Para as
mulheres: Estou sempre em TPM...
Terrivelmente
Poderosa por ser Mulher.
(Alexandre
Dahmer)
O Velho Testamento foi escrito no contexto de
uma sociedade patriarcal, tendo o homem (gênero)
em predominância absoluta. Isto não impediu que mulheres virtuosas tivessem
seus nomes (e feitos) gravados a
ferro e fogo nas páginas do cânone sagrado. E até mais do que isto. Rute e
Ester, por exemplo, se destacam neste cenário, não apenas por suas ações memoráveis,
mas também, por darem nomes próprios a dois livros bíblicos, ainda que não
sejam autobiográficos.
A grande verdade, é que entre os quarenta
autores reconhecidos da Bíblia Sagrada, não temos catalogado o nome de nenhuma
mulher. Mesmo assim, é inegável que muitos textos possuem a assinatura com um
“coraçãozinho” no “i”. Mulheres são caprichosas por essência. O louvor de
Midiã. A profecia de Débora. O cântico de Ana. O poema da sunamita. A pregação
da samaritana. São muitos os exemplos. O que nem todos sabem, é que um dos mais
conhecidos versículos do Velho Testamento, embora seja comumente dedicado a
Salomão, não foi escrito pelo “rei”, mas sim, por “uma rainha”:
- Mulher cheia de virtudes. Quem a irá encontrar? Ela é mais valiosa que pedras preciosas (Provérbios 31:10).
- Mulher cheia de virtudes. Quem a irá encontrar? Ela é mais valiosa que pedras preciosas (Provérbios 31:10).
Nenhuma grande história consegue ser contada sem
a presença de suas personagens femininas. O que seria de Abraão sem Sara? Pense
nos grandes juízes de Israel, e você certamente se lembrará de Débora antes de
recordar o nome de setenta por cento deles. Dá pra descrever a encarnação do
verbo e ignorar Maria? Imagine o “Cântico dos Cânticos” sem os versos da Sunamita.
Certamente não seria uma canção de amor.
Mas, convenhamos. Em muitas narrativas, as
mulheres são subestimadas, e por uma questão cultural, reduzidas a um contexto
secundário, mesmo que esta coadjuvância não retire delas o imenso valor. Leitores mais pragmáticos, tendem a
interpretar o texto de Cantares como mera “liberdade poética”, onde um “homem”
gasta seu vasto repertório de galanteios, para fins de acasalamento. Em outras
palavras, mais uma vez, teríamos a mulher sendo objetificada. Teorias a parte, Provérbios
31 é de imensa relevância, porque foge completamente da conotação romantizada,
e se desenvolve linearmente como uma conversa literal entre iguais. E um texto feminino, sem ser feminista. De “mulher para mulher”. Antes de ser escrito, o roteiro foi vivido. Exatamente por isso,
a autora fala com propriedade, sobre comportamentos por ela já demostrados. Não
sabemos ao certo o nome da mulher segurando a caneta, já que a informação se
limita apenas ao fato que seus ensinamentos foram repassados ao filho (o rei Lemuel de Massá), e compilados
por Salomão em seus provérbios. Esta sábia rainha árabe tinha excelentes conselhos aos príncipes, e instruiu seu herdeiro a ser respeitoso com as mulheres,
prudente diante do vinho, benevolente com os desafortunados e justo em cada
palavra dita (Provérbios 31:1-9).
Mas, haviam cuidados especiais a serem tomado.
Para que um bom rei exerça a plenitude de seu reinado, ele precisa estar
ladeado por uma rainha igualmente dotada de bondade. Exatamente por isto, a mãe
de Lemuel, fazia questão de ressaltar as qualidades que transformariam até
mesma a mais simples entre as plebeias, numa rainha amável e exuberante. Mulher
virtuosa. Diamante de valor inestimável. Tesouro pelo qual vale gastar a vida na
busca.
E qual o segredo?
Simples. Ela faz do coração de seu marido, um cofre
particular. Ali, deposita seus bens mais preciosos. Amor. Respeito. Confiança.
Não existe maldade em suas intenções, e cada gesto das mãos, é motivado por
bondade. Filha amada. Esposa honrada. Mãe amorosa. É impossível não se encantar
com seus trejeitos, ou deixar de enamorar-se por tamanha doçura. Senso de justiça
ilibado. Sensibilidade que domestica feras. Um rubi de rara beleza
moldado em açúcar e leite de rosas. Ela é, e ela faz.
