A arrogância é o reino - sem a
coroa.
(Provérbio Judaico)
Se existe um mandamento difícil de cumprir, é o registrado em Mateus 16:24: - Se alguém quiser vir após mim, renuncie-a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.
Seguir à Jesus não é nenhum sacrífico. Ele alimenta a alma do homem com Palavras de Vida Eterna, e ainda abastasse o estômago humano com peixe e pão. Em volta de Cristo vivenciamos milagres. A cegueira irradia luz, a surdes ouve a voz do Pai e a paralisia saltita com elegância. Não existe melhor lugar para se estar. Tomar a cruz sobre os ombros não é tão difícil assim (mesmo não sendo fácil também). Carregamos tantas bagagens nas costas, que trocá-las por um vigamento de madeira é até acalentador. A grande dificuldade encontrada neste ensinamento de Jesus é a “renúncia”.
Como Cristo ousa pedir para
que “eu” deixe de seu “eu” mesmo?
Que tipo de doutrinamento autocentrado
é este?
Se tal ordenança já era demasiadamente pesarosa nos
dias de Jesus, imagine seu peso em tempos modernos. Somos filhos de uma cultura
individualista que apregoa o amor próprio inconsequente e a felicidade pessoal
acima de todas as coisas.
- Seja você mesmo!
- Viva sua vida sem moderações!
- Brilhe! Lacre! Ouse! Impacte! Questione! Afronte!
Aconteça!
Como já cantava Raul Seixas há algumas décadas atrás,
“faz o que tú queres, pois é tudo da lei!”
Em resumo, somos orgulhosos demais para abrirmos
mão de quem “somos” e viver a vida que Deus deseja. Se “eu” não gosto, certamente
não é bom para “mim”. Estamos tão acostumados a ser o centro do universo, que quando
Jesus chega para ressuscitar o “Lázaro” que matamos com as próprias mãos, ordenamos que Ele mesmo remova a pedra. E ainda chamamos tamanha prepotência de
louvor! Nossa presunção é tão gritante, que NOS negamos a sujar as mãos ou empregar
esforços, mesmo que o trabalho braçal seja parte de um grandioso milagre. E
lançamos os fundamentos desta estagnação espiritual para justificar todo tipo de anomalia
teológica. Deus passa a ser um personagem secundário da história, acionado apenas
para atender os desejos mesquinhos de homens arrogantes.
Está tudo errado. Muito errado. Perigosamente
errado.
A sensação de grandeza provocada por um ego inchado,
infla as pálpebras dos olhos espirituais, impedido nossa visão. Não enxergamos
a espada de Deus se movendo na direção das ambições mudanças. Uma bariátrica emergencial
agindo em nossa imprudente enfatuação. Cirurgia agressiva para evitar a morte
definitiva.
Existe inúmeros exemplos históricos de homens,
mulheres e impérios que se consolidaram sobre bases de arrogância, e
despencaram como jacas apodrecidas. Herodes, Acabe, Nabucodonozor, Jezabel... Grécia,
Roma, Assíria, Egito... Mas, encontro uma lição valiosa no livro do profeta
Jeremias, que evidencia o quanto a renúncia do próprio querer é revestida de “inconveniências”,
mas pode ser o único meio de sobrevivência num cenário de crise.
Hum... Tempos de crise! Isso me faz lembrar que aprender
com lições do passado, é a melhor forma de, no presente, garantir um futuro de
paz. Então, meu Brasil, entenda que agora é a hora do aprendizado.
Jeremias viveu num período de grande instabilidade
política, com uma sucessão sistêmica de governantes e conchavos internacionais.
Ao todo, o profeta vivenciou cinco governos distintos, sendo a maioria destes
reis, dotados de arrogância e presunção. A mensagem de Jeremias apontava para
um caminho “menos” doloroso, já que a sentença divina sobre nação estava
lavrada. Fatalmente, Judá seria subjugada pela Babilônia, sendo o
poderoso Nabucodonosor uma ferramenta do próprio Deus na lapidação de seu povo. Ciente que este era um processo irreversível, o
profeta clamava aos seus governantes para que se rendessem aos caldeus,
evitando assim o conflito armado com milhares de baixas civis e militares.
Nas palavras de Jeremias, era preciso aceitar o castigo divino, aprender
com os próprios erros e se voltar para Deus, na busca por um futuro de
esperança. O presente estava comprometido por uma tragédia anunciada com muita
antecedência (Lamentações 3:29).
Este discurso “pessimista” do profeta foi encarado
como uma “afronta ao orgulho nacional”, já que o “governo” ludibriava o povo
com falsas expectativas de sucesso (Jeremias
poderia muito bem, ser um profeta brasileiro em plena atividade ministerial).
Uma série de estratégias políticas malfadadas
puseram Judá na rota do fracasso. Subjugados pela Babilônia, e taxados com
altos impostos pela corte de Nabucodonosor, os judeus ainda preservaram sua
elevada estima. Afinal, eles eram os “Filhos de Abraão”, a nação que tinha ao
seu lado “O Senhor dos Exércitos”. Seus pais haviam atravessado o mar, se
alimentado de pão do céu e vencido guerras improváveis. Porém, o passado de
Israel não os isentava do castigo vindouro. Com a boca eles evocavam a memória
de um Deus libertador e poderoso nas batalhas, mas, em seus corações, estava
acessa a chama do hedonismo e do orgulho próprio. Os judeus se achavam
auto-suficientes, e este sentimento mesquinho, os levaria a ruína total.
O último rei de Judá foi Zedequias, contrariando as orientações do profeta, costurou um acordo de cooperação
militar com os egípcios, e assim, conquistou apoio nacional para insurgir
contra a Babilônia. Ele acreditava que a união dos dois exércitos seria
suficiente para derrotar as forças bélicas dos caldeus. Em seu orgulho, o
prepotente monarca, se esqueceu que os egípcios priorizavam os próprios
interesses, e que através de diversos profetas, o Senhor já havia alertado seu
povo a não confiar no Egito para acordos políticos e militares. Usar o “Egito”
como um apoio, equivalia a usar uma “vara
de pesca muito fina” no lugar de uma muleta. Além de se quebrar com
facilidade, ainda rasgaria a carne de quem se apoiasse nela (II Reis 18:21, Isaías 36:6 e Jeremias 2:16).
Judá preferiu confiar em quem lhes trairia a
confiança com facilidade, e ignorou a voz de se Deus, que lhes fora fiel desde
a antiguidade. Soberba humana atraindo o fracasso.
E neste contexto histórico, onde Judá se assemelha
as nações pagãs da terra, que o profeta discursa sobre o destino insólito de
Moabe (Jeremias 48). A intenção era
lembrar aos judeus, que eles estavam seguindo os mesmos passos de seus
vizinhos, caminhando rapidamente para o abismo da derrocada espiritual. O Deus
que abominava os pecados de Moabe, também abominava os pecados de Judá. Os atos
pecaminosos de ambas as nações, atraia sobre os povos a fúria do Senhor, e
consequentemente, seus juízos. Quem age como quer, provoca reações que pode não
querer. O orgulho aciona a roda gigante da história, e faz do altivo, o esteio
onde até mesmo os débeis, caminham com sapatos de ferro.
A grande verdade, é que Deus não “mima” os seus
filhos e nem “põe panos quentes” sobre as contravenções de seu povo. O Senhor
corrige e açoita a quem ama. Deus prefere uma ovelha com as patas quebradas
sobre seu ombro, do que uma ovelhinha saltitante longe do redil. Sendo assim,
sempre que preciso, Ele quebrará nossos pés, visando nos manter próximos de seu
cuidado. Neste ponto, a obediência ao Senhor, e a humildade de estar debaixo de
sua vontade, evita fraturas. Judá não entendia que está era a mensagem de
Jeremias, assim como diversas nações também não entenderam a voz dos profetas ao
longo dos séculos. E o resultado desta arrogância, que nos faz surdos ao clamor
divino, é tragédia, decadência e ruína. Ignorar a voz de Deus é acionar o
“botãozinho” da autodestruição. Nínive sucumbiu pelas palavras de Naum. Edom encontrou
seu fim na mensagem de Obadias. A Babilônia ruiu após a revelação de Daniel.
Israel e Judá, mesmo sendo o povo escolhido do
Senhor, também ignoraram a voz de Deus, e muitas vezes, tentaram calar seus
profetas. Elias, Jeremias, Ezequiel, Ageu, Miquéias, Habacuque. Tantas
mensagens conclamando ao arrependimento, e por vezes, faladas como que ao
vento. O orgulho humano é um protetor auricular potente, com selo de aprovação
do inferno. Cada palavra ignorada, é um passo em direção ao abismo. O orgulho precede
a ruína, e Judá – o povo de Deus, se tornou um ratinho indefeso, nas garras de
um leão poderoso e cruel. Quem investe num projeto pessoal, descartando Deus de
toda equação, deixa um ponto de ruptura que o inimigo não está propenso a
ignorar.
Em Cristo, somos feitos povo de Deus. Um novo Israel,
descendentes de Abraão pela fé. Filhos amados, e consequentemente, castigados
em amor, quando a disciplina verbal não surte efeito. Não são profetas que
erguem a voz revelando a vontade do Senhor a nossa geração. É Jesus:
- Renunciem aos próprios desejos. Vivam uma
vida que agrade a Deus e não aos homens.
Seremos obedientes a esta voz, escondendo o próprio
ego atrás de cruz, ou seguindo o exemplo de Israel, Judá e Moabe,
permaneceremos leais ao próprio umbigo, caminhando a passos largos rumo a um
abismo escuro e com profundezas inimagináveis?
O umbigo do homem é um vórtex atraindo destruição
e ruína. Um rei sem coroa declarando guerra contra o próprio Deus, condenando seu reino a
uma derrocada definitiva. Rei Umbigo I. Monarca ganancioso, voraz e intolerante. Nada sabe, mas tudo quer. Quando mais de “MIM”, eu desejo ter, mais próximo da
destruição escolho estar. Até porque, o "homem" que confia no próprio "homem" se
auto condena a uma vida de maldição, e neste caso, o menos confiável entre
todos os homens da terra, sou exatamente “eu”. Então, que a sentença da turba seja o brado: - Morte ao rei!
A prudência (e
o bom senso) me apontam apenas uma direção. Menos o que quero, e mais do
que Deus deseja. Menos do que acho, e mais do que Deus já sabe. Menos do que eu
busco, e mais do Deus tem para oferecer. Que morra eu (e ninguém chore), e Cristo viva eternamente em meu lugar.
lindo Deus abençoe sempre
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