Os humanos são
dados a idolatria, a começar pelo espelho.
(Alvaro Granha Loregian)
Inegavelmente, Arão é um dos mais influentes personagens do Velho Testamento. Braço direito de Moisés, esteve lado a lado com seu irmão na dura cruzada contra Faraó. Era muito respeitado entre os anciãos de Israel (inicialmente, até mais que o próprio Moisés), sendo, portanto, um grande formador de opinião.
Podemos dizer que Arão era um excelente auxiliar. Pró-ativo, eficiente e generoso para estender a mão. Juntamente com Hur, manteve os braços de Moisés erguidos durante a batalha contra os amalequitas (Êxodo 17:12). Em Números 17, encontramos o relato de como Deus o escolheu para ser o primeiro “Sumo Sacerdote” de Israel, sendo o pai da linhagem sacerdotal que se manteve ativa por mais de 1.500 anos.
Podemos dizer que Arão era um excelente auxiliar. Pró-ativo, eficiente e generoso para estender a mão. Juntamente com Hur, manteve os braços de Moisés erguidos durante a batalha contra os amalequitas (Êxodo 17:12). Em Números 17, encontramos o relato de como Deus o escolheu para ser o primeiro “Sumo Sacerdote” de Israel, sendo o pai da linhagem sacerdotal que se manteve ativa por mais de 1.500 anos.
Arão era um homem notável e cheio de virtudes. Mas,
tinha uma falha de caráter que o desabonava como líder. Era influenciável. Números
12 relata como ele se deixou influenciar por sua irmã Miriã na sedição contra a
liderança de Moisés. Já em Êxodo 12, nos deparamos com Arão tendo que se
posicionar diante do povo. Ao invés de refrear o ímpeto pecaminoso de sua
gente, ele acabou optando pelo caminho mais fácil de ceder a voz da maioria.
Vamos aos fatos.
Israel debutava seus primeiros dias de liberdade quando acampou na península do Sinal. A jovem nação havia passado os últimos quatro séculos sob a égide dos faraós, o que os tornou num povo submisso e posteriormente escravizado. Seguiam leis ditadas, e cronometravam seus dias de acordo com os desígnios de seus maiorais. Agora, sem um senhorio para lhes dizer o que fazer, Israel dependia completamente da orientação de Moisés, pois sobre eles, ainda não existia uma constituição oficializada.
Israel debutava seus primeiros dias de liberdade quando acampou na península do Sinal. A jovem nação havia passado os últimos quatro séculos sob a égide dos faraós, o que os tornou num povo submisso e posteriormente escravizado. Seguiam leis ditadas, e cronometravam seus dias de acordo com os desígnios de seus maiorais. Agora, sem um senhorio para lhes dizer o que fazer, Israel dependia completamente da orientação de Moisés, pois sobre eles, ainda não existia uma constituição oficializada.
O único parâmetro para manter a “ordem” nacional na ausência de seu líder, era a tradição oral passada de pai para filho, e que em decorrência da passagem do tempo, se encontrava gasta e fragilizada. Foram muitos anos de convivência com hicsos e egípcios, observando seus ritos, convivendo com culturas distintas e se simpatizando com as práticas destes povos. Assim, Israel ainda estava intoxicado com paganismo, saudosos de algumas comodidades que o deserto retirou deles. Podemos dizer que ISRAEL havia saído do EGITO, mas o EGITO, ainda não tinha saído de Israel.
Deus estava ciente desta realidade, e rapidamente
tratou de intervir. Convocou Moisés para uma “reunião” no alto da montanha,
onde revelou todos os preceitos de sua lei, e explanou minuciosamente os
tópicos normativos e regulamentadores para as mais diversas facetas da vida
espiritual e social dos israelitas.
Os primeiros pontos desta lei tratavam exatamente
da relação de Deus para com seu povo, e definia a mais importante questão a ser
respeitada pela nação:
- EU SOU o SENHOR teu DEUS que vos livrou da escravidão... Não terás outros deuses diante de mim, não farás imagem de escultura para adora-las e não tomarás o meu nome em vão!
Porém, antes mesmo que esta legislação começasse a vigorar, Israel contrariou irremediavelmente a vontade do Senhor, deixando-se dominar por seus próprios instintos e retrocedendo espiritualmente ao nível dos egípcios.
Moisés já estava na montanha à quarenta dias quando os israelitas concluíram que seu líder havia morrido, e sua morte anulava as possibilidades de comunicação com o “Deus” que não se podia ver. Recorreram ao segundo em comando, afim de que ele tomasse alguma atitude para acalmar o povo que começava a se amotinar. Na visão de alguns dos principais da congregação, era necessário que um “deus” fosse introduzido no acampamento, afim de guiar os israelitas pelo restante do caminho.
- EU SOU o SENHOR teu DEUS que vos livrou da escravidão... Não terás outros deuses diante de mim, não farás imagem de escultura para adora-las e não tomarás o meu nome em vão!
Porém, antes mesmo que esta legislação começasse a vigorar, Israel contrariou irremediavelmente a vontade do Senhor, deixando-se dominar por seus próprios instintos e retrocedendo espiritualmente ao nível dos egípcios.
Moisés já estava na montanha à quarenta dias quando os israelitas concluíram que seu líder havia morrido, e sua morte anulava as possibilidades de comunicação com o “Deus” que não se podia ver. Recorreram ao segundo em comando, afim de que ele tomasse alguma atitude para acalmar o povo que começava a se amotinar. Na visão de alguns dos principais da congregação, era necessário que um “deus” fosse introduzido no acampamento, afim de guiar os israelitas pelo restante do caminho.
Arão tomou uma medida controversa. Pediu aos
israelitas que doassem seus pendentes e brincos de ouro como matéria prima, e
após derreter o material aurifico no fogo, fazendo uso de um buril, forjou um
bezerro dourado.
Ao ver aquela imagem, muitos israelitas puseram-se
a declarar que aquele sim, era o “deus” que os tinha libertado da escravidão. Muito
provavelmente, ao tentar “forjar um deus” a sua própria imagem, os israelitas
foram influenciados pelas referências pagãs de Ápis (um deus com aspectos de touro) e Hathor (deusa com aspecto de vaca).
Ao presenciar a bizarra cena, Arão edificou um
altar diante da imagem, e clamou ao povo: - “Amanhã será festa ao Senhor. ”
Muitos estudiosos acreditam que Arão,
originalmente, não tinha intenção de dar aos israelitas um “deus” tangível.
Assim, o fato dele ter requisitado ouro como matéria prima, seria uma tentativa
de “inviabilizar” aquele projeto em decorrência do alto “custo”. Mas, a
obstinação do povo suplantou a preocupação com o orçamento doméstico, e do meio
da congregação brotaram doações de colares e brincos.
Como o “tiro saiu pela culatra”, Arão se viu coagido a forjar uma divindade para supostamente orientar a nação.
Como o “tiro saiu pela culatra”, Arão se viu coagido a forjar uma divindade para supostamente orientar a nação.
Ele tinha plena consciência de que estava errando
miseravelmente como líder, tanto que tentou esconder de Moisés sua participação
ativa na criação da imagem, insinuando que a mesma tinha “saído” do fogo. Outro
detalhe de grande significância, é que ao edificar o altar diante do bezerro,
Arão avisou aos israelitas que na manhã seguinte haveria “FESTA AO SENHOR”,
talvez prevendo que o verdadeiro “DEUS” de alguma forma interviria naquela
situação.
Quando o povo passou a se despir, partindo da idolatria para novas práticas pecaminosas, Arão não coibiu tal atitude, pois que a nação fosse envergonhada diante de seus inimigos, forçando os a uma nova postura (Êxodo 32:25).
Quando o povo passou a se despir, partindo da idolatria para novas práticas pecaminosas, Arão não coibiu tal atitude, pois que a nação fosse envergonhada diante de seus inimigos, forçando os a uma nova postura (Êxodo 32:25).
Aparentemente, a intenção de Arão era permitir o
“erro”, para com isso ensinar ao povo que “erros” tem consequências. O problema
de Arão, é que com esta estratégia, ele errava junto com seu povo. Em
decorrência da posição ocupada, sua falha ficava ainda mais acentuada. Na
ausência do líder, a autoridade presente em Moisés, repousava em Arão e,
portanto, ele tinha a legalidade de coibir as intenções perniciosas de Israel,
e ao mesmo tempo, buscar orientação do Senhor. Ao invés disto, optou por
estratégias débeis e cedeu aos caprichos de um povo sobre o qual tinha
autonomia de decisão.
Por melhor que fossem as intenções, o povo se
enveredou por um caminho tortuoso, oferecendo holocaustos e ofertas pacíficas para
sua nova divindade. Na manhã seguinte, houve muita celebração pelo bezerro de
ouro, onde o povo comeu, bebeu e se fartou. Mas, logo a situação ficou
descontrolada, e a festa se transformou em uma orgia sem precedentes.
