Arquivo do blog

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Arquiteto de Flores Adocicadas

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho.
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!
(Machado de Assis)


Este é um texto escrito a seis mãos. E sendo bem sincero, meu trabalho aqui é o menor de todos. Apenas reescrevi as frases, moldei os parágrafos e contextualizei algumas situações. Teve gente que fez muito mais. E muito melhor.

Tudo começou quando a Jô (exímia confeiteira / decoradora), nos enviou a foto de uma “flor” cor-de-rosa que ela tinha acabado de esculpir. O desafio proposto, era “descobrir” a matéria prima utilizada. Meu palpite imediato (e miseravelmente equivocado) foi “sabonete”. Porém, enquanto eu apenas tentava ganhar o “jogo de adivinhas”, a Valquíria estava vivenciando uma linda experiência com Deus. Certamente, naquela manhã, enquanto esculpia uma simples (e bela) “rosa”, a Jô não fazia ideia que pregava uma mensagem poderosa. E que seria ouvida por muita gente.

Impactada pela ministração “inesperada”, a Val tomou uma caneta nas mãos, e começou a escrever, fato que por si só, já é motivo para “glorificar em pé”. O texto produzido naquela manhã foi postado em algumas redes sociais com resultados surpreendentes, mesmo sem nenhuma edição esmerada. Durante todo o dia, ela ficou bem ocupada, atendendo inúmeras chamadas. Mulheres que se sentiram tocadas pela mensagem despretensiosa, e que impelidas pelo Espírito Santo, partilhavam experiências, aconselhamentos e orações. Deus sempre tem um meio inusitado para “acalentar” o coração de seus filhinhos. E, de forma bem peculiar, de suas filhinhas mais atentas.

Não tenha o talento artístico da Jô e nem a sensibilidade espiritual da Valquíria. Coube a mim, neste caso, apenas pensar num nome bonito para a postagem e  retransmitir a mensagem, dando algum contexto aos eventos. E oro para que as palavras que se seguem, também edifique a vida de outras pessoas, como edificou a todos os envolvidos nesta história.

Méritos das próximas linhas:
 A Escultura: Jusileine Alves Beatriz Luis
O Texto: Valquíria Aparecida Cassia de Andrade Gomes

Hoje não tomei o café da manhã na cozinha juntamente com meu filho, como costumo fazer todos os dias. Enquanto o Nicolas (entre as muitas colheradas de cereal), assistia o “Pequeno Missionário”, enchi minha xícara com café, e voltei para o quarto. Ali, sozinha, de forma introspectiva, conversava com Deus, enquanto meus pensamentos voavam sem rumo na direção do futuro: - “Senhor, como as coisas serão daqui para frente... Tudo está tão difícil”. Assim que terminei esta breve oração, coloquei a xícara de lado e peguei nas mãos o celular. Como a maioria das pessoas, abri o WhatsApp (rsss). E a primeira coisa que chamou minha atenção foi exatamente uma foto enviada pela Jô. Uma "rosa" habilmente esculpida com a seguinte legenda: - Olha o que eu fiz!

Sem maiores explicações, fiquei muito emocionada e comecei a chorar. Alguma coisa naquela imagem tinha mexido profundamente comigo, mesmo não sabendo "o que" e o "por que". A curiosidade despertou e logo perguntei: -  Como você fez a flor? Então, ela me explicou: - Hoje eu acordei muito triste. Sentei no sofá, peguei uma bala de iogurte nas mãos, e enquanto orava, fui esculpindo... Saiu esta rosa...

Como meu Deus é bom! Numa foto despretensiosa estava a resposta imediata ao meu clamor. O leão que rugia em minha mente se silenciou por completo, e neste momento pude ouvir a doce voz do Espírito Santo a me ensinar:  

- Filha, você é a rosa que está sendo moldada na bala de iogurte!

Lá estava eu, na prateleira da existência. Apenas mais uma entre tantas outras. As pessoas ditavam uma história para minha vida, mas Deus tinha planos diferentes. Nasci para ser “bala”. Ele me escolheu para “flor”. Mas, aceitar a vontade do Senhor tem um preço. O processo é longo e doloroso. A transformação deixa marcas irreversíveis. Deus pega aquela massinha retangular e inexpressiva, e começa o trabalho. Amassa ali e acolá, estica de um lado, repuxa do outro, vira tudo do avesso, remonta e repete outra vez. E enquanto Ele esculpe, só nos resta gritar:

- Senhor, está doendo demais! Eu não vou aguentar! Jesus tenha misericórdia... Não vês que estou quase morrendo?

Quer uma boa notícia? Deus também te escolheu para ser flor. Quer uma má notícia? Você sentirá muita dor durante a transformação. Mas, não se preocupe. O trabalhar de Deus não mata. Produz vida. É um caminho de vitória, mesmo que os pés sangrem por causa dos espinhos no chão. O sofrimento é apenas um ingrediente extra nesta receita, na verdade, o mais essencial. O amargo que se revela doce no fim. Porém, o tempo necessário para esta mudança depende da resistência oferecida pela matéria prima. Quanto mais "dura" for a bala, mas difícil é a modelagem. O escultor não tem pressa alguma. Ele sabe que depois de todo “estica”, “amassa” e “puxa”, o resultado será maravilhoso. Uma flor belíssima, com curvas delineadas e revestida de um brilho radiante, deixado em cada pétala pelo toque do arquiteto celestial.

O brilho, porém, atrai uma infinidade de olhares. Muita gente vai olhar para a rosa esculpida e destilar algum veneno: - “Ficou sabendo o preço da casa que ela comprou?”... “Você viu com quem ela se casou?”... “Já reparou como o ministério dela cresceu?” Quando a flor desabrocha, é fácil ressaltar sua beleza ou criticar seus espinhos. Mas, o processo de lapidação é um segredo que só a “bala” e “Deus” conhecem com propriedade. Muitos vêem o sorriso, mas poucos testemunharam as lágrimas. A beleza do rosto é notada, mesmo que as feridas do coração ainda sangrem em segredo. Quem olha a mesa farta, não sabe das noites que se dormiu com fome. Aquele que “avalia” seu louvor, nunca ouviu suas orações em plena madrugada fria.

A “bala” foi escolhida por Jesus. A "escultura" é o trabalhar do Senhor. A “rosa” brilhante é a vontade de Deus se concretizando em nós. Processo infalível...

Então, acalme-se. Coloque sua alma angustiada para descansar. Talvez seja difícil entender a motivo de tanto sofrimento, mas a resposta é singela: - Você está sendo moldado! Simples assim... Moldado por Deus! Fique tranquilo...

Eu sei que existe alguma coisa errada nesta solicitação de calmaria. Afinal, se o Senhor está no controle de tudo, porque nos desesperamos com tanta facilidade? A resposta também é objetiva. Não gostamos de esperar. Odiamos o tempo da preparação. No ateliê de Deus, “balas” não se transformam em “rosas” de um dia para o outro. Cada procedimento tem um propósito maior. Aprendizado. Amadurecimento. Intimidade entre escultor e escultura. O meu desespero não acelera Deus. O Senhor não atropela etapas. Por mais que eu ache que esteja no meu limite, Ele sabe o quanto eu ainda posso aguentar. Então, deixa-me profetizar de olho aberto e te afirmar com toda a certeza da minha alma: - Você aguenta! Fique firme e não perca a fé! O Deus que te criou, é o mesmo que te molda. Ele nunca perde a mão. E não vai parar até completar o trabalho.

Seja a “bala”. Deixe que Ele te transforme numa “rosa adocicada”. As lágrimas existem para regar a terra e fazer a flor brotar. As lutas são o adubo cooperando para que a flor cresça e desabroche. A provação esculpe e perfuma cada pétala. A aprovação de Deus é o brilho que jamais poderão tirar de você!

Nenhum comentário:

Postar um comentário