Arquivo do blog

sábado, 29 de abril de 2017

Coração de Pedra

Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele,
pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.
(Pitágoras)


Meu grande amigo Emerson Ciacco, se tornou pai alguns anos antes de mim. Um dia, enquanto conversamos sobre os bônus e ônus da paternidade, ele me disse uma frase que guardei com carinho no coração: - Quando você tiver um filho, compreenderá com maior profundidade quem é Deus. Sábias palavras. Meu filho Nicolas, no auge de seus seis anos, é hoje, o meu professor de teologia preferido. Ele me ensina coisas grandiosas sobre Deus. Das mais singelas formas. Como, por exemplo, em seu terceiro dia de aula.

No início deste ano, o Nicolas começou sua vida acadêmica no ensino fundamental. Nos dois primeiros dias de aula, pude entrar com ele nas dependências do colégio e levá-lo até a sala. Mas, no terceiro dia, a escola proibiu a entrada dos pais. Já no portão, senti sua imensa insegurança. Segurou forte em minhas mãos e me disse com voz embargada: - Vou ter que ir sozinho?

E lá foi ele. Confesso que sou um pouco coruja, e exatamente por isso, me camuflei junto ao muro, numa posição estratégica para que o Nicolas não me visse, e fiquei ali, observando seus passos. Era começo de ano letivo. Novos alunos, novas professoras, novos funcionários. Todo mundo ainda estava tentando se “achar”, e no meio daquele emaranhado de pessoas indo e vindo, pude notar como meu filho estava deslocado. Ele olhava para todos os lados, buscando um rosto amigo. Não encontrava ninguém. Dava voltas em torno de si mesmo, tentado encontrar uma direção. Estava perdido. Então, deixou sua mochila no chão, e começou a “esfregar os olhos” com os punhos cerrados. E eu sabia bem o que aquilo significava.

Toda criança chora. Os motivos são variados. Fome, manha, remorso, birra. Estou me versando em todos os tipos de choros infantis. Mas, o Nicolas, quando “esfrega os olhos”, está tentando disfarçar as lágrimas. Um choro que não tem a intenção de ser notado. É um choro íntimo, pessoal. Naquele momento, como pai, pude enxergar além das aparências, e visualizei com clareza o seu coraçãozinho. Tum-tum-tum acelerado. Estava apertado, contrito, quebrantado. Não aguentei. 

- Que a regra me perdoe, mas, vou quebrá-la

Me esgueirei até o portão. De soslaio, deslizei por entre os funcionários, e correndo o risco de ser advertido, caminhei pelo pátio, na direção do meu filho. Ele não me viu chegar, pois lutava bravamente contra as lágrimas. Me aproximei e pus a mão sobre seu ombro. Ele virou. Seu rostinho se iluminou ao me ver. Espontaneamente, me deu um abraço apertado, e só disse uma palavra: - Papai!

Naquele instante, eu é que tive de esfregar os punhos cerrados nos olhos. Segurei sua mãozinha, e o levei até a sua sala de aula, onde ele já sentia seguro. Em troca, recebi um beijo terno e um “eu te amo” de extrema sinceridade.  Enquanto voltava para casa, me peguei meditando no Salmo 34:18:

- Perto está o Senhor dos que tem um coração quebrantado, e salva o espírito abatido.

Numa metáfora simples, entendi que Deus é como um pai no alambrado, observando o primeiro dia de aula dos filhos. Ele não se ausenta, ainda que as regras exijam que mantenha-se afastado. Porém, quando um de seus filhos derrama o coração em quebrantamento, o muro vai ao chão. As portas fechadas se abrem milagrosamente. O Pai desce dos céus para nos abraçar. Deus não resiste a um coração quebrantado.

O profeta Isaías foi enfático em sua mensagem. Entre profecias messiânicas e escatológicas, ele conclamou seu povo a ter um reencontro com Deus:

- Ouçam o que digo. As mãos do Senhor estão estendidas para nós e seus ouvidos estão abertos para ouvir as nossas orações! Mas, infelizmente, nossas iniquidades têm criado uma barreira entre nós e nosso Deus. Os nossos pecados escondem nosso rosto dos seus olhos. E por isso, o Senhor não nos responde! (Isaías 59:1-2)

Deus desejava ardentemente participar da vida diária de seu povo. Ele queria atender suas orações e agir em seu favor sempre que fosse necessário. Porém, Israel o mantinha afastado. A santidade de Deus não pode coexistir com o pecado e a iniquidade. Um ambiente de maldades e transgressões, cerca-se com um alambrado pernicioso que mantem Deus do lado de fora. Não por que Ele deseja estar lá, mas, por que trancamos a porta. E Deus respeita nossas escolhas, mesmo que não concorde com elas.

Isaías aponta as iniquidades que permeiam Israel. As mãos da nação estavam manchadas de sangue e seus dedos pingavam culpas. Seus lábios se moviam em mentiras e a língua se tornara produtoras de murmurações e palavras agressivas. Ninguém se importava com a justiça, e os tribunais se apoiavam em palavras vazias. Maldade destilada. Para o profeta, o resultado desta vida pregressa, estava levando Israel a ruína. Eles chocavam ovos de cobra e se vestiam com teias de aranhas. Se alimentavam de morte e se cobriam em nudez (Isaías 59:3-7).

E qual a posição de Deus diante de tamanha transgressão? Ele continuava do lado de fora do muro, esperando uma oportunidade para entrar: - Fiz uma aliança com este povo, e vou honrá-la até o fim (Isaías 59:21). 

O maior problema com o pecado, é exatamente as mutações que ele provoca em nosso corpo. Enturvece nossos olhos e solidifica o nosso coração.

Não são os nossos pecados que nos afastam de Deus, mas sim, a dureza de nossos corações. E uma coisa, esta intrinsecamente ligada a outra. O pecado é um poderoso catalisador, que acelera o processo de enrijecimento do coração. Nossas iniquidades são emulsificantes, que aos poucos, transformam corações de carne em coração de pedra. E aí temos a crise espiritual. Sem quebrantamento, Deus se mantem afastado.

Deus tem o poder (e o desejo) para perdoar o mais grave dos pecados. Porém, é preciso que o homem busque este perdão. Segundo o texto de Provérbios 28:13-14, o homem pecador que se arrepende de suas iniquidades, confessa e deixa as velhas práticas, alcança misericórdia. Em contrapartida, quem encobre suas transgressões não encontra prosperidade, e o homem que endurece seu coração abraça o mal.

A solução para o pecado é simples. Arrependimento. A dificuldade é se quebrantar diante de Deus, clamando por misericórdia e perdão. E pode ter certeza, quando o coração de pedra se quebra, Deus é atraído para ele, como uma abelha é atraída pela flor.