A mulher virtuosa é uma mistura de “ovelha” e
“leoa”. Sabe se comportar de acordo com as necessidades. O toque suave e delicado,
não se esquiva do trabalho pesaroso. Ela recolhe a lã e tece o linho. Sabe se
vestir com elegância, e da mesma forma, veste seus cordeirinhos. Diante das
dificuldades da vida, cinge-se de força e seus braços não desfalecem. Busca o
pão pela manhã e o recheia de carinho durante a tarde. Quando o dinheiro lhe é
confiado, sabe fazer bom uso de cada moeda, investindo com prudência, sensatez
e empreendedorismo. Em sua mão direita, maneja com destreza agulha e linha,
enquanto na esquerda, segura um castiçal ainda acesso...
Ufa.... Haja coordenação motora.... Duvido que
um homem execute com tamanha desenvoltura tantas tarefas simultâneas.
Considerando as minhas habilidades pessoais de concentração em multitarefas,
provavelmente rechearia a lã, costuraria o pão e acenderia o castiçal com uma
agulha. Temo em pensar na sorte das pobres crianças que estariam sob meus
cuidado, e no destino insólito das ovelhas a serem tosquiadas. Seria uma
catástrofe. Mulheres são seres dotados de braços adicionais invisíveis, visão
extra-sensorial e pequenos cérebros nas pontas de cada dedo. O "jeito" suplantando a "força". Mesmo que a força seja notária e presente.
Marmanjos barbudos, não se deixem enganar pela
testosterona. Em uma disputa de habilidades contra o “vaso mais frágil”, apenas
se assentem sobre os próprios culhões e reconheçam a derrota acachapante. Não
se compete contra a pró-atividade feminina. E fim de papo.
Sempre que me vejo as voltas com este tema,
penso na história de “Jerubaal” e seu “Clube do Bolinha”. Não conhece? Deixe-me
contextualizar.
Quando os amalequitas começaram a saquear as tribos de Israel, Deus levantou um homem chamado Gideão para liderar a resistência contra os invasores. O corajoso comandante conclamou aos moradores da região a se apresentarem em armas para o combate, e prontamente foi atendido. Ao todo, mais de trinta e dois mil homens se voluntariaram para guerra. Deus considerou o contingente excessivo. Com tantos soldados, a vitória seria creditada a perícia militar israelita, e o Senhor não estava disposto a dividir sua glória com ninguém. Gideão (ou Jerubaal, se preferir), foi instruído a dispensar todos os homens que estivessem “temerosos”, “inseguros” e “despreparados”. Mais de vinte e dois mil soldados desertaram. Correram para casa sem ao menos dar baixa na reservista. Se bobear, alguns estão correndo até hoje. Forrest Gump certamente se encontrou com muitos deles em seus anos de corrida.
Quando os amalequitas começaram a saquear as tribos de Israel, Deus levantou um homem chamado Gideão para liderar a resistência contra os invasores. O corajoso comandante conclamou aos moradores da região a se apresentarem em armas para o combate, e prontamente foi atendido. Ao todo, mais de trinta e dois mil homens se voluntariaram para guerra. Deus considerou o contingente excessivo. Com tantos soldados, a vitória seria creditada a perícia militar israelita, e o Senhor não estava disposto a dividir sua glória com ninguém. Gideão (ou Jerubaal, se preferir), foi instruído a dispensar todos os homens que estivessem “temerosos”, “inseguros” e “despreparados”. Mais de vinte e dois mil soldados desertaram. Correram para casa sem ao menos dar baixa na reservista. Se bobear, alguns estão correndo até hoje. Forrest Gump certamente se encontrou com muitos deles em seus anos de corrida.
Haviam sobrado dez mil homens. Gideão estava
desesperado. Com uma infantaria tão reduzida, seria esmagado pelo inimigo.
Deus, por outro lado, sentia-se incomodado com a quantidade de soldados. Seria
preciso reduzir ainda mais. Todo o pelotão foi levado à beira do rio e ordenado
a beber de suas águas. O comandante deveria observar a forma como cada um
matava a sede. Somente os cautelosos, que tomassem a água na mão, enquanto
vigiavam a retaguarda, seriam aprovados. Após o teste, nove mil e setecentos
“afoitos”, “relapsos” e “descuidados” foram mandados para casa.
O final miraculoso desta história, você já
conhece. Gideão e seus trezentos soldados venceram em nome do Senhor, uma batalha
contra milhares. Um milagre perpetrado na história.
