Breve é a loucura, longo o arrependimento.
(Friedrich Schiller)
É difícil se
desvencilhar de antigos hábitos, e ainda mais complexo, se libertar de vícios
adquiridos. Em Romanos 7:15-24, Paulo refere-se a si mesmo como um “vendido sob
o pecado”. Em seu entendimento, ele fazia coisas que não aprovava, e o que
gostaria de fazer, não fazia. O mal e o pecado insistiam em transformar suas
boas intenções, em ações pecaminosas. Então, o apostolo exclama angustiado: - Miserável homem que sou! Quem me livrará
do corpo desta morte?
A resposta
para esta inquietante pergunta já havia sido dada pelo próprio Paulo alguns
versos antes, quando o apóstolo apontava aos irmãos de Roma uma saída para o
ciclo pernicioso de pecado e iniquidade que nos acompanha desde a queda do
primeiro casal:
- Porque, como pela desobediência de um só
homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão
feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado
abundou, superabundou a graça (Romanos 5:19-20).
Sim, existe
uma cura para o pecado. Ela atua sobre os sintomas e a causa raiz. O tratamento
é eficaz, porém, deve ser contínuo. Pela fé no sacrifício de Cristo somos
curados, mas não imunizados. O “vírus” do pecado ainda está no ar, e é preciso
evitá-lo a qualquer custo. Todo cuidado é pouco.
Quando os
hebreus retornaram do exílio na Babilônia, apesar de muita fé e boa vontade,
ainda estavam impregnados com a cultura caldeia. O povo esteve exposto ao
paganismo de babilônicos, medos e persas por longos setenta anos. No retorno
para casa, muitos erros cometidos pelos repatriados eram derivados da vontade
de querer fazer o “certo”, mas não saber “como”.
Deus então
levantou alguns profetas para instruir o povo neste difícil recomeço,
exortando-os e admoestando-os nos princípios da Lei do Senhor, promovendo um
grande discipulado nacional. E um destes homens foi o profeta Ageu.
Determinante
na retomada da construção do Templo de Jerusalém, Ageu inspirou o povo com
palavras e ações, já que também foi um dos edificadores. Com a obra concluída,
e a promessa de uma glória ainda maior sobre aquela casa, o profeta pode se
dedicar ao ensinamento, convocando os sacerdotes para uma conversa franca e
instrutiva sobre a santificação.
A nação
israelita nasceu como um padrão de ética, moral e santidade para todos os povos
da Terra. O propósito de Deus era ter uma relação tão íntima com seu povo, que
os mesmos refletiriam a glória do Altíssimo aos olhos de toda gente. Vivendo em
obediência, retidão e temor, os hebreus atraíram sobre si toda sorte de
bênçãos, o que levaria as nações ao seu redor a imitar seu comportamento. Não
foi o que aconteceu. Israel se encantou com os costumes e ritos pagãos, se
enveredou por caminhos de idolatria e prostituição, e o resultado desta
rebeldia espiritual foi o exílio. Agora, Ageu quer expôr para os discipuladores
do povo, o caminho da santificação, bem como identificar a origem da corrupção.
Seguindo a
ordenação do Senhor, e tendo como base doutrinária a Lei Mosaica, Ageu faz a
seguinte indagação aos sacerdotes:
- Se
alguém tiver um pedaço de carne consagrada presa na borda de sua roupa, e a
mesma tocar num pão, ou em algo cozido, ou ainda no vinho ou no azeite, o
alimento que foi tocado também ficará consagrado?
Em uníssono,
os sacerdotes responderam que não. A consagração de um objeto ou a santificação
de um indivíduo não é conseguida através de um simples toque externo. Ela
precisa partir de dentro para fora. Ageu concordou com a resposta e propôs mais
uma questão:
- Se alguém
tocar em um cadáver, e de acordo com a lei, ficar impuro, se ele por sua vez
tocar numa outra pessoa, ela automaticamente estará impura também?
Mais uma vez
a resposta foi unânime. – Sim, a pureza só existe até o primeiro toque
da impureza. Mas uma vez o profeta concordou com os sacerdotes, pois a
impureza vem do exterior e contamina o interior do homem.
Com estes
exemplos, Ageu quis ilustrar a condição pecaminosa do povo, que com sua
impureza, estava maculando a Casa de Deus (Ageu 2:11-23). Deste sermão do
profeta, podemos extrair uma grande lição que se contextualiza com o dilema
vivido por Paulo.
A impureza que vem de fora, contamina todo o nosso interior. É este é uma perigo ao qual estamos expostos todos os dias.
A impureza que vem de fora, contamina todo o nosso interior. É este é uma perigo ao qual estamos expostos todos os dias.
Uma criança
nasce pura, livre de pecado e maculação. Pouco a pouco, o seu caráter começa a
ser desenvolvido baseado nas influências externas as quais fica exposta. Nossos
desejos são construídos através do que vemos, ouvimos e tocamos. Nosso corpo é
o tato da alma e o coração de nosso espírito. É ele quem absorve os nutrientes
espirituais que irrigam nosso interior, sejam eles bons ou maus.
Por maior
que seja nosso esforço para mantermos nosso interior puro e imaculado, basta um
toque externo de impureza, lascívia ou perniciosidade, para que respingos
escuros saltem de nossas vestes brancas. Assim, é preciso se esquivar de todo
ponto de contaminação, fugindo constantemente de qualquer coisa que até mesmo
apenas “aparente” ser má (I Tessalonicenses 5:22).
Em seu mais famoso sermão, Jesus instruiu os discípulos a terem um cuidado especial com os seus olhos, sendo extremamente seletivos quanto “ao que se olhar”:
Em seu mais famoso sermão, Jesus instruiu os discípulos a terem um cuidado especial com os seus olhos, sendo extremamente seletivos quanto “ao que se olhar”:
- Os olhos
são como lâmpadas para o corpo. Se seus olhos se focarem em coisas boas, todo o
seu corpo (incluindo alma e espírito), serão cheios de luz. Mas se seus olhos
estiverem voltados para coisas más, todo o seu corpo (incluindo alma e
espírito), estará cheio de trevas (Mateus 6:22-23).
Em resumo,
podemos dizer que um simples toque naquilo que é imundo tem o poder de
contaminar nosso espírito, e basta olhar na direção da maldade, para que nossa alma
se encha de escuridão. Vigilância, prevenção, cuidado e caldo de galinha, não
faz mal a ninguém.
A lógica
apresentada pelo profeta é embasada pelo ensino de Jesus. Não há para onde
fugir. Quem se deixa contaminar, também se torna um agente contaminador. Pecado
gerando mais pecado.
Ainda bem que as trevas de nossos olhos podem ser dissipadas como o uso diário do colírio celestial (Apocalipse 3:18). Pela graça de Deus é possível mudar os hábitos, se libertar dos vícios, e quebrar o pernicioso ciclo do pecado. E repetir o processo, sempre que for necessário. Porque sera!
Ainda bem que as trevas de nossos olhos podem ser dissipadas como o uso diário do colírio celestial (Apocalipse 3:18). Pela graça de Deus é possível mudar os hábitos, se libertar dos vícios, e quebrar o pernicioso ciclo do pecado. E repetir o processo, sempre que for necessário. Porque sera!
Nenhum comentário:
Postar um comentário