No Éden, no dia em que o homem sucumbiu à tentação do fruto proibido, imediatamente se escondeu de Deus. Quando o Criador se aproximou do Jardim, sua pergunta não foi “Adão, porque você pecou?”, mas, sim, “Adão, onde você se escondeu?”. Lá estava Deus do lado de fora no muro, observando seus filhos, esperando que quebrantassem seus corações. E eles não fizeram isso. Ao invés de se derramarem em arrependimento, cada um dos envolvidos tentou se esquivar da culpa, jogando a responsabilidade do erro no próprio companheiro. Até Deus foi acusado por Adão: -  Quem mandou o Senhor me dar uma mulher? (Gêneses 3:8-12).

Deus tratou do pecado realizando o sacrífico de um cordeiro. Quanto a dureza do coração, o remédio teve um gosto mais amargo. Adão e Eva foram expulsos do Jardim. 

Este é o ciclo. O pecado endurece nossos corações, e a dureza do coração mantem Deus do lado de fora. A ausência de Deus nos leva a uma vida de pecados e progressivamente o coração vai se tornando em pedra. Um caminho de iniquidades é também um caminho sem rumo definido, mas, com destino certo. Morte. E como o pecado também cega os olhos, o homem sequer consegue enxergar a própria condição. Isaías descreve com precisão este cenário:

Como cego caminhamos apalpando o muro, tateamos como quem não tem olhos. Ao meio-dia tropeçamos como se fosse noite. Entre os fortes, somos como os mortos. Todos nós urramos como urso e gememos como pombas. Procuramos justiça, e nada! Buscamos livramento, mas, está longe! (Isaías 59:10-11)

Que triste realidade. Tatear o muro da iniquidade, sem sequer perceber que Deus está do outro lado, ansioso por um abraço. Infelizmente, corações de pedra também perdem sensibilidade. E não culpe o pecado por esta rigidez emocional. Culpe a você mesmo. 

Davi nunca foi um exemplo de conduta impecável, e ao longo de sua vida, praticou inúmeras perversões. Matou muita gente por motivações políticas e militares. Premeditou o assassinato de um homem honrado e inocente. Cometeu adultério, praticou a poligamia e desobedeceu ordens diretas do Senhor. Provavelmente, a sua ficha criminal no céu está limpíssima, se comparada a de Davi. Porém, o rei belemita tinha um diferencial. Ele nunca deixou que o pecado endurecesse seu coração. Sempre se arrependeu. Sempre de quebrantou. Sempre encontrou misericórdia. É sua uma oração emblemática que deve ser repetida por nós. Todos os dias:

- Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração. Prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno (Salmo 139:23-24).

Davi conhecia a única vulnerabilidade de Deus. Sua atração por corações quebrantados. Nunca entendi plenamente este conceito, até o dia que vi meu filho se quebrantar diante de meus olhos. Agora eu entendo Deus. Sei como Ele se sente quando meu coração é derramado na sua presença. 

Quando dos altos céus, o Senhor enxerga meu coração pequeno e apertado, desprovido de arrogância e auto-suficiência, Ele vem ao meu encontro. E se houver alguma mancha de pecado, meu Pai tem o poder de limpar. A grande verdade, é que infelizmente, nunca deixarei de pecar, enquanto viver. A boa notícia, é que posso impedir que o pecado endureça meu coração. Posso quebrantá-lo e atrair o Todo Poderoso para dentro dele.

 - Porquanto assim afirma o Alto e Sublime, Aquele que vive para sempre, e cujo nome é Santíssimo: Habito no lugar mais majestoso e santo do universo; contudo, estou presente com o contrito e humilde de espírito, a fim de proporcionar um novo ânimo ao quebrantado de coração e um novo alento ao coração arrependido! (Isaías 57:15). 

Deus deseja trocar nosso coração de pedra por um coração de carne (Ezequiel 11:19). E mais do que isso. O Senhor deseja habitar dentro deste novo coração. Para Ele, o coração quebrantado é a uma morada mais agradável que o céu. A grande questão é: - O que estamos esperando?

Reconheça que está perdido. Pare de olhar em direções aleatórias e lembre-se que Deus está do lado de fora do muro. Comece a esfregar os olhos com os punhos cerrados. Deixe as lágrimas amolecerem as escamas que tem te cegado. É neste momento que você poderá contemplar o rosto de Deus sorrindo para você.


Ele derrubou o muro. Ele se sobrepôs as regras. Moveu terra e céu para te abraçar. Aproveite o abraço, e não se conforme com apenas uma caminhada pelo pátio da escola. Convide Deus para morar em seu coração. Se estiver quebrantado, o Senhor não rejeitará o convite.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Pão do Céu

Um pedaço de pão comido em paz é melhor 
do que um banquete comido com ansiedade.
(Esopo)


Todo pregador já passou (ou irá passar) pela experiência de ter uma de suas mensagens renegada pela grande massa. Alguns se afogam em seu próprio esboço. Outros desrespeitam seus ouvintes. Jovens pregadores exageram no entusiasmo. Veteranos, em nome da “experiência”, sucumbem ao marasmo. A reação do auditório não deixa dúvidas. A mensagem não foi bem digerida pela platéia.

Existem, porém, situações bem específicas, onde a audiência não está preparada para assimilar determinada mensagem. Em geral, pastores convivem diariamente com esta realidade. Afinal, sobre seus ombros, recai a responsabilidade de redarguir, corrigir e exortar seus rebanhos. A tarefa não é fácil.

Vivemos em um tempo onde o evangelho se tornou colorido, e a vida cristã é “vendida” como um caminho forrado de algodão, ladeado por flores perfumadas sob um céu azul de brigadeiro. Tudo é licito e tudo convém. Vale tudo. Pois bem. A Bíblia não aceita tal ideologia, e constantemente, homens compromissados com a verdade, são chamados a responsabilidade de transmitir em seus altares uma mensagem genuína, que desagrada ouvidos acostumados a promessas vazias e doutrinas afrouxadas pela apostasia. Estes homens, precisam se posicionar contra a “modinha perniciosa”, que leva meros mortais a se sentirem no direito de “exigir” chuvas de bênçãos sobre suas vidas. Venha a nós o “vosso” Reino, e seja feita a “minha” vontade.  E se opor a este sistema “cristão-mercadológico” é uma tarefa ingrata.

Como homem, Cristo também vivenciou algumas situações muito difíceis em seu ministério, onde foi necessária uma palavra mais agridoce, a fim de confrontar o comportamento popular. Por exemplo, em João 6, após a multiplicação dos pães e peixes, uma multidão passou a seguir Jesus, mas não para alimentar sua alma com as palavras de salvação que saia dos lábios do Mestre. Estavam apenas interessados num desjejum gratuito.

Percebendo esta situação, Jesus realizou um sermão ácido na sinagoga de Cafarnaum, cobrando uma postura mais espiritual de seus seguidores. Cristo revelou o coração de sua platéia, dizendo que não estavam ali não por causa dos milagres ou da mensagem, mas sim, buscando se refestelar de pão.

- Vocês dizem que me seguem por causa de meus sinais? Eu sei, que só estão aqui para se empanturrar de pão. Não busquem apenas o alimento que sacia o corpo, mas sim, aquele que vos manterá alimentado por toda eternidade!