- Miquéias... Para de rodeios! Que raios a história de Gideão tem a ver com as mulheres virtuosas de Provérbios
31?
Nada. E tudo. Estou apenas exercendo meu direito
de conjecturar. Deixar as ideias fluírem em cascata. E te convido a fazer esta
introspecção comigo. Propor mentalmente uma hipótese, e desenvolver a tese
baseado nas informações coletas por Salomão.
E se
Gideão liderasse um exército de mulheres?
Primeira questão.
Quantas atenderiam o chamado?
Haviam milhares de homens em Israel, e apenas
trinta e dois mil se voluntariaram para a guerra. Um número irrisório em
proporcionalidade a população local. Penso (apenas
penso), que se a convocação fosse estendida as mulheres virtuosas que
lavoravam o trigo plantado por suas famílias, o exército inicial seria três vezes
maior. Porém, fiquemos na casa dos trinta e dois mil, apenas para termos uma
base matemática precisa.
Voltemos a conjectura. Por um instante, suspenda
a descrença e deixe-se levar pela imaginação...
Gideão chama seu exército de mulheres e propõem
que as “amedrontadas”, “acovardadas” e “temerosas” retornem para casa. Quantas
desertariam? Seria preciso passar o contingente em diversos filtros antes da
primeira centena abrir mão do combate. Lá estariam elas, empunhando espadas na
mão direita, e trocando fraldas com a esquerda. Para cada continência, uma
batidinha com pó de arroz do nariz. Charme e furor no mesmo olhar. E nenhuma
intenção de abandonar a farda. Quando chegassem ao rio, não haveria entre elas,
nenhuma mulher descuidada. Na mochila de cada uma, copos descartáveis e espelhos.
Errar pelo excesso, as vezes. Por omissão, jamais! Guerreiras bebendo água com
classe, com os olhos ávidos no retrovisor, atentos ao bater de asas da mais
inofensiva mariposa.
Pobres amalequitas. Se não puderam resistir aos
trezentos soldados de Gideão, que poderiam fazer diante de um exército formado
por mais de trinta mil mulheres virtuosas? A guerra acabaria antes mesmo de
começar. Penso que Deus escolheu homens para o combate, apenas para manter um
certo equilíbrio entre as forças.
Mulher virtuosa. Quem a acha, encontra um
tesouro. Ela é destemida e faz a neve derreter quando caminha por entre a
nevasca vestida de vermelho. Os cidadãos da cidade parabenizam seu marido todos
os dias, pela sorte que teve na vida. Ela estende as mãos a necessidade do
próximo, é forte em tempos de crise e ninguém ousa macular a dignidade construída.
Em sua mesa não é servida a preguiça, e as preocupações diárias não ofuscam o
sorriso matinal. Quando fala, todos se calam para ouvir. O esposo compõe
canções sobre ela nos intervalos do trabalho. Os filhos a elogiam na escola.
Nas ruas, sua presença não passa desapercebida, e logo, alguém testifica a
respeito dela: - Existem muitas mulheres
virtuosas nesta cidade, mas nenhuma é igual é esta!
Provérbios 31:30 ressalta que o charme de uma
mulher é enganoso, e que a beleza de seu rosto é apenas temporal. Nada disto
dura muito tempo. Porém, quando a mulher virtuosa teme ao Senhor de todo
coração, suas mãos se tornam permanentemente frutíferas, e todos em volta
admiram sua vida, e louvam tais obras publicamente. Basicamente, ela é um
arraso, e põem ao chão as estruturas que cerceiam os objetivos estabelecidos.
Uma força da natureza imparável e avassaladora. Sem jamais perder a
classe.
E neste ponto, me vejo coagido a recalcular o
contingente de meu perfumado exército imaginativo.
Seria um desperdício muito grande, enviar trinta
e duas mil mulheres contra os amalequitas. Com tantas qualidades, atribuições,
habilidades e destreza, podemos reduzir drasticamente este número. Se Gideão
precisou de trezentos homens para vencer uma batalha impossível, se liderasse
um exército de mulheres, creio que metade deste número seria mais que
suficiente. Cento e cinquenta guerreiras, com espada na mão, nécessaire na
cintura e blush no rosto. Não sobrariam nem lembranças sobre o inimigo. Vitória
absoluta, limpa, justa e digna. Trombetas, cântaros, tochas acessas e salto
alto! (Juízes 7:20)
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