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sábado, 11 de março de 2017

A Família de Jesus

Aprendi que não preciso ser perfeito o tempo todo
para que minha família me ame.
(H. Jackson Brown Jr)


Não era fácil ser cristão vivendo entre os judeus. Quando Jesus começou a ministrar na Galileia, colocou em polvorosa o judaísmo, com uma mensagem que ia de encontro a pontos salientes do sistema político-religioso dos judeus.

Numa sociedade machista, Jesus agregava mulheres ao seu círculo privilegiado de discípulos. Para a milenar lei do “olho por olho”, Cristo apresentou uma alternativa nada ortodoxa: “amar seus inimigos”. Jesus fez amizade com publicanos e foi amigável com mulheres pecadoras, e com isso, “afrontou” a poderosa classe farisaica, pilar da religião predominante em Israel.

Incompreendidos pelos religiosos e temidos pelos políticos, os cristãos se tornaram uma seita controversa, que gerava “curiosidade temorosa” em boa parte da população.

Mateus escreveu seu evangelho exatamente para “eliminar” as dúvidas existentes sobre a pessoa de Jesus, e tornar pública a história que os líderes religiosos tentavam esconder. A introdução de seu livro apresenta Jesus como “filho de Davi”, traçando uma linha linear da genealogia do Messias, passando por 42 gerações, até o patriarca Abraão.

Com isso, deixa claro que Cristo, é por direito, o REI DOS JUDEUS. O ocupante definitivo do Trono de Davi (II Samuel 7:12). 

Seguindo a visão agregadora de Jesus, Mateus surpreende seus leitores listando em sua genealogia não apenas o nome dos patriarcas de cada família, mas, também inserindo nela algumas mulheres notáveis: Raabe, Rute, Bete-Seba e Maria. Algo lindo a ser notado em meio ao emaranhado de nomes relacionados em Mateus 1:2-16, é notar que entre figuras históricas e heróis nacionais (Isaque, Jacó, Judá, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias e Zorobabel), aparecem também alguns nomes improváveis para a árvore genealógica de um “Messias”.

Raabe foi uma meretriz (Hebreus 11:31). Rute era moabita (povo abominado por Deus em decorrência de suas perversidades - Hebreus 23:3). Salomão era filho de um casal adúltero (Davi e Bete-Seba). Manassés e Amom foram reis de grande depravação moral. Jeconias era portador de uma maldição sobre sua descendência (Jeremias 22:30). Mesmo assim, o Cristo emerge triunfante desta geração, provando que nele reside o poder de suplantar qualquer maldição e apagar todos os pecados.

Jesus era o filho de Deus, mas também teve uma família aqui na Terra. José o criou com carinho e responsabilidade, lhe ensinando, inclusive, a profissão que exerceu por toda vida. Jesus foi carpinteiro, tal como José foi antes dele. E o que falar de Maria? Ela foi escolhida entre todas as mulheres do planeta, para gerar, amamentar e educar o verbo encarnado. Deus confiou seu filho a uma família integra e fiel.

Um dos temas mais debatidos de toda a história humana, é, sem dúvidas, a concepção virginal de Cristo. Segundo o relato das Escrituras, Maria concebeu à Jesus sem ter tido relações sexuais com nenhum homem, sendo sua gravidez um ato divino efetuado pela obra do Espírito Santo.

Muitas mulheres israelitas almejavam portar em seu ventre a “SEMENTE” prometida desde o Éden. Foi Maria, uma moça humilde da Judeia, que achou graças diante do Senhor para trazer ao mundo o seu Salvador. Ela estava desposada com um carpinteiro local chamado José, quando recebeu a notícia de sua bem-aventurança. Numa época de casamentos arranjados, “estar desposado” significava “estar casado, mas, não morar junto”. Assim, Maria e José ainda não tinham mantido relações sexuais, mesmo já tendo firmado o compromisso matrimonial.

Ao tomar conhecimento da gravidez de sua “noiva”, José cogitou a possibilidade de fugir para não “expor” Maria ao vitupério público. Neste caso, ele tomaria para si todas as calúnias e difamações. Um ato de grande abnegação, renúncia e nobreza. Porém, foi visitado por um anjo que lhe revelou a verdade sobre a miraculosa gestação (Mateus 1:20-21).

Segundo o relato de Mateus, José não apenas aceitou com gratidão a gestação de Maria, como também não manteve com ela qualquer relação sexual (mesmo após o casamento), “até o nascimento de seu filho primogênito” (Mateus 1:25).

Se Jesus foi o “primeiro filho” do casal, fica subentendido, que Maria e José viveram uma vida conjugal plena, e constituíram posteriormente uma grande família. Na verdade, encontramos ao longo do Novo Testamento, o nome de pelo menos quatro irmãos consanguíneos de Jesus (Tiago, Simão, José e Judas), além de referências a algumas irmãs não citadas nominalmente (Mateus 13:55 / Marcos 6:3 / João 2:12)

Eusébio de Cesárea defendia a ideia de que os irmãos de Jesus na verdade eram primos de Cristo em primeiro grau por parte de pai, filhos de Alceu Cleofas. O exegeta alemão Josef Blinzer, sugeriu que os irmãos de Jesus, eram na verdade, filhos de outra mulher homônima, prima de Maria. O livro apócrifo de Tiago, menciona que José já tinha filhos antes de se casar com Maria, e estes seriam os “meios-irmãos” de Jesus. A verdade é que este assunto se tornou um grande tabu dentro de diversos segmentos do cristianismo em decorrência do Concílio de Lateranense, que em meados do século VII, dogmatizou a virgindade de Maria, concebendo sua imagem de “santa e imaculada”, portadora de uma virgindade perpétua.