Jesus ensinou a seus discípulos que não tivessem por prioridade trabalhar pela comida que perece, mas, que se dedicassem a buscar o alimento que permanece para a vida eterna, e que só é conseguido através do Filho do Homem. Logo, os seus ouvintes lhe questionaram se o tal “alimento” seria o famoso “maná”, dado por “Moisés” aos seus antepassados.

Muitos são os milagres registrados no Pentateuco, dos quais podemos destacar a presença visível da glória de Deus, os sinais portentosos manifestado contra os inimigos de Israel, a abertura do Mar Vermelho, roupas e sapatos que não envelheciam; a nuvem que proporcionava sombra e frescor durante o dia e se incendiava a noite para produzir luz e calor, água saindo de rocha e banquete de carne em pleno deserto. Mas, nenhum milagre descrito nas escrituras representa melhor o cuidado de Deus com seu povo, do que o envio diário do maná. 

Israel, no deserto, não precisava se preocupar com trabalho ou com plantios. Não havia necessidades de compras cotidianas e nem idas ao mercado. A “despesa” era entregue em domicílio toda manhã. O pão chovia do céu. A palavra “maná”, vem do hebraico "man hû", pode ser entendida como uma exclamação de surpresa, semelhante ao “o que é isto?”, pergunta repetida a exaustão na primeira vez que o alimento celestial foi servido.  

Segundo o rabino Yank Tauber, a provisão diária de Maná, deu ao povo tempo livre para se dedicar a outro tipo de alimentação: A Lei de Deus - “Logo depois que o Maná começou a cair, recebemos a Torá no Monte Sinai. Durante as quatro décadas seguintes atravessamos o deserto, comendo o maná e estudando a Torá. Isso é basicamente tudo que fizemos (quando não havia problemas). O Midrash vê uma conexão direta entre nossa dieta e nossa ocupação, declarando que a Torá podia ser dada somente a comedores de maná".

Partindo deste princípio, podemos dizer que espiritualmente também somos “comedores de maná”, usufruindo da provisão diária do Senhor, o que nos permite empregar tempo e esforços no Reino de Deus. Uma vida dedicada ao Senhor.

Segundo relatado na história israelita, o Maná parecia uma pequena semente redonda, flocosa e branca, que cobria a terra como uma geada. Caía do céu à noite, entremeada com duas camadas de orvalho. Segundo a tradição judaica, ao paladar, ele se assemelhava ao sabor do alimento favorito de quem o provava, embora sejam muito comuns relatos de que seu gosto lembrasse bolachas de mel ou bolo doce de azeite. Na culinária, o Maná tinha diversas aplicações, podendo ser moído, cozido ou assado, dependendo de como seria empregado na “receita”. Também podia ser consumido em natura. 

Uma das características mais impressionantes do Maná, é que ele provia a quantia das necessidades nutricionais da pessoa com tanta precisão, que depois do consumo, o corpo não precisava gerar resíduos, o que contribuía em muito para a o bem-estar sanitário daquela gente. O Maná também era dado em provisão diária, não sendo permitido a estocagem do mesmo, pois quando guardado, se deteriorava em menos de 24 horas (exceção feita na passagem da sexta para o sábado). Assim, ninguém se alimentava de “pão amanhecido”, e a cada dia, uma nova provisão era derramada sobre o arraial, provando o cuidado diário de Deus com o seu povo.

Apesar do Maná ter qualidades e características miraculosas, seu propósito era o sustento diário. Ele não era uma “poção mágica de imortalidade”. Jesus percebeu a distorção gritante que a multidão fazia de suas palavras, e os tratou de corrigir.

- Seus antepassados comeram o Maná no deserto e morrerem. O Maná sustenta a vida, mas, não dá a vida. Aquele era o pão dado por Moisés à seus pais. Deus, agora, deseja lhes dar o verdadeiro “Pão do Céu”, que tem o poder de trazer vida ao mundo inteiro.

Todos ficaram entusiasmado com esta revelação. Seria possível existir um alimento que prolongasse eternamente a duração de uma vida? Imagine as possibilidades. Assistir a ascensão e queda de reinos e impérios. Acumular riquezas e poder. Deter em suas mãos o conhecimento e a ciência do mundo. Embalar em seu colo os tetranetos de seus tetranetos. Todos queriam uma fatia deste "elixir". Então, quase em uníssono, a multidão pediu: 

- Senhor, dá-nos desse pão! 

Como resposta, receberam uma revelação tão intensa, que quase os lançou ao chão desacordados:

- Eu sou o Pão da Vida!

Aquela era uma afirmação densa demais para ser ingerida por uma geração tão apegada a ritos e religiosidade. Os judeus se entreolharam indignados. Seus corações se encheram de fúria contra o nazareno.  Homem arrogante, presunçoso e emproado. Quem ele pensa que é? Mas, apesar de já ter conhecimento do murmúrio silencioso, Jesus continuou a falar com convicção:

- Aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede... Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma lançarei fora!

A murmuração ganhou voz e inflamou o povo, cada vez mais revoltado com a “petulância” do carpinteiro interiorano. Os líderes religiosos de Israel não podiam aceitar que um trabalhador braçal do subúrbio de Nazaré, se autodeclarasse o “pão que veio do céu”. Imediatamente, a popularidade de Jesus foi esmagada pela indignação de religiosos sem visão espiritual. 

E como Jesus reagiu aos olhares reprobatórios ao seu sermão? Ele continuou a falar com ousadia e autoridade.

- Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém comer deste pão, viverá para sempre. E este pão é a minha carne que eu darei pela vida do mundo. Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é a verdadeira bebida.... Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele.... Terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia!

A lei mosaica proibia a ingestão de sangue, e os judeus, não entendendo a espiritualidade daquelas palavras, começaram a dar as costas para Jesus, indignados com tamanha afronta aos preceitos da lei. A incredulidade não os deixou enxergar além das aparências. Um a um, se retiraram da sinagoga, deixando para trás, o autor de nossa salvação. Homens carentes de pão, dando as costas a mais generosa padaria.

Não era a primeira vez que os israelitas rejeitavam um presente fornecido com generosidade pela “padaria celeste”. Muitos séculos antes, ainda no deserto, os hebreus ficaram um tanto enjoados com o chamado "pão do céu", chegando ao cúmulo de o renomear com a alcunha “pão vil”. O cuidado do Senhor estava sendo desdenhado com ingratidão. O deserto é um lugar inóspito, que não se preocupa em cuidar bem dos seus convidados. Mesmo assim, Israel desdenhou do que tinha, desejando o que faltava. Se esqueceu que o deserto não dá, ele apenas retira. Sem o maná, seriam consumidos pela fome, mas, não se envergonharam de desprezá-lo.   

