinagoga, deixando para trás, o autor de nossa salvação. Homens carentes de pão, dando as costas a mais generosa padaria.
Não era a primeira vez que os israelitas rejeitavam um presente fornecido com generosidade pela “padaria celeste”. Muitos séculos antes, ainda no deserto, os hebreus ficaram um tanto enjoados com o chamado "pão do céu", chegando ao cúmulo de o renomear com a alcunha “pão vil”. O cuidado do Senhor estava sendo desdenhado com ingratidão. O deserto é um lugar inóspito, que não se preocupa em cuidar bem dos seus convidados. Mesmo assim, Israel desdenhou do que tinha, desejando o que faltava. Se esqueceu que o deserto não dá, ele apenas retira. Sem o maná, seriam consumidos pela fome, mas, não se envergonharam de desprezá-lo.
Ainda mais vergonhoso, é saber que muitas vezes, somos exatamente como esta parcela ingrata dos israelitas. Nos acostumamos a provisão de Deus, e na ambição de queremos mais, nos esquecemos que tudo o que temos é o deserto. Sem o cuidado diário de Deus, fatalmente estaríamos entregues ao desespero. Não haveria o que comer, beber ou vestir. Deixamos de ser gratos pelo que temos, e nos tornamos agiotas do que não temos, cobrando de Deus as nossas próprias dívidas. Neste mundo materialista, onde o evangelho tem ganhado contornos de mercado financeiro, é fácil nos esquecermos que o maná é uma benção diária que nos mantem vivos num território de morte.
O maná foi apenas uma amostra da generosidade de Deus ao seu povo. A provisão definitiva estava sendo fornecida em Cristo. E os judeus, mais uma vez estavam rejeitando o pão celeste.
Jesus, voltando-se para seus doze discípulos, perguntou a eles se também gostariam de se retirar. Porém, tomando a frente dos demais, Pedro com os olhos marejados pela emoção, lhe respondeu:
- Senhor, para onde nos iriamos agora? Só tú tens as palavras de vida eterna...
Ainda hoje, Jesus continua nos convidando a tomar parte deste banquete, onde o maná nos é fornecido diariamente, em forma de provisão e cuidados minimalistas. E o “Pão da Vida” nos é entregue em abundância, no agora e na eternidade. Jesus é este pão. Ele foi preparado nos céus, sovado na terra, assado na cruz e servido na Glória. Aprecie sem moderação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário