Avivamento não é a tampa explodindo,
mas o fundo caindo.
(Darrel Bridges)
(Darrel Bridges)
Muitos dizem que somos a “Geração do Avivamento”. Poucos entendem
de fato, o que um “AVIVAMENTO” significa. Billy Grahan dizia que o avivamento
não é descer a rua com um grande tambor, e sim, subir ao Calvário com
grande choro. Infelizmente, confundimos “poder” com “barulho”, sem compreender
que no silêncio, a voz de Deus também brada com intensidade. O fogo é um sinal
poderoso, mas o resultado final de um avivamento, depende daquilo que emerge das cinzas.
O relato da Batalha dos Deuses no Monte Carmelo registra um dos maiores
avivamentos da história, já que num único dia, toda a nação de Israel reconheceu
a superioridade do Deus de Elias sobre os deuses cananitas Baal e Asera. Os
gritos de “só o Senhor é Deus” ecoaram por todo reino, enquanto altares pagãos
eram derrubados. E é exatamente esta a essência de um verdadeiro avivamento. TRANSFORMAÇÃO. Mudança real pós "fogo".
Mas, antes de falarmos sobre os eventos do Carmelo, vamos entender o
contexto deste “avivamento” épico.
Na sua
origem, e em sua essência, a nação israelita sempre foi monoteísta. Ela foi projetada,
criada, guardada e protegida por aquele que viria a ser conclamado “O Deus
de Israel”, destinando somente ao Senhor seu culto e adoração. Mesmo assim, por
inúmeras vezes ao longo de sua história, Israel flertou com culturas
estrangeiras, deixando-se influenciar por seus hábitos e até mesmo importando suas
práticas religiosas pagãs e deturpados modelos de culto.
Este
costume se deriva do próprio Egito, onde os Israelitas habitaram
por mais de quatrocentos anos, e se evidenciou no deserto, mesmo o povo ainda
estando sobre a liderança de Moisés (Êxodo 32). Durante a gestão de Josué, a
miscigenação com o paganismo se intensificou, tornando-se rotineira no período
dos juízes, o que trouxe grandes calamidades para a nação (Josué 24). No início
da era dos reis, mesmo com os deslizes morais e espirituais de seus monarcas, a
nação não se corrompeu de forma generalizada, mas, esta realidade mudou com a
morte de Salomão e a ascensão de seu filho ao trono.
Devido ao
uso abusivo de poder praticado por Roboão, uma verdadeira guerra civil irrompeu
em Israel, dividindo o país em dois. Ao Norte, a coalisão de dez tribos
nomeou um eframita chamado Jeroboão como rei, e ao sul, Roboão exerceu seu
reinado apenas sobre as tribos de Judá e Benjamim (I Reis 12). Embora seu reino
fosse maior, mais populoso e tivesse herdado o nome de Israel, Jeroboão estava
inseguro, pois a capital Jerusalém, com seu suntuoso Templo, pertenciam agora ao Reino do Sul, que passou a ser chamado de Judá.
Temendo que
seus súditos atravessassem a fronteira para fins religiosos, Jeroboão decidiu
criar uma nova religião. Assim, tornou Dã e Betel em cidades de adoração,
colocando em cada uma delas, a imagem de um bezerro de ouro. Para conduzir seus
novos rituais religiosos, ele abriu um verdadeiro “concurso público” para o
serviço sacerdotal, e mudou as datas das principais festas judaicas. Começava,
assim, o declínio espiritual de Israel (I Reis 13).
Uma sucessão
de reis corrompidos marcou os primórdios do novo reino, sendo Acabe, o oitavo
deles. Filho de Onri, um rei que conseguiu ser mais perverso de todos os
anteriores, Acabe demostrou ao longo de seus vinte e um anos de reinado, muita
força política e uma moral extremamente fraca. Em seu primeiro confronto com os
sírios foi ajudado pelo Senhor, que venceu por Israel a batalha realizada em
regiões montanhosas. Convencidos que o “Deus de Israel” era um “Deus de
Montanhas”, a Síria levou a guerra para regiões de geografia plana, e mais uma
vez, foi milagrosamente derrotada. Neste episódio memorável, foi cunhada a expressão:
Deus dos Montes e dos Vales (I Reis 20).
Portanto,
Deus se revelava desejoso de participar ativamente do reinado de Acabe, mas ele
optou por alicerçar seu reino em pactos escusos, sendo o primeiro deles com o
próprio Ben Hadade, rei dos sírios. Sua mais errônea aliança é com Etball, rei
dos sidônios e alto sacerdote de Baal. Como parte deste tratado, Acabe se casou com a princesa fenícia Jezabel, uma mulher que traria ruína para toda a nação.
Com o
casamento pagão de Acabe, a idolatria ganhou legalidade no Reino do Norte.
Jezabel, agora Rainha de Israel, passou a exercer grande influência nas decisões
mais relevantes do país, tendo seu marido em total sujeição. Ela usou a fraqueza
emocional de Acabe para impor suas vontades, e assim oficializou o culto ao deus
Baal no território israelita. Além disto, Jezabel promoveu uma verdadeira
matança, assassinando todos os profetas que se posicionam contra as suas ações.
Apenas um
pequeno grupo remanescente foi salvo da chacina, mediante a providencial ajuda
de um alto funcionário do palácio por nome de Obadias, que escondeu e alimentou
esses homens durante o período de perseguição. Enquanto isso, Acabe se cercava
com uma corja de pseudos profetas que falavam apenas o que o rei desejava
ouvir, profetizando conveniências. Sem uma liderança compromissada com
Deus, toda a nação mergulhou numa era de apostasia, imoralidade e escuridão
espiritual.
Com a nação
imersa na idolatria e a mercê de falsos profetas; Acabe e Jezabel não
enfrentavam resistência ao seu modo nefasto de governar, já que seus potenciais
inimigos estavam mortos ou exilados. Mas é exatamente aí que Deus decide
intervir e castigar a terra com uma grande seca. Para avisar ao rei sobre este
castigo, Deus enviou um profeta do Senhor, remanescente e fiel, que se tornou uma
pedra no sapato da casa real.
Pouco sabemos sobre
ele, apenas que seu nome significa “Jeová é o Senhor” e que era natural de um
lugarejo chamado Tisbé, situado na região de Gileade, ao leste do Jordão, no
território pertencente a tribo de Naftali. A descrição de sua figura soa
pitoresca, já que se vestia de “pelos” e andava cingido de “couro”, o que faz
alguns estudiosos cogitarem a possibilidade de Elias ter sido um tipo de ermitão.
Porém, a Bíblia evidência que ele era muito respeitado entre os profetas, e
talvez sua reconhecida importância espiritual seja a razão para que Acabe se
propusesse a ouvir o que ele tem a falar.
Seus caminhos se cruzaram
pela primeira vez quando Elias anunciou a grande seca que viria sobre Israel,
privando a nação não apenas da chuva como também do orvalho, mas
novos e acalorados embates “olho no olho” ainda se dariam mais adiante, como
por exemplo, em decorrência do retorno da chuva, do covarde assassinato de
Nabote e do Desafio dos deuses. O incomodo causado por Elias em Acabe foi tão
intenso, que rei o rotulou “O Perturbador de Israel”.
Ufa.... Agora, já bem
contextualizados com a situação, podemos voltar ao Horebe....
Edificado pelos três
anos que se manteve sobre os cuidados do Senhor em Serapta, Elias conclamou os
profetas de Baal e Asera para um desafio grandioso. Os novecentos sacerdotes
pagãos teriam seis horas para clamar por seus deuses, e depois, seria a vez de Elias
orar ao seu Deus. A divindade que respondesse com fogo no menor período de
tempo, seria declarado “SENHOR DE ISRAEL”.
No dia do desafio,
centenas de israelitas se agruparam aos pés do Carmelo, para testemunhar a aflição dos profetas de Baal e Asera, que do amanhecer ao meio dia, clamaram
desesperados, sem receber nenhuma resposta. Com o tempo esgotado, chegou a vez
de Elias clamar ao seu Deus. Tranquilamente, ele inspecionou o altar e reparou
todas as imperfeições. Depois, enquanto colocava o sacrifício sobre a pedra,
pediu para que fossem abertas valas em torno do Altar. Para surpresa de todos,
o profeta as encheu de água, e molhou o altar, encharcando completamente sua
oferenda. Seria impossível começar um incêndio naquele lugar.