Ainda mais vergonhoso, é saber que muitas vezes, somos exatamente como esta parcela ingrata dos israelitas. Nos acostumamos a provisão de Deus, e na ambição de queremos mais, nos esquecemos que tudo o que temos é o deserto. Sem o cuidado diário de Deus, fatalmente estaríamos entregues ao desespero. Não haveria o que comer, beber ou vestir. Deixamos de ser gratos pelo que temos, e nos tornamos agiotas do que não temos, cobrando de Deus as nossas próprias dívidas. Neste mundo materialista, onde o evangelho tem ganhado contornos de mercado financeiro, é fácil nos esquecermos que o maná é uma benção diária que nos mantem vivos num território de morte.

O maná foi apenas uma amostra da generosidade de Deus ao seu povo. A provisão definitiva estava sendo fornecida em Cristo. E os judeus, mais uma vez estavam rejeitando o pão celeste.

Jesus, voltando-se para seus doze discípulos, perguntou a eles se também gostariam de se retirar. Porém, tomando a frente dos demais, Pedro com os olhos marejados pela emoção, lhe respondeu:

- Senhor, para onde nos iriamos agora? Só tú tens as palavras de vida eterna...

Ainda hoje, Jesus continua nos convidando a tomar parte deste banquete, onde o maná nos é fornecido diariamente, em forma de provisão e cuidados minimalistas. E o “Pão da Vida” nos é entregue em abundância, no agora e na eternidade. Jesus é este pão. Ele foi preparado nos céus, sovado na terra, assado na cruz e servido na Glória. Aprecie sem moderação.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Entrega em Domicílio

Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos.
(Orson Welles)


Pedras, musgos e fome. Estes eram os itens disponíveis nas prateleiras de Adulão. Aquele não era um lugar adequado para o futuro rei de Israel. Mesmo assim, Davi não se importava. Ele só precisava descansar um pouco. Talvez, ali, numa região inóspita e desprezada, encontrasse um pouco de paz e conforto para os pés cansados.

Davi teve uma ascensão meteórica. Depois que Samuel profeticamente o ungiu rei, o jovem pastor se tornou um habilidoso guerreiro campal, enfrentando e vencendo ursos e leões. Também foi convidado para ocupar o cargo de músico oficial do palácio. Durante a guerra contra os filisteus, se tornou um herói nacional ao vencer o duelo contra o temível Golias. Casou com a princesa Mical e se tornou o melhor amigo do príncipe Jonatas. Aclamado pelo povo, Davi acumulou altas patentes e conquistou inúmeras vitória contra inimigos poderosos. Tudo ia bem.

Porém, tamanho sucesso, despertou a inveja de Saul. O apático rei israelita pressentia que seu reinado estava ameaçado pelo belemita. Era preciso eliminar Davi. Os próximos meses foram marcados por diversas tentativas de assassinato. Algumas veladas, outras explícitas. Contando com a proteção de Deus, e a ajuda de alguns aliados, Davi conseguiu escapar de cada uma delas. Mas, o cerco estava se fechando.

Quando Saul enviou um grupo de assassinos para matar Davi na calada da noite, Mical o ajudou a fugir pela janela. Escondido em Ramá, ele esperava por boas notícias afim de voltar para casa. Isto não aconteceu.

Saul usou de um artifício político e declarou Davi inimigo do estado. E com isso, conseguiu a legalidade necessária para enviar o poderoso exército de Israel numa caçada insana ao fugitivo. Em desespero, Davi buscou ajuda em Nobe, o refúgio dos sacerdotes. Em retaliação, Saul ordenou que todos os moradores daquela cidade fossem assassinados.

Davi compreendeu a gravidade da situação. A fúria de Saul era tão avassaladora, que atingiria mortalmente qualquer pessoa que tentasse lhe ajudar. Assim, preocupado com a segurança de seus familiares, ele não pode ir a Belém. Para preservar a vida de Samuel, Davi precisava se manter distante de Ramá. Sobrava Gate.

Neste tempo, Gate era a principal base militar dos filisteus. Talvez, estar entre os inimigos de Saul fosse o lugar mais seguro no momento. O tiro saiu pela culatra. É verdade que os moradores daquela cidade odiavam a Saul, porém, tinham maior aversão a Davi. O rei de Israel sempre foi um inimigo perigoso, porém, era Davi quem matava seus guerreiros mais importantes. Foi Davi que dizimou centenas de soldados filisteus só para usar seus prepúcios como dotes de casamento. As canções populares diziam: - “Saul matou mil... Davi, dez mil”. E os mortos, quase sempre eram velados naquela cidade.

Saul usou a fúria dos filisteus a seu favor. Aquis, o rei da cidade, ordenou que o belemita fosse encontrado e capturado. Davi, só não morreu em Gate, porque Deus interveio ao seu favor, lhe dando uma estratégia extravagante de fuga, que incluía bater a cabeça em paredes e babar como um louco (I Samuel 21-12-15).

E agora? Para onde ir? Davi era uma ameaça para qualquer cidade. E em qualquer cidade estava ameaçado. A única opção que lhe sobrava, era ir aonde nenhum israelita desejava estar. Adulão.

Aquela era uma cidade para expatriados. Uma terra sem lei, habitada por homens rejeitados, excluídos e incriminados. Uma prisão sem guardas. Mas, nem mesmo ali, Davi teria uma casa para morar. Ele se refugiou em uma caverna. Pedras, musgo e fome. Davi tinha apenas as roupas do corpo para se proteger da umidade. Sua única arma era a espada de Golias, a qual ele retirou de Nobe. Uma arma que não o favorecia em combate, já que era desproporcional a sua envergadura.

Frio e vulnerabilidade. A solidão que incomodava, era também seu maior consolo. Afinal, lá fora, havia um exército a sua procura, onde cada soldado tinha autonomia para o matar.

E é neste lugar de tristeza e desprezo, com o corpo flagelado pelo frio e o estômago retorcido pela fome, que Davi compõem um dos hinos mais belos de todos os tempos:

O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta.
Em verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas tranquilas;
restaura-me o vigor.
Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.
Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, 
não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; 
a tua vara e o teu cajado me protegem.
Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos. 
Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo, 
e fazendo transbordar o meu cálice.
Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, 
e voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver.

Ah! Davi! Que lição grandiosa você nos dá. Para ele, o Deus que o ungiu em Belém, e que guiou a pedra contra a testa do gigante, ainda velava por sua vida, mesmo dentro daquela insólita caverna. Davi sabia que um ciclo de infortúnios não anulava as promessas de Deus. Ele seria rei, mesmo que seu trono se estabelecesse em Adulão. A fidelidade do Senhor o tiraria da sarjeta, e o poria assentado na cabeceira de uma mesa.

Conta-se que numa cidade do interior, a prefeitura construiu uma praça chamada “Salmo 23”. Na inauguração, convidaram um artista renomado, nascido naquela terra, para que ele lesse o salmo em questão. Sua interpretação do texto foi estupenda. Todos aplaudiram com entusiasmo a brilhante performance, que deu vida para cada palavra. Um morador da cidade, foi escolhido para realizar a mesma leitura, representando o povo. Era o pastor da única igreja evangélica da região. Ele abriu sua Bíblia, e repetiu as palavras de Davi. 

