A
adversidade é nossa mãe; a prosperidade é apenas uma madrasta.
(Barão de
Montesquieu)
- Há alguém aqui em nosso meio que gostaria de aceitar a Jesus como seu único e suficiente Salvador?
Tenho ouvido esta pergunta (ou seria convite?) nas últimas três décadas sem jamais me cansar dela. Na verdade, se um culto termina sem que este apelo seja repetido à exaustão, alguma coisa fica terrivelmente fora do lugar. Nada é mais prazeroso ao cristão, do que testemunhar uma alma se rendendo ao Senhor Jesus. Celebração na terra e festança no céu.
Particularmente, eu prefiro reformular a pergunta para deixá-la mais contextualizada com essência da “oferta e procura”. Cristo não é uma mercadoria sendo exposta na prateleira para possíveis compradores. Ele não é item de catálogo à ser avaliado por consumidores. Quem é o homem para estabelecer parâmetros que justifiquem o “ACEITO” / “NÃO ACEITO”? Assim, me soa bem mais pertinente o convite feito de maneira irrecusável (louco é quem o recusa), colocando Jesus - O Cristo, no posto que realmente lhe faz jus:
- Há alguém em nosso meio que deseja entregar sua vida para Jesus
Cristo, nosso único e suficiente Salvador?
Questões
de semântica. O que realmente importa é que Jesus Cristo seja anunciado a toda
humanidade. Absoluto. Suficiente. Não se faz necessários maiores benefícios.
Sim, é claro que Jesus cura, batiza, transforma, liberta, resgata, regenera,
justifica, abençoa e purifica. Mas, estes são apenas detalhes. Jesus salva!
Este é o ponto. Todo o resto é bônus. Nada de direitos adquiridos, apenas
favores imerecidos.
Infelizmente,
nossa geração é gananciosa. Filhos da Sanguessuga (Provérbios 30:15). No afã
por “conquistar o impossível”, desprezamos o possível. Banalizamos o essencial.
A Salvação encontrada em Cristo deixou de ser suficiente. Visando este
"mercado", as denominações concluíram a mesma coisa. É preciso
oferecer mais que Jesus. Ter um produto exclusivo que atraia consumidores. E
não se engane. Todas as igrejas, independente do placa, nome ou escola teológica,
tem seu catalogo à disposição. Umas oferecem liberdade, outras ofertam
legalismo. Música. Arte. Exorcismo. Dogma. O “cardápio” no restaurante da fé é
vasto. Prato para todos os gostos. E se a consumação mínima for respeitada,
Jesus é cedido como uma cortesia. Brinde no canto da bandeja.
E
nada é mais atraente para as massas que o evangelho mercantilista. Aquele que equipara Jesus
a uma espécie de “Rei Midas”, capaz de transformar a cruz inerente a jornada
cristã, em barras cruzadas de ouro. A riqueza prometida estampada nos cartazes,
enquanto o nome de Jesus aparece apenas nas letras miúdas. Templos abarrotados
por multidões ansiosas pelo sucesso, buscando nada mais que dinheiro e poder.
Prosperidade. Casas. Carros. Viagens. Glamour. Ofertas de seis dígitos para
gerar contas bancárias de zeros infinitos.
E
os lobos que se alimentam apenas com a carne das ovelhas, já descobriram a
fórmula do crescimento instantâneo. Ministérios “miojos”. Basta mudar
completamente a pergunta que por anos tem transformado a vida de milhares. Não
com o propósito de melhor contextualizá-la, mas sim, para deturpar sua
essência, e torná-la mais atrativa.
- Você quer entregar sua vida para Jesus? Imagine esta
indagação sendo feita a cada indivíduo existente na terra. Pergunta simples e
direta. Sem explicações. Apenas duas alternativas. Qual a porcentagem das
pessoas que diriam “SIM”? Baixíssima, creio eu... Descaso, desinteresse,
desconhecimento. Seriam muitos os argumentos justificando a baixa aceitação.
Vamos
revisitar o questionário. Imagine-se diante de cada morador deste planeta,
repetindo para todos a mesma pergunta, porém, sob nova perspectiva: –
Você deseja ser um milionário? Aceite a Jesus, Ele certamente te deixará rico! Qual
seria a porcentagem de aceitação? Provavelmente, centenas de vezes maior! Jesus
se torna mais atrativo, quando seu nome vem rodeado de cifrões.
Talvez
você esteja neste instante, torcendo a nariz para estas palavras. Sente-se
afrontado com meu pensamento "miserável" e desprovido de “ambição
gospel”. Provavelmente já puxou pela memória algum versículo que justifique a
doutrina do “querer é poder” pulverizada na cristandade moderna.
- A Bíblia diz que uma vez que entregamos nossa vida para Jesus,
todas as coisas boas deste mundo, aquelas que sonhamos e desejamos, também nos
serão entregues. A promessa de Deus para seus filhos é que eles serão
prósperos!
Sério?
Onde foi lavrado este contrato, porque ainda não o assinei. Acho que preciso me
reunir com o RH dos Céus e rever algumas cláusulas. Me sinto injustiçado já que
Deus ainda não me deixou rico, mesmo depois de décadas me devotando ao seu
Reino. Talvez, o que precisamos mesmo, é urgentemente revisitar a essência do
evangelho, e reaviar os próprios conceitos de riqueza, sucesso e prosperidade.
