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sábado, 20 de maio de 2017

O Distintivo

A autoridade de poucos é e será sempre a razão e argumento de muitos.
(Marquês de Maricá)


Imagine que você este numa autoestrada. A velocidade permitida é de 110 Km por hora, e seu veículo trafega bem abaixo deste limite. Os pneus estão calibrados e aferidos, o IPVA está em dia, todos os itens de segurança foram checados e reconferidos. Seus reflexos tinem como sino novo, o que resulta numa direção segura e confiável. Todas as leis de transito estão latentes em sua memória, e cada uma delas é observada com rigor. De repente, na margem da pista, um guarda rodoviário lhe acena, indicando o acostamento. O que você faz?

Agora, vamos inverter a situação. Nesta mesma pista, imagine se num automóvel trafegando muito acima do limite de velocidade permitida. Os pneus mais carecas que Charles Xavier. Os itens de segurança estão avariados (e alguns, faltantes). O chassi está caindo aos pedaços, e o motor é uma verdadeira fábrica de nuvens negras. Os impostos estão atrasados, a documentação vencida e os seus reflexos na direção, são compatíveis a firmeza de uma gelatina.  De repente, na margem da pista, um guarda rodoviário lhe acena, indicando o acostamento. O que você faz?

Quando um guarda rodoviário levanta sua mão em direção a um veículo, não importa a marca, o valor, o tamanho, a velocidade alcançada, seu estado de conservação, a periodicidade documental ou a condição física e mental do condutor. Perante a lei, todo cidadão têm que estacionar o seu veículo imediatamente, e respeitosamente, se reportar ao oficial.

Numa análise pragmática, até o mais simplório dos automóveis, poderia, literalmente, passar por cima do policial sem nenhuma dificuldade. Afinal, neste caso específico, a vantagem da “máquina” sobre o “homem” é abissal. A pergunta então é: 

- Por que paramos?

Simples. Sobre aquele homem está delegada uma autoridade que não podemos ignorar.

Ali, enquanto exerce sua função, ele é a personificação da própria lei. E sabemos que desobedecer ao seu comando terá sérias consequências. Ele pode até ser um homem comum, mas, a farda que veste e o distintivo que ostenta, o transformam em uma muralha moral, que cidadãos de bem não se atrevem a ultrapassar.

Da mesma maneira é o cristão. Olhando com olhos naturais, nada é possível ver além de nossa carcaça corruptível. Porém, no mundo espiritual, estamos revestidos de uma autoridade tão poderosa que é capaz de curar enfermos, sobreviver a ataques mortíferos e colocar demônios em fuga (Mateus 16:17-18).

Assim como um policial rodoviário, que no momento em que realiza uma abordagem, é visualmente identificado pelo seu uniforme, também precisamos estar devidamente trajados no momento de exercer nossa autoridade espiritual.

Este vestuário esta minuciosamente detalhado em Efésios 6:14-17, e consiste em se vestir de verdade, usar a couraça da justiça, e calçar os pés com o Evangelho. Ainda se faz necessário o uso do escudo da fé, do capacete da salvação e da espada que é a Palavra de Deus. Mas, nada disto será proveitoso se não tivermos em mãos nosso distintivo oficial. A nossa credencial de representante do Reino dos Céus nesta Terra. O nome de Jesus.

Infelizmente muitos cristãos tem usado o nome de Jesus com um mantra poderoso ou uma palavrinha mágica. Somos ensinados desde pequenos que exclamar o nome de “Jesus” ou proferir sentenças como “o sangue de Jesus tem poder”, é o suficiente para afugentar o inimigo e nos livrar dos mais complexos problemas. A realidade pode não ser tão simples assim.

Quando Gabriel anunciou à Maria que ela seria a mãe do Messias, também lhe indicou o nome humano pelo qual deveria ser chamado, “Yehoshua”. Sendo uma das variações para Josué, aquele era um nome comum na sociedade judaica, embora seu significado revelasse muito sobre a missão do Cristo, ou seja, “Deus Salva”.

Falando sobre Ele, o profeta Isaías revelou que o Messias vindouro seria como uma “plantinha sob o sol” e “raiz em terra seca” (Isaías 53:2). Em outras palavras, seria necessário olhar além das aparências para poder enxergar o que de tão especial havia naquele carpinteiro de Nazaré. O que a grande maioria não conseguiu entender, é que Jesus era o anunciado “EMANUEL” – Deus entre nós. Nele estava contida toda a virtude e a suprema autoridade.

Se seu nome fosse João, Paulo, Moisés ou Isaque, seu poder miraculoso e seu propósito salvífico não sofreriam qualquer alteração. Quem Ele é, está acima de qualquer nome.

Quando Jesus incumbiu seus discípulos de continuarem sua obra, revestindo-os de autoridade espiritual, os instruiu a sempre agirem em seu nome. Não a “repetirem” seu nome sistematicamente, ou o mencionarem à revelia, mas sim, “agir” como um “representante legal” de seu Reino.

Paulo identifica o cristão como um “embaixador de Cristo” aqui na terra, “agindo” em nome de Jesus, é não apenas “falando o nome de Jesus” (II Coríntios 5:10). E nos exorta a seguir o seu próprio exemplo, imitando Cristo em todas as esferas da vida (I Coríntios 11:1).

Agir em nome de Jesus requer legalidade, e tal condição só é adquirida quando vivemos de modo a honrar a vontade de Deus em nós, fazendo de nossa existência um testemunho vivo do poder transformador do Evangelho. O “nome de Jesus” só terá impacto através de nossa boca, quando nossa vida honrar plenamente o “Jesus do nome”.

Caso, contrário, sem portar uma farda espiritual compatível com as escrituras, e ostentar seu distintivo validado pelo próprio Cristo, o cristão, terá muita sorte, se o inimigo ignorar seus acenos e passar de largo. A tendência, é que Satanás, ávido por matar e destruir, simplesmente o atropele com seu rolo compressor infernal.

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