Quando terminou a leitura, não houve aplausos. Inexplicavelmente, as pessoas choravam. No dia seguinte, o prefeito convocou o pastor para uma audiência privada. Ele queria entender o fenômeno capaz de transformar aplausos eufóricos em lágrimas emocionadas. Em sua simplicidade, o pastor só encontrou uma explicação:

- Tem muita diferença entre conhecer o “salmo do pastor”, e conviver com o “Pastor do Salmo”.

Ao escrever o Salmo 23, Davi não estava profetizando sobre os cuidados futuros do Senhor, mas, sim, celebrando a provisão divina sobre sua vida até ali. Um bom exercício para os dias de trevas, é tentar relembrar todas as vezes que Deus nos deixou no escuro. É nesta hora, que certamente seremos iluminados por luzes radiantes. Quem preserva sua memória, jamais despreza a fé.

Jeremias testemunhou a tragédia varrer Jerusalém. Os caldeus deportaram seus nobres, mataram seus soldados, queimaram a cidade, destruíram o templo e fenderam os muros. Apenas os pobres e doentes foram deixados para traz, padecendo de fome e frio. Entre eles, estava o profeta. Sentado sobre cinzas e escombros, ele lamenta o destino de sua gente. Mas, não permite que a fé seja vencida pela desesperança. Ele busca consolo em suas lembranças:

Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança: - “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade! ” Digo a mim mesmo: -  A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança. (Lamentações 3:19-24)

Jeremias se lembrou da misericórdia do Senhor, e renovou suas esperanças. Davi não se esqueceu da promessa e obteve forças para perseverar. Evocando uma peça teatral, podemos dizer que Jeremias e Davi tinham plena confiança que o “cenário” não interfere no “texto” que Deus escreveu.

Para Deus, Jerusalém e Adulão são meras nomenclaturas. A distância geográfica é uma dificuldade real para o homem. Porém, se torna obsoleta, quando nos lembramos que nosso Deus tem um impecável serviço de entregas a delivery. Para ser rei, Davi precisaria de um “séquito real”, formado por um exército com seu general, um profeta como conselheiro e um sacerdote para sacrificar ao Senhor. Em Jerusalém, haviam diversos postulantes para cada posto. Na caverna, Davi estava sozinho, e, portanto, não tinha possibilidades de construir as bases de um reinado. Ou teria?

Certa vez, Jeremias estava cheio de dúvidas quanto a seu próprio ministério. Então, recebeu uma intimação do céu: - Clama a mim e eu vou te responder. Vou te contar detalhes grandiosos dos meus planos, os quais você ainda não consegue entender. Quando era criança, aprendi com a queridíssima “tia Jessi”, minha primeira professora de EBD, que Jeremias 33:3 é o telefone do céu. Quando leio a história de Davi na caverna, percebo que o atendente faz questão de mandar a encomenda no domicílio de quem faz o pedido.

Quando os familiares de Davi souberam que estava em Adulão, vieram de Belém, e se juntaram a ele. Os primeiros soldados tinham se alistado.  E não parou por aí. Segundo o texto de I Samuel 22:2, também se aliaram ao belemita, todos os homens em dificuldade financeira, os desprezados pela sociedade e os marginalizados pela vida. Mesmo em Adulão, Davi se tornou o líder de quatrocentos soldados, dispostos a lutar e morrer por ele. Deus tinha lhe enviado um exército via SEDEX. Um plantel corajoso, dedicado e "completo", afinal, seu sobrinho Joabe logo se tornou o braço direito de Davi para questões militares. O futuro rei tinha encontrado seu general.

Entre os refugiados de Adulão estava Abiatar. Este jovem levita havia escapado da chacina em Nobe, onde viu seu pai, Aimeleque ser assassinado pelo exército de Saul. Deus havia entregado na porta da caverna, um sacerdote para interceder por Davi e seus guerreiros.

O exército de Davi passou os anos seguintes buscando uma cidade para se estabelecer definitivamente, protegendo povoados e guerreando contra inimigos poderosos. Após a morte de Saul, Davi foi declarado rei de Judá, e precisou esperar mais sete anos, antes de reinar sobre todo Israel. Neste tempo, Samuel já estava morto, e Deus levantou Natã como profeta, para aconselhar e exortar o novo rei. O séquito real estava completo antes mesmo de Davi assumir o trono. O Senhor tinha sido fiel em suas promessas.

Quanto aos homens em dificuldade, endividados e descontentes de I Samuel 22:2, basta dizer que se tornaram heróis nacionais. Davi é lembrando como o maior rei da história de Israel, o homem que unificou o reino e prosperou a nação. Este sucesso só foi possível porque Davi temia ao Senhor, e se cercava de pessoas leais, admiráveis e capacitadas. Basicamente, os mesmos que lhe juraram lealdade em Adulão. Seus nomes foram honrados e perpetrados em II Samuel 23;8-39, numa honorável galeria conhecida como “OS VALENTES DE DAVI”. Um exército valoroso forjado na caverna da provação.

Adulão não tem a capacidade de neutralizar o poder de uma unção. O bom pastor tinha transformado o vale da sombra da morte em pastos verdejantes com fontes de águas cristalinas. Quem conhece seu pastor, assim Davi conhecia, usa a caverna como quarto de hospede, antes de caminhar longas distâncias por campos floridos. E nunca, fará esta caminhada sozinho. O bom pastor lhe guiará!

sábado, 22 de abril de 2017

O Bezerro Dourado

Os humanos são dados a idolatria, a começar pelo espelho.
(Alvaro Granha Loregian)


Inegavelmente, Arão é um dos mais influentes personagens do Velho Testamento. Braço direito de Moisés, esteve lado a lado com seu irmão na dura cruzada contra Faraó. Era muito respeitado entre os anciãos de Israel (inicialmente, até mais que o próprio Moisés), sendo, portanto, um grande formador de opinião.

Podemos dizer que Arão era um excelente auxiliar. Pró-ativo, eficiente e generoso para estender a mão. Juntamente com Hur, manteve os braços de Moisés erguidos durante a batalha contra os amalequitas (Êxodo 17:12). Em Números 17, encontramos o relato de como Deus o escolheu para ser o primeiro “Sumo Sacerdote” de Israel, sendo o pai da linhagem sacerdotal que se manteve ativa por mais de 1.500 anos.

Arão era um homem notável e cheio de virtudes. Mas, tinha uma falha de caráter que o desabonava como líder. Era influenciável. Números 12 relata como ele se deixou influenciar por sua irmã Miriã na sedição contra a liderança de Moisés. Já em Êxodo 12, nos deparamos com Arão tendo que se posicionar diante do povo. Ao invés de refrear o ímpeto pecaminoso de sua gente, ele acabou optando pelo caminho mais fácil de ceder a voz da maioria. Vamos aos fatos.

Israel debutava seus primeiros dias de liberdade quando acampou na península do Sinal. A jovem nação havia passado os últimos quatro séculos sob a égide dos faraós, o que os tornou num povo submisso e posteriormente escravizado. Seguiam leis ditadas, e cronometravam seus dias de acordo com os desígnios de seus maiorais. Agora, sem um senhorio para lhes dizer o que fazer, Israel dependia completamente da orientação de Moisés, pois sobre eles, ainda não existia uma constituição oficializada.