Prosperidade
vem do latim “prosperĭtas”, que remete a ideia de “êxito naquilo se
pretende fazer”. O termo também pode ser entendida como uma situação favorável,
boa sorte ou sucesso. Pois é exatamente isso que a Bíblia promete a todos os
que se mantem fiel ao Senhor e buscam seu Reino acima de tudo. Entretanto,
nossa geração tem confundido prosperidade com riqueza material, e este erro,
infelizmente, mina e deteriora a fé de muitos cristãos, que erroneamente tem se
proposto a viver do evangelho por achar que assim, todos os seus desejos serão
realizados e que irão, em tempo integral, navegar num mar de rosas sob céu de
brigadeiro.
Davi
foi categórico ao afirmar que em toda a sua vida nunca havia visto um justo
desamparado ou os seus filhos mendigando pão (Salmo 37:25). Mas, ter pão em
casa, não significa necessariamente que haverá uma mesa farta para o café da
manhã. Como já disse o filosofo inglês Francis Bacon, “a prosperidade
não está isenta de muitos temores e desprazeres, assim como a adversidade não
está desprovida de conforto e esperança” A promessa para o cristão
fiel é sim de “prosperidade”. Sucesso diário em seus afazeres. E isto significa
que Deus proverá aos seus filhos os "viveres básicos", como roupas e
alimentos. Pode não sobrar, mas certamente, nunca faltará. E o texto bíblico
que deixa está verdade mais límpida que as águas cristalinas da Ilha Linapacan,
é o exato verso que lhe reverbera na mente como se André Agassi e Roger Federer
jogassem tênis usando como bola os seus pensamentos. Mateus 6:33:
- Buscai,
assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas
vos serão acrescentadas.
Muitos
pregadores modernos usam este verso para ensinar seus ouvintes que uma vez
buscado o Reino de Deus, todas as coisas serão agregadas automaticamente em
vidas. O bom e o melhor. O “muito” e o “mais ainda”. Nada disto. Esta
espiritualização do material é uma interpretação incorreta do ensinamento de
Jesus. Aqui, o mestre não fala de “todas as coisas”, mas sim, sobre “estas
coisas”. E que “coisas” seriam estas?
Sermão
da Montanha. Basta uma leitura rápida no contexto para entender que Jesus
ensinava aos seus discípulos o “A-B-C” do cristianismo. Percebendo
neles certa preocupação com os subsídios materiais para se lançar intensamente
na pratica da fé (abandonar as redes certamente abriria um rombo no
orçamento doméstico), lhes expôs uma nova realidade espiritual:
-
Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de
comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso
corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que
nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as
alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá,
com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
E,
quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo,
como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão,
em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste
a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá
muito mais a vós, homens de pouca fé?
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou
que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os
gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais
de todas estas coisas. Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de
Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas (Mateus 6:25-33).
Jesus
fez sim uma promessa de prosperidade aos seus discípulos, dizendo a eles que a
“fidelidade” na busca pelo Reino de Deus resultaria em provisão diária do
que comer, beber e vestir. O grande Jeová Jireh cuida de seus
filhos providenciando os víveres básicos inerentes ao dia a dia (lembre-
se da oração modelo: “o pão nosso de CADA DIA nos daí HOJE”). Se
estamos alimentados, saciados e vestidos, Deus tem sido fiel com sua promessa.
Somos, de fato, prósperos e muito bem-sucedidos.
Se
aprendemos a viver sobre o cuidado de Deus, e o Senhor por sua vez, não tem
negado seu cuidar, toda a nossa vida passa a fazer completo sentido. Sucesso
absoluto. Êxito total. Minhas roupas desbotadas provam a minha prosperidade. A
marmita que levo para o trabalho prova a minha prosperidade. A garrafa PET
com água na geladeira de casa prova a minha prosperidade. O maná
caindo dos céus toda manhã. Sobrevivência garantida, enquanto em
Cristo, encontro propósito, segurança, refrigério e salvação. Dá para ter
mais sucesso que isto? Como sempre diz meu pai, Pr. Wilson
Gomes, “a maior prosperidade de um homem é deitar-se em sua cama e
conseguir dormir em paz”
Mas,
Deus é bom além da nossa compreensão. Quando nos rendemos a supremacia de
Jesus, permitindo que Ele seja absoluto em nosso viver, as janelas dos céus se
abrem. Somos presenteados comum novo alvorecer a cada dia, repleto de
novas possibilidades. O Senhor renova nossas forças e nos propicia o fôlego de
vida, para que possamos lutar por regalias adicionais. O possível é um sonho
que repousa na mão direita, apenas aguardando o momento de acordar. E o
despertador está na esquerda. Faça a sua parte, enquanto Deus faz a Dele.
Lembre-se sempre das palavras de C.S Lewis: - Deus sussurra a nós na
saúde e prosperidade, mas, sendo maus ouvintes, deixamos de ouvir a voz de
Deus. Ele gira o botão do amplificador por meio do sofrimento. Aí então ouvimos
o ribombar de sua voz.
Aceite
o convite. Entregue-se a Cristo. Por que Ele é. E então, Ele faz. A despensa do
crente pode estar vazia, mas sobre sua mesa haverá alimento diário. Em sua alma
também. Priorize ao "Senhor das Bênçãos", ao invés de priorizar as
"Bênçãos do Senhor". Deste modo, mesmo em tempos de
guerra, você encontrará regaços de paz. Ainda que o mundo a sua volta esteja
desmoronado, sua casa permanecerá firmada e tua família se manterá em pé. Maior
prosperidade, duvido existir.
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