Mas, embora a ideia de Maria ter gerado outros filhos além de Jesus ser rejeitada por cristãos católicos, ortodoxos e muçulmanos, até mesmo Ariano, influente bispo de Milão, já defendia que os “votos sagrados do casamento são superiores aos votos de castidade”. Assim, não faria sentido Maria e José viverem uma vida de privações conjugais. 

Além disso, o termo grego usado pelos evangelistas quando se referiam aos irmãos de Jesus é “ADELFOS”. Etimologicamente falando, “adelfos ou adelfoi” refere-se a “parentes co-uterinos", ou seja, “irmãos gerados no mesmo útero”.

Este termo foi usado 346 vezes no Novo Testamento, sempre se referindo a “irmãos de sangue”, enquanto relações de parentesco mais distantes (como primos), são identificadas pela palavra ANEPSIS.

Então, a questão mais interessante não é “se” Maria teve outros filhos além de Jesus, mas sim “quem” são eles. Pelo registro de Lucas 2:7, percebe-se que os irmãos de Jesus não se engajaram em seu ministério pelas cidades da Galileia. Aparentemente, demonstravam certa incredulidade quanto ao fato do “irmão mais velho” ser o Messias prometido. Posteriormente, esta situação se reverteu, já que o Livro de Atos lista os irmãos de Jesus entre os líderes da igreja primitiva, exercendo grande influência, até mesmo sobre os discípulos originais. Tiago, inclusive, exerceu seu pastorado junto à igreja de Jerusalém, e Judas, era respeitado pelos apóstolos como um sábio conselheiro (I Coríntios 1:19 / Gálatas 1:9).

A beleza deste fato é que Jesus trouxe a Salvação para dentro de sua própria casa, mas, nunca concedeu privilégios a seus familiares. Todos eles precisaram reconhecer que Jesus Cristo era o Salvador do Mundo, e entregar suas vidas a Ele, sendo transformados pelo poder do Evangelho.

Maria foi a primeira a entender esta verdade, e isto, nada tem a ver com os dogmas estabelecidos sobre sua vida conjugal. Ela reconheceu desde cedo que, embora fosse a mais “agraciada entre as mulheres”, também era uma alma carente de salvação, que encontraria em Cristo o caminho de volta para Deus. É dela uma das mais importantes mensagens já pregadas sobre Jesus:

- Fazei tudo o que ele vos disser (João 2:5).

A família de Jesus não se resume apenas a antepassados famosos e líderes renomados da igreja primitiva. Cristo estendeu seus laços parentais sobre toda a humanidade, quando derramou seu sangue na cruz. Ali no madeiro, foi realizada uma transfusão sanguínea, usando uma agulha chamada fé. Com seu sacrifício, Jesus nos assegurou o direito de se referir a Deus como “ABA PAI”.

Jesus afirmou que sua família era composta por todos aqueles que faziam a vontade de seu Pai (Mateus 12:50). E a vontade de Deus não é outra, senão que creiamos em Jesus (João 3:16). Quem crê na mensagem e no sacrífico do “VERBO ENCARNADO”, é presenteado com um "espírito de adoção". Recebe poder de filho. E direitos.

Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. (Romanos 8:15-17).


O termo “ABA PAI” vem do aramaico “ábba”, expressão usada por um filho, quando se refere de forma carinhosa e intimista ao seu pai. Era desta forma que Jesus se referia a Deus. Tal intimidade está explicita em João 10:30 e 17:21, quando “pai e filho” são revelados como um só. E agora, pela fé, também podemos ser um só com Deus, em Cristo.

Não importa o seu passado, suas raízes perniciosas ou más influencias recebidas na infância. Quem sabe você sofreu abusos, violências e injustiças em seu ambiente familiar. Talvez sua casa tenha sido uma sucursal do inferno aqui na terra. Pode ser que as lembranças de sua vida não passe de uma compilação de cenas aterrorizantes. Nada disso importa... Jesus deseja que você participe da família dEle. Filho de Abraão. Filho de Davi. Filho de Deus.

Natais tristes e aniversários melancólicos serão substituídos por banquetes celestiais ao lado de anjos, arcanjos, querubins, serafins, patriarcas, apóstolos e todos os santos que descansaram no Senhor. Na cabeceira da mesa, o Criador do Universo, fonte de toda vida e amor. Aceite o convite de Jesus para participar desta família. 

Cristo recebeu por direito tudo o que existe na terra e no céu, e almeja dividir tudo isto com você. Te fazer herdeiro de Deus. Co-herdeiro do dono de todas as coisas. Apenas creia. Aba Pai! Bem-vindo a grande família de Deus!




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