O único parâmetro para manter a “ordem” nacional na ausência de seu líder, era a tradição oral passada de pai para filho, e que em decorrência da passagem do tempo, se encontrava gasta e fragilizada. Foram muitos anos de convivência com hicsos e egípcios, observando seus ritos, convivendo com culturas distintas e se simpatizando com as práticas destes povos. Assim, Israel ainda estava intoxicado com paganismo, saudosos de algumas comodidades que o deserto retirou deles. Podemos dizer que ISRAEL havia saído do EGITO, mas o EGITO, ainda não tinha saído de Israel.

Deus estava ciente desta realidade, e rapidamente tratou de intervir. Convocou Moisés para uma “reunião” no alto da montanha, onde revelou todos os preceitos de sua lei, e explanou minuciosamente os tópicos normativos e regulamentadores para as mais diversas facetas da vida espiritual e social dos israelitas.

Os primeiros pontos desta lei tratavam exatamente da relação de Deus para com seu povo, e definia a mais importante questão a ser respeitada pela nação: 

EU SOU o SENHOR teu DEUS que vos livrou da escravidão... Não terás outros deuses diante de mim, não farás imagem de escultura para adora-las e não tomarás o meu nome em vão! 

Porém, antes mesmo que esta legislação começasse a vigorar, Israel contrariou irremediavelmente a vontade do Senhor, deixando-se dominar por seus próprios instintos e retrocedendo espiritualmente ao nível dos egípcios.

Moisés já estava na montanha à quarenta dias quando os israelitas concluíram que seu líder havia morrido, e sua morte anulava as possibilidades de comunicação com o “Deus” que não se podia ver. Recorreram ao segundo em comando, afim de que ele tomasse alguma atitude para acalmar o povo que começava a se amotinar. Na visão de alguns dos principais da congregação, era necessário que um “deus” fosse introduzido no acampamento, afim de guiar os israelitas pelo restante do caminho.

Arão tomou uma medida controversa. Pediu aos israelitas que doassem seus pendentes e brincos de ouro como matéria prima, e após derreter o material aurifico no fogo, fazendo uso de um buril, forjou um bezerro dourado.

Ao ver aquela imagem, muitos israelitas puseram-se a declarar que aquele sim, era o “deus” que os tinha libertado da escravidão. Muito provavelmente, ao tentar “forjar um deus” a sua própria imagem, os israelitas foram influenciados pelas referências pagãs de Ápis (um deus com aspectos de touro) e Hathor (deusa com aspecto de vaca).

Ao presenciar a bizarra cena, Arão edificou um altar diante da imagem, e clamou ao povo: - “Amanhã será festa ao Senhor. ”

Muitos estudiosos acreditam que Arão, originalmente, não tinha intenção de dar aos israelitas um “deus” tangível. Assim, o fato dele ter requisitado ouro como matéria prima, seria uma tentativa de “inviabilizar” aquele projeto em decorrência do alto “custo”. Mas, a obstinação do povo suplantou a preocupação com o orçamento doméstico, e do meio da congregação brotaram doações de colares e brincos. 

Como o “tiro saiu pela culatra”, Arão se viu coagido a forjar uma divindade para supostamente orientar a nação.

Ele tinha plena consciência de que estava errando miseravelmente como líder, tanto que tentou esconder de Moisés sua participação ativa na criação da imagem, insinuando que a mesma tinha “saído” do fogo. Outro detalhe de grande significância, é que ao edificar o altar diante do bezerro, Arão avisou aos israelitas que na manhã seguinte haveria “FESTA AO SENHOR”, talvez prevendo que o verdadeiro “DEUS” de alguma forma interviria naquela situação. 

Quando o povo passou a se despir, partindo da idolatria para novas práticas pecaminosas, Arão não coibiu tal atitude, pois que a nação fosse envergonhada diante de seus inimigos, forçando os a uma nova postura (Êxodo 32:25).

Aparentemente, a intenção de Arão era permitir o “erro”, para com isso ensinar ao povo que “erros” tem consequências. O problema de Arão, é que com esta estratégia, ele errava junto com seu povo. Em decorrência da posição ocupada, sua falha ficava ainda mais acentuada. Na ausência do líder, a autoridade presente em Moisés, repousava em Arão e, portanto, ele tinha a legalidade de coibir as intenções perniciosas de Israel, e ao mesmo tempo, buscar orientação do Senhor. Ao invés disto, optou por estratégias débeis e cedeu aos caprichos de um povo sobre o qual tinha autonomia de decisão.

Por melhor que fossem as intenções, o povo se enveredou por um caminho tortuoso, oferecendo holocaustos e ofertas pacíficas para sua nova divindade. Na manhã seguinte, houve muita celebração pelo bezerro de ouro, onde o povo comeu, bebeu e se fartou. Mas, logo a situação ficou descontrolada, e a festa se transformou em uma orgia sem precedentes.

Foi neste momento que a ira do Senhor se ascendeu, e Deus decidiu exterminar aquele povo desobediente. Moisés precisou intervir com urgência, e enquanto descia da montanha, se encontrou com Josué que o aguardava ali. O jovem general se reportou ao líder com preocupação:

Há gritos de guerra no arraial... 

Porém, Moisés, previamente avisado pelo Senhor, respondeu:  

Não é grito de vitória e nem de derrota... São apenas vozes que cantam.

A resposta dada por Moisés nos revela um dos aspectos mais significativos do pecado. Começa em festa e termina com morte!

O coração de Moisés pulsava por seu povo. Agora que ele já tinha plena consciência da grandiosidade de sua missão. Ciente que a ira do Senhor estava acessa contra o eles, Moisés se colocou corajosamente entre a fúria de Deus e Israel. O Grande EU SOU tencionava eliminar aquele povo pecaminoso e reiniciar a “Aliança Abraâmica” a partir de Moisés. 

É claro, que antes de ver com seus próprios olhos todo o mal que proliferava à revelia dentro do arraial, o líder defendeu sua gente com toda convicção, argumentando que tipo de visão as outras nações teriam sobre o DEUS de Israel, caso ele promovesse um extermínio de seus próprios adoradores. O Senhor, deu a Moisés, uma oportunidade de presenciar in loco a prostituição espiritual dos israelitas. Após testemunhar esta abominação, até mesmo o homem mais manso da terra se encheu de furor.

Moisés quebrou as tábuas da lei, repreendeu o povo e sabatinou duramente a Arão. Depois, retornou para a montanha, afim de fazer expiação pelos israelitas, pedindo a Deus perdão pela grave falha nacional. O amor de Moisés por sua gente era tão intenso, que ele pôs em cheque a própria salvação, pedindo que seu nome fosse riscado do livro de Deus, caso o pecado do povo não fosse perdoado. Foi em decorrência desta postura patriarcal de Moisés que Deus não aniquilou os israelitas, dando uma nova chance para aquela geração.