Ou não.
Ou não.
Com o altar preparado e encharcado, era chegada a hora do fogo descer.
Elias se ajoelhou, olhou para os céus, e realizou uma oração introspectiva de poucos
segundos:
- Ó Senhor, Deus de Abraão, de
Isaque e de Jacó, que hoje fique conhecido que tu és Deus em Israel e que sou
o teu servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua. Responde-me, ó Senhor,
responde-me, para que este povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o
coração deles voltar para ti. (I Reis 18:36-37)
No mesmo instante, o fogo caiu do céu sobre o altar. A carne do holocausto foi incinerada por completo e a água das valetas, evaporou-se instantaneamente.
No mesmo instante, o fogo caiu do céu sobre o altar. A carne do holocausto foi incinerada por completo e a água das valetas, evaporou-se instantaneamente.
Chuva de Fogo sobre o Altar! Este é sem dúvidas um momento lindo e
especial, de vislumbre, deleite e glória, que marcará para sempre a história de
quem o vivenciar. Mas, como todo bom e inesquecível momento, a queda do fogo é
passageira. O que fica de fato, são seus efeitos. A água evapora, simbolizando
que a PALAVRA voltou para Deus cumprindo o seu propósito (Isaías 55:10-11). A
carne sobre o altar é consumida, incinerada, queimada ao ponto desaparecer, e
quando isso acontece, o Espírito é fortalecido (I Colossenses 3:1-3).
Quando o fogo cai, mas a água continua nas valas e a carne se mantem mal
passada sobre o altar, é por que de fato, não houve avivamento
real ali.
O fogo também pode representar separação. Quando Elias foi levado ao céu por um redemoinho, primeiro um carro de fogo desceu dos céus e passou entre ele e seu discípulo Elizeu, separando quem ficaria, de quem seria arrebatado. O fogo do verdadeiro avivamento tem esta característica de evidenciar “os que são” dos que “NÃO são” (II Reis 2:1-11).
O fogo também pode representar separação. Quando Elias foi levado ao céu por um redemoinho, primeiro um carro de fogo desceu dos céus e passou entre ele e seu discípulo Elizeu, separando quem ficaria, de quem seria arrebatado. O fogo do verdadeiro avivamento tem esta característica de evidenciar “os que são” dos que “NÃO são” (II Reis 2:1-11).
Se o fogo caindo é uma visão deslumbrante, a próxima cena do avivamento
é assustadora, porém, imprescindível. Ao perceber que estavam sendo enganados pelos falsos profetas, o povo de Israel reconheceu a soberania do Deus de Elias
e literalmente, eliminou os mestres do paganismo. Em pouco tempo, cerca de novecentos profetas de Baal e Asera foram mortos ao fio da espada pelo
turba enfurecida, transformando os seiscentos metros do Monte Carmelo, numa
grande cascata de sangue, e a montanha num depósito de cadáveres.
Visão desagradável, não é?
Mas é exatamente aí que reside a beleza do AVIVAMENTO. Quando ele é genuíno, as coisas mudam, e nada é como antes. Quem experimenta o verdadeiro avivamento, não aceita mais em sua vida, a causa raiz de seu erro, e extermina o mal de uma vez por todas, por mais doloroso que possa ser este processo (Mateus 18:9).
Todo evento onde o fogo cai do céu, mas a carne não queima, a água não evapora, o altar permanece fendido e os profetas de Baal e Asera continuam vivos, não trouxe de fato, qualquer tipo de avivamento. Foi apenas um belo espetáculo. Nada mais.
Mas é exatamente aí que reside a beleza do AVIVAMENTO. Quando ele é genuíno, as coisas mudam, e nada é como antes. Quem experimenta o verdadeiro avivamento, não aceita mais em sua vida, a causa raiz de seu erro, e extermina o mal de uma vez por todas, por mais doloroso que possa ser este processo (Mateus 18:9).
Todo evento onde o fogo cai do céu, mas a carne não queima, a água não evapora, o altar permanece fendido e os profetas de Baal e Asera continuam vivos, não trouxe de fato, qualquer tipo de avivamento. Foi apenas um belo espetáculo. Nada mais.
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