Foi neste momento que a ira do Senhor se ascendeu,
e Deus decidiu exterminar aquele povo desobediente. Moisés precisou intervir
com urgência, e enquanto descia da montanha, se encontrou com Josué que o
aguardava ali. O jovem general se reportou ao líder com preocupação:
- Há gritos de guerra no arraial...
Porém, Moisés, previamente avisado pelo Senhor,
respondeu:
- Não é grito de vitória e nem de derrota...
São apenas vozes que cantam.
A resposta dada por Moisés nos revela um dos
aspectos mais significativos do pecado. Começa em festa e termina com morte!
O coração de Moisés pulsava por seu povo. Agora que
ele já tinha plena consciência da grandiosidade de sua missão. Ciente que a ira
do Senhor estava acessa contra o eles, Moisés se colocou corajosamente entre a
fúria de Deus e Israel. O Grande EU SOU tencionava eliminar aquele povo pecaminoso
e reiniciar a “Aliança Abraâmica” a partir de Moisés.
É claro, que antes de ver com seus próprios olhos
todo o mal que proliferava à revelia dentro do arraial, o líder defendeu sua
gente com toda convicção, argumentando que tipo de visão as outras nações
teriam sobre o DEUS de Israel, caso ele promovesse um extermínio de seus
próprios adoradores. O Senhor, deu a Moisés, uma oportunidade de presenciar
in loco a prostituição espiritual dos israelitas. Após testemunhar esta
abominação, até mesmo o homem mais manso da terra se encheu de furor.
Moisés quebrou as tábuas da lei, repreendeu o povo
e sabatinou duramente a Arão. Depois, retornou para a montanha, afim de fazer
expiação pelos israelitas, pedindo a Deus perdão pela grave falha nacional.
O amor de Moisés por sua gente era tão intenso, que ele pôs em cheque a própria salvação, pedindo que seu nome fosse riscado do livro de Deus, caso o
pecado do povo não fosse perdoado. Foi em decorrência desta postura patriarcal
de Moisés que Deus não aniquilou os israelitas, dando uma nova chance para
aquela geração.
Porém, nem mesmo Moisés deixaria passar impune
tamanha afronta, e medidas extremas foram tomadas.
A primeira ação de Moisés diante daquela idolatria
foi exatamente eliminar o objeto do culto pagão, atirando o bezerro de ouro no
fogo. Então, tomou a massa derretida, a esmiuçou até se tornar em pó, que por
sua vez foi aspergido sobre o reservatório de água, do qual os israelitas
saciavam a sede. Assim, o povo “digeriu” na “marra” o resultado de seu erro.
Depois, Moisés se pôs diante da congregação e deu um ultimato ao povo dizendo: - Quem for pelo Senhor, venha até mim!
Depois, Moisés se pôs diante da congregação e deu um ultimato ao povo dizendo: - Quem for pelo Senhor, venha até mim!
Para a surpresa de Moisés, apenas os levitas
(liderados por um arrependido Arão), tomaram posição, e se perfilaram ao seu
lado. Então, Moisés fez com que os homens de Levi, tendo a espada
sobre sua coxa, jurassem fidelidade ao Senhor. Eles assim fizeram, e foram
orientados a entrarem no arraial para matar os adoradores do bezerro,
independentemente de serem amigos ou irmãos.
Os levitas, indo de porta em porta, exterminaram cerca de três mil pessoas, eliminando aquele mal do meio de Israel.
Os levitas, indo de porta em porta, exterminaram cerca de três mil pessoas, eliminando aquele mal do meio de Israel.
Tal atitude fez de Levi uma tribo agradável aos
olhos do Senhor, que mais tarde os separaria para sua própria possessão
(Números 8:14). Apenas após tomar estas medidas disciplinares é que Moisés se
apresentou diante de Deus, clamando por sua misericórdia.
E que lições podemos tirar deste episodio triste e sangrento?
A primeira é que precisamos nos moldar a imagem de Deus, e nunca tentar moldar Deus a nossa imagem. Tem sido assim desde o princípio, e tal mecanismo jamais mudará.
A segunda lição é um pouco mais dura. Mais, do que pedir perdão pelo bezerro fabricado, é necessário se arrepender do mal praticado e extirpar permanentemente a raiz pecaminosa do arraial. Não importando onde a espada precise cortar.
A primeira é que precisamos nos moldar a imagem de Deus, e nunca tentar moldar Deus a nossa imagem. Tem sido assim desde o princípio, e tal mecanismo jamais mudará.
A segunda lição é um pouco mais dura. Mais, do que pedir perdão pelo bezerro fabricado, é necessário se arrepender do mal praticado e extirpar permanentemente a raiz pecaminosa do arraial. Não importando onde a espada precise cortar.
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