Porém, nem mesmo Moisés deixaria passar impune tamanha afronta, e medidas extremas foram tomadas.

A primeira ação de Moisés diante daquela idolatria foi exatamente eliminar o objeto do culto pagão, atirando o bezerro de ouro no fogo. Então, tomou a massa derretida, a esmiuçou até se tornar em pó, que por sua vez foi aspergido sobre o reservatório de água, do qual os israelitas saciavam a sede. Assim, o povo “digeriu” na “marra” o resultado de seu erro. 

Depois, Moisés se pôs diante da congregação e deu um ultimato ao povo dizendo: - Quem for pelo Senhor, venha até mim! 

Para a surpresa de Moisés, apenas os levitas (liderados por um arrependido Arão), tomaram posição, e se perfilaram ao seu lado.  Então, Moisés fez com que os homens de Levi, tendo a espada sobre sua coxa, jurassem fidelidade ao Senhor. Eles assim fizeram, e foram orientados a entrarem no arraial para matar os adoradores do bezerro, independentemente de serem amigos ou irmãos. 

Os levitas, indo de porta em porta, exterminaram cerca de três mil pessoas, eliminando aquele mal do meio de Israel.

Tal atitude fez de Levi uma tribo agradável aos olhos do Senhor, que mais tarde os separaria para sua própria possessão (Números 8:14). Apenas após tomar estas medidas disciplinares é que Moisés se apresentou diante de Deus, clamando por sua misericórdia. 

E que lições podemos tirar deste episodio triste e sangrento?  

A primeira é que precisamos nos moldar a imagem de Deus, e nunca tentar moldar Deus a nossa imagem. Tem sido assim desde o princípio, e tal mecanismo jamais mudará. 

A segunda lição é um pouco mais dura. Mais, do que pedir perdão pelo bezerro fabricado, é necessário se arrepender do mal praticado e extirpar permanentemente a raiz pecaminosa do arraial. Não importando onde a espada precise cortar.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Boas Notícias

Prefiro ofendê-los com a verdade do que matá-los com a mentira.
(John Huss)


A campainha da sua casa toca. Você atende a porta e um anjo resplandescente se apresenta: - Meu nome é Rafael Miguel Gabriel Uriel... dos Santos. Ele é extremamente educado, e por isso, optou pelo hall de entrada. Sua voz é doce e acalentadora. Obviamente, você desconfia. Se lembra do texto de II Coríntios 11:14: - Pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. O ser angelical percebe sua insegurança. Então, ele apresenta o seu crachá. 

Você confere. Tudo está OK. 

O documento foi expedido pelo RH do céu. O anjo lhe fala sobre Deus e as maravilhas do Paraíso. Não há dúvidas. Você está plenamente convencido que aquele é um legítimo anjo de Deus.

Você estende o tapete de boas vinda. O anjo entra em sua casa e senta-se no sofá da sala. As horas voam ligeiras, embaladas por histórias maravilhosas. O anjo te conta como foi tentado por Lúcifer, mas, se manteve leal ao Criador. Fala sobre a criação do homem, e como os anjos ficaram admirados com aquela criatura tão peculiar. Ele se emociona ao contar sobre o dia em que os céus choraram a morte do Verbo. Entre histórias do passado e revelações do futuro, ele se mostra especialmente empolgado ao descrever os preparativos para as Bodas do Cordeiro. A mesa de ouro. As toalhas de linho branco. O vinho feito com vinhos cultivados a margem do Rio da Vida...

Já está escurecendo quando o anjo se levanta para ir embora. Porém, antes de chegar a porta, ele se lembra do real motivo da vista. A conversa tinha sido tão boa, que a memória tinha lhe pregado uma peça. O anjo olha para você e lhe diz: 

- Por gentileza, traga sua Bíblia para mim. Preciso fazer algumas mudanças nela. 

Surpresa total. Modificar a Bíblia?

Nesta situação hipotética, o que você faria?

a)    Deixaria que o anjo modificasse sua Bíblia.
b)    Expulsaria o anjo de sua casa.

Escrevendo aos Gálatas, o apóstolo Paulo nos dá uma resposta categórica e definitiva para esta questão:

Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! (Gálatas 1:8)

Simples assim. Ninguém tem autonomia para modificar as Sagradas Escrituras. Se um apóstolo lhe apresentar um evangelho diferente do que foi ensinado, que ele seja maldito. Se um anjo de luz alterar o sentido da palavra já revelada, que ele seja maldito. Só existe um evangelho. Só existe uma verdade.

A palavra “EVANGELHO” significa literalmente “Boa Notícia” ou “Boas Novas”. Porém, mais do que trazer alegria e esperança, esta “novidade” vinda diretamente dos céus traz para a vida do ser humano uma verdadeira “transformação”. Não uma mudança superficial ou mera adaptação a um estilo religioso de vida, mas sim, uma guinada de 180º que começa no interior do coração humano e se expande progressivamente por sua alma, espírito e corpo, até levar o indivíduo ao padrão de homem perfeito, estabelecido e personificado em Cristo. 

Esse é um processo longo e contínuo que só será completado quando o nosso corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, no exato momento que encontrarmos o Senhor nos ares. Mas, até lá, cabe a cada um de nós, se entregar sem reservas a esta “transformação” espiritual que o Evangelho de Jesus Cristo tem o poder de efetuar. E toda a Bíblia testifica sobre esta verdade. Ela é o manual que nos guia neste processo de renovação.

Certa vez, o presidente americano Abraham Lincoln declarou: - Estou ultimamente ocupado em ler a Bíblia. Tirai o que puderes deste livro pelo raciocínio e o resto pela fé, e, vivereis e morrereis um homem melhor. A grande verdade é que ninguém consegue se manter impassível diante da Bíblia, e este é de fato, o único livro capaz de mudar o destino de um homem. No agora e na eternidade.

A Bíblia, é na verdade, uma compilação de livros (como se fosse uma mini biblioteca), escrita ao longo de 1.600 anos por mais de 40 autores diferentes. Sua versão “protestante” contém 66 livros, sendo 39 no Velho Testamento e 27 no Novo Testamento. Eles estão divididos em 1.189 capítulos e 31.103 versículos (este número pode chegar a 31.171 dependendo da versão). Um livro imortal escrito por mortais.

Aqueles que se opõem ao conceito de que a Bíblia seja um livro sagrado, apresentam como principal argumento o fato dela ter sido escrita e compilada por homens, e isto de fato, é verdade.

O Velho Testamento, por exemplo, possui em sua vasta lista de autores nomes como Moisés, Salomão, Jeremias e Esdras, sendo estes livros catalogados, compilados e reconhecidos pelos mais eruditos rabinos judeus. Somente em 250 d.C., é que houve um consenso sobre quais livros comporiam o cânon vecchio testamentário. 

No caso do Novo Testamento, nomes como Paulo, Lucas, João, Pedro, Mateus e Tiago figuram entre os principais escritores, sendo que foram os chamados “pais da igreja”, tais como Clemente, Policarpo e Irineu, alguns dos responsáveis pela catalogação dos evangelhos e epístolas, sendo a mesma finalizada apenas em 397 d.C.

