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sábado, 25 de fevereiro de 2017

A história de uma semente

A neve e as tempestades matam as flores, mas nada podem contra as sementes.
(Khalil Gibran)


Dentro do alforje, ela não passava de mais uma semente entre centenas de iguais. Não havia perspectivas e nem planejamentos. Estava fadada a passar dias a fio naquele recipiente escuro, abarrotada por outras centenas de sementes, tão desprovidas de propósito quanto ela mesma. Mas então, de repente, uma luz irrompeu na escuridão, e a mão do semeador abarcou uma boa porção. No imbróglio, a sementinha foi apenas mais uma a ser violentamente raptada de seu confortável habitat temporário.

Em outra época, ela havia desfrutado do aconchego de um doce fruto, da qual também foi extirpada por mãos humanas. Dali, foi levada ao sol por um tempo , e depois, encontrou novo refúgio naquela embalagem escura, porém acalentadora. O que seria dela agora?

As mãos que a arrebataram, foram as mesmas que dispersaram todas as sementes pelo chão, fazendo cada uma delas cair em uma cova profunda e escura (seja empático com a sementinha, ok!). Ali, pela primeira vez em toda a sua existência, ela estava sozinha. Pouco a pouco, foi sendo soterrada por uma montanha de terra. O peso do solo era esmagador contra sua casca. A pobre semente foi sufocada. Sua única opção era se conformar com o insólito destino, e ali, faminta, sedenta e solitária, esperar o fim chegar.

Então, tudo escureceu, e a pobre sementinha sucumbiu a desesperança. Ela pareceu morrer. Mas, sementes não morrem. Elas se transformam!

Quando despertou de seu sonho mórbido, a semente percebeu que já não era a mesma. Agora tinha um corpo. Suas pernas aprofundavam-se no solo em busca de água. E ela bebeu. Seus braços reviravam a terra adubada, desejosos por nutrientes. E ela comeu. Fortalecida, decidiu escalar a própria sepultura. E ela subiu, sem parar. Rompendo seu túmulo, conquistou bravamente a superfície. E viu o sol.

Suas forças se renovaram. E ela continuou crescendo... Pés e pernas se transformaram em raízes profundas. Braços se tornaram ramos, e depois em galhos. Pouco a pouco, ela retumbou triunfante como uma frondosa árvore.

Com o passar do tempo, a semente entendeu o propósito de sua existência.  Agora, ela era uma produtora de novas sementes. E frutos. Muitos frutos. Dela, os pássaros tiravam sustento e os homens obtinham sabor. Em cada um de seus frutos, dezenas de novas sementes prontas para reiniciar o mesmo ciclo. Se forem semeadas com o mesmo amor, as sementinhas também irão viver suas próprias histórias de transformação.

E foi assim, como uma semente, que Jesus Cristo, joia das primícias de Deus, desceu ao mundo e se lançou ao “solo” em forma de gente. O verbo se fez carne e habitou entre nós. O Filho de Deus, Senhor do Tempo e Ancião de Dias se limitou ao ventre de uma mulher por nove meses, para depois nascer pobre numa estrebaria de Belém, crescer numa carpintaria de Nazaré e exercer seu ministério sobre o sol escaldante da Galileia.

Amado pelos necessitados e esquecidos, Ele foi odiado pelos poderosos de sua época, até que numa tarde de sexta feira, morreu vituperado numa cruz. No madeiro, o Filho de Deus estava derramando até a última gota de sangue pela humanidade pecadora. Com sua morte, Ele nos assegurou abundância de vida. Jesus foi sepultado, e durante três dias seu corpo esteve silencioso nos recônditos de um sepulcro frio. Mas aquele momento de tristeza era apenas o epílogo da mais bela história contada:

Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas, se morrer, produz muito fruto (João 12:34). 

Enquanto a semente esteve “morta” na terra, se arrebentou em raízes. Em apenas três dias a árvore brotou, e seus ramos nunca pararam de crescer, pois a ressurreição de Jesus desencadeou uma revolução espiritual que perdurará na eternidade. A árvore deu muitos frutos. Os frutos geraram novas sementes. Novas sementes caíram na terra e também morreram. Novas árvores nasceram. E produziram novos furtos. Novas sementes. Novas mortes. Novos recomeços.

Ao redor do mundo, inúmeras sementes são utilizadas como fonte de alimentação. Arroz, feijão, trigo e milho são alguns exemplos presentes em nossa cultura. Quando ingeridos pelo homem, provem sustento e nutrientes para seu consumidor e cumprem com nobreza o propósito de sua existência. Porém, se estas mesmas sementes forem plantadas numa terra boa, e cultivadas adequadamente, serão incontáveis as quantidades de seus rebentos, que ao seu tempo, também poderão repetir o mesmo ciclo e novamente se multiplicar exponencialmente.

Cristo foi a semente que originou esta grande árvore chamada “Igreja”, onde somos sementes potencializadas como agentes multiplicadores. Se preservarmos nossa vida dentro de nossas próprias vontades, seremos como a semente que cai na terra e permanece viva, sem gerar frutos para a posteridade. Mas se “morrermos” em Cristo, então realmente seremos transferidores de bênçãos eternais e produtores de frutos abundantes. 

Parafraseando o jornalista Franklin Martins, encontramos a raiz de nossas maiores esperanças: - Sempre que nos sentimos soterrados, sem saída e num buraco escuro, estamos entre a vida e a vida abundante! PERGUNTE A UMA SEMENTE.

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