Para um livro estar no cânone sagrado foram observados alguns preceitos bem criteriosos. No caso do Velho Testamento, foi considerado se o livro fazia parte do cânon hebraico, se ele foi citado por Jesus ou seus discípulos e se seus ensinamentos não contradiziam outros livros. Foi exatamente estes critérios que separaram o que hoje consideramos “sagrados” dos chamados “livros apócrifos”, que embora tenham valor histórico inquestionável, não são considerados divinamente “inspirados”.

Para o Novo Testamento os critérios foram ainda mais exigentes. O autor precisaria ser um apóstolo ou ter tido ligação direta com um deles. O livro deveria tem aceitação unânime pelo Corpo de Cristo. O conteúdo obrigatoriamente deveria ser de consistência doutrinária e ensino ortodoxo. O livro teria que conter provas de alta moral e valores espirituais que refletissem a obra do Espírito Santo.

Nenhum livro passaria por este crivo se não fosse inspirado pelo próprio Deus. Foi exatamente Ele, que se encarregou não apenas de “inspirar” os autores, como também “direcionar” os compiladores nas escolhas corretas de quais livros deveriam compor as Escrituras, tornando a Bíblia em nossa única regra de fé, sendo que os ensinamentos nela contidos, são as bases do genuíno cristianismo.

Em nenhum momento, porém, a Bíblia se impõe sobre o homem, exigindo dele uma fé cega e atitudes inconsequentes. Muito pelo contrário, a própria Bíblia se coloca na posição de ser verificada, testada, analisada, meditada, conferida e interpretada. Somente após esmiuçar a Palavra, e deixá-la fluir voluntariamente aos recônditos do coração, é que o homem poderá finalmente entender as palavras de Paulo em II Timóteo 3:16

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.

No Velho Testamento, Deus se revelava aos homens através de seus profetas. Estas mensagens foram registradas e compiladas, sendo a base do texto vecchio testamentário. Nos primórdios do cristianismo, os apóstolos de Jesus foram os responsáveis por divulgar os ensinamentos de Cristo, e por inspiração do Espírito Santo, estabelecer as diretrizes da igreja cristã. Assim nasceu o Novo Testamento. Com o amém do Apocalipse, toda a autoridade que residia sobre profetas e apóstolos, passou a residir apenas na Palavra de Deus. A Bíblia se tornou nossa única regra de fé. Ninguém pode inventar novas doutrinas. Ninguém pode remover ou remodelar qualquer ensinamento. Há uma advertência severa quanto isso no próprio texto sagrado:

- Declaro a todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: se alguém lhe acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro. Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste livro (Apocalipse 22:18,19).

Hoje, Deus se revela ao homem através de sua palavra. Tudo está lá. Absolutamente tudo. O que falta a nossa geração, é o desejo de conhecer e prosseguir conhecendo a Bíblia e sua riqueza espiritual. Muitos crentes são como filhotes de pássaro, se alimentando de comida regorjeada. Engolem o que outros mastigaram. Exatamente por isso, estão hipnotizados. São levados por ventos de doutrina. Acreditam em mentiras. Se guiam por heresias. Ao invés de seguir a Cristo, seguem a homens deturpadores do evangelho. Estão presos numa fábula cristã.

O antídoto para este veneno? A Bíblia. A liberdade desta prisão? A Bíblia. O gene desencadeador de uma mudança de dentro para fora? A Bíblia. Esta transformação começa pela liberdade de todas as amarras que nos prendem ao passado pecaminoso, ou então ao legalismo que nos veste com trajes de religiosidade enquanto nossas intenções estão distantes dos desígnios de Deus.

E esta liberdade nasce do conhecimento – “Conhecereis a VERDADE e a VERDADE vós libertará” (João 8:32). Jesus é esta verdade libertadora, e portanto é inadmissível que o cristão continue amarrado em traumas e pendências pretéritas. Quando o homem tem um encontro real com o Salvador, uma mudança genuína acontece, pois o sangue de Cristo suplanta toda maldição e o amor que abunda na cruz, lança fora todo o medo. Jesus é poderoso o suficiente para arrebentar cordas e destruir grilhões e fará isso na vida de qualquer pessoa que realmente o receba como o Messias. Ele apaga nosso passado e nos orienta rumo a um futuro glorioso.

O problema de grande parte da cristandade é exatamente viver um Evangelho superficial, onde muito se fala, mas pouco se vive. Jesus está presente nas falas, mas omitido nas ações. É muito sermão e pouca experiência. Fachada sem comprometimento. Jesus quer promover mudanças, mas muitas pessoas estão conformadas com suas vidinhas medíocres e acomodadas em sua redoma legalista, pouco propensas para viver uma transformação verdadeira.  E esta é a grande questão: Queremos viver o Evangelho em sua plenitude ou continuar na mediocridade de uma religião vazia com um cristo genérico?

Para ser livre, é preciso encontrar a Verdade, e isto basicamente significa viver uma experiência pessoal e verdadeira com Jesus. Não “aceitar” Jesus de forma ritualista como é tão usual hoje em dia, mas sim “entregar-se” completamente à Jesus, permitindo que ele seja o Senhor absoluto de sua vida. Andar com Ele. Pensar como Ele. Ser como Ele.

Este tipo de desenvolvimento só é possível se pautado ponto a ponto no manual de instrução que verbaliza o passo a passo de uma vida cristocêntrica: A Bíblia. É nela que Jesus se revela e se torna um modelo de como cada cristão precisa agir e pensar.

Renegar a Bíblia é como rejeitar o próprio Cristo, e “abandonar” as escrituras em um canto da estante é “exilar” Jesus no limbo de nosso coração. 

Que possamos voltar ao Evangelho puro e simples que Jesus nos ensinou, onde o amor é o maior mandamento e corações limpos são cartões de visita para o trono de Deus. Onde os valores são medidos pela voluntariedade e não por cifras monetárias. Onde o que somos testifica do Evangelho e não apenas o que temos. Um Evangelho onde Cristo seja o centro e homens sejam apenas servos. Um Evangelho onde a Bíblia seja amada, lida e meditada com fervor e paixão, e não garimpada descompromissadamente, apenas em busca de argumentos que justifiquem as motivações libidinosas de homens que se comprometem apenas com o próprio ego.

Quer ser livre? Leia a Bíblia e encontre o Jesus que nela está. O encontrou? Permita que Ele seja o centro de sua vida. Jamais baseia sua fé apenas no que é dito por homens. Confira em loco o que Jesus tem a dizer sobre cada tema. Seus discursos, ensinamentos e ações estão explicitados nas escrituras, e a liberdade virá quando você tiver a capacidade de assimilar cada uma dessas linhas, e interpreta-las com imparcialidade e comprometimento pessoal. 

Seja transformado pelo poder da Palavra. Seja liberto pelo poder de Jesus. Viva de boas (e transformadoras) notícias.