As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.
(Sun Tzu)
Se Paulo tivesse vivido dez anos a mais, talvez, ao invés de Pedro Alvares Cabral, fosse o seu nome que estaria
grafado nos livros sobre a história do Brasil. Sim, o apóstolo dos gentios era também um viajante do mundo. Um evangelista de povos.
Um desbravador a serviço do Reino de Deus. Ao longo de seu ministério, ele
realizou três grandes viagens missionárias, espalhando o evangelho de Jesus
Cristo a um numero incalculável de pessoas. A quantidade de igrejas fundadas
por sua trupe missionária é impressionante. Paulo era como um pássaro de asas longas
e vigorosas, que voava imponente sobre as nações. Imagine, então, o impacto traumático, quando este pássaro se viu preso em uma gaiola.
Ou será que existe propósito em prisões, linchamentos, tempestades e naufrágios?
Ao término de sua terceira viagem missionária, quando retornou a
Jerusalém, Paulo foi duramente confrontado pelos líderes da religião judaica
(sempre eles), por estar “contaminado” pelos ritos pagãos dos povos que visitou.
Mais, uma vez, as armas usadas por estes homens pravos, foram palavras caluniosas e acusações infundadas.
-
Este homem
é uma peste: suscita tumultos entre todos os judeus do mundo inteiro e é um
chefe do partido dos nazoreus. Tentou mesmo profanar o Templo; nos então o
prendemos, e agora o queremos o julgar conforme nossas leis.
Este texto de
Atos 24:5-6, é parte do depoimento dos religiosos judeus durante o julgamento
de Paulo em Cesária, e não condiz muito com os fatos. Em Jerusalém, estes mesmos
acusadores, incitaram o povo, promovendo um linchamento público contra o
apóstolo. A beira da morte, Paulo foi “salvo” por soldados romanos, que o
conduziram a fortaleza de Antônia. Nem mesmo ali, era possível manter a
segurança do apóstolo, e após algumas audiências tumultuadas na cidade, as
autoridades locais, decidiram que seria mais prudente Paulo ser julgado
em Roma.
E o que a apóstolo achava de tudo isto? Simples! Que sua vida
estava enquadrada perfeitamente nos planos de Deus. Ele confiava em seu Senhor,
mesmo que em volta, o mundo parecesse desmoronar. A intimidade com Cristo,
nos assegura paz em meio ao caos:
- Na noite seguinte o Senhor, pondo-se ao lado
dele, disse: "Coragem! Assim como você testemunhou a meu respeito em
Jerusalém, deverá testemunhar também em Roma". (Atos 23:11)
Quando Paulo embarcou para seu julgamento em Roma, se sentia
maravilhosamente bem e plenamente confiante. Embora fosse um “prisioneiro”, o
apóstolo estava honrado desta condição. O desejo de evangelizar as nações era o
combustível de sua vida, e se aquele era o jeito de falar de Jesus aos romanos,
ele estava feliz e realizado (II Timóteo 3:16 / Efésios 3:1).
Paulo zarpou de Cesaréia sob a custódia do centurião Júlio, pelo qual nutriu uma simpatia recíproca. Entre os
companheiros de viagem também estavam seus amigos Lucas e Aristarco. O ambiente
era quase familiar. Ao chegarem em Sidom, foi permitido a Paulo que
visitasse alguns cristãos da cidade, dos quais recebeu muito carinho e provisões. A viagem prosseguiu por Chipre, Cilícia, Panfília e Lícia.
Nesta última parada, Júlio achou por bem transferir seus passageiros para um
navio cargueiro que ia para a Itália, abarrotado de trigo. A partir daí, a
viagem começou a ficar bem complicada, já que o navio cruzou a rota de um
vendaval, e a intensidade dos ventos limitava drasticamente a velocidade da
embarcação. Quase se arrastando, a nau foi direcionada para a costa de Creta,
onde usou a ilha como um escudo contra a tempestade. Dali, eles conseguiram
aportar em uma cidade receptiva, com um novo bem promissor: Bons Portos.
Quem disse que quando o Senhor nos dá uma missão, ela já vem respaldada de facilidades? Por outro lado, Deus não é um sádico que se diverte com o
sofrimento incessante de seus servos. Tudo visa nosso crescimento. Tempestades
e Bons Portos se alternam ao longo do caminho. Noites de choro e manhãs de
alegria. Lagartas se esgueirando para fora do casulo, enquanto fortalecem asas que se arvoraram no primeiro voo da borboleta.
Bons Portos, sempre é um acalento porém, não dura para sempre. Antes de zarparem da cidade,
uma reunião foi realizada para decidir a viabilidade da empreitada, já que aquela
não era uma estação propícia para se lançar em alto mar. Entre os consultados
estava o próprio Paulo, que se dirigindo aos responsáveis pela viagem advertiu:
- Senhores, vejo que esta viagem
será muito trabalhosa, com danos e prejuízos, não apenas da carga e da
embarcação, mas também de nossas própria vidas (Atos 27:10).
Como aquela seria uma longa jornada, o centurião Júlio deu mais crédito
as palavras do piloto e do mestre do navio, que insistiram para que a viagem
fosse retomada com imediatismo, pois queriam chegar ao porto de Fênix antes que
o inverno agitasse permanentemente o mar. Aproveitando-se da calma momentânea das
águas, a tribulação se lançou ao mar rapidamente. E tudo parecia estar indo
muito bem, até que a embarcação foi apanhada pela fúria do tufão “Euro-Aquilão”
vindo do nordeste de Creta.
Com o navio sendo açoitado pelas ondas, e arrastado sem direção pelo vento,
logo a tripulação percebeu que a embarcação não seria párea para a natureza.
Afim de aliviar o peso do barco, eles começaram a se desfazer das cargas. Para
não ficarem ao sabor dos ventos, se livraram da armação do velame do navio.
Durante dias, nenhum daqueles homens viu o sol e nem as estrelas, e
desencorajados, deixaram de se alimentar, perdendo por completa as esperanças de sobreviver.
Paulo descobriu que os tripulantes do navio tramavam abandonar o barco
em um bote, deixando os “prisioneiros” para traz. Imediatamente comunicou o
fato a Júlio, que tomou medidas disciplinares para que todos trabalhassem em
conjunto. No de como quarto dia de
tormenta, Paulo insistiu para que todos se alimentassem, pois, o navio se
perderia, mas, as pessoas seriam salvas (Atos 27:21-26).
Após a refeição, os homens avistaram uma praia, e se livrando do resto
da comida para aliviar a embarcação, tentaram levar o já fragilizado barco rumo
a terra seca. Porém, no meio do caminho, o navio se chocou com um recife,
encravando a quilha na areia. Com o impacto, a embarcação se fragmentou, sendo
varrida pelas ondas. Como era usual entre a guarda romana, os soldados
decidiram assassinar seus prisioneiros para que não houvesse fuga. Porém, Paulo
intercedeu. Júlio, ordenou que todos se agarrassem em alguma parte dos
destroços, para que pudessem chegar a praia nadando. E todos
alcançaram a terra firme com vida.
Mas, aquele barco não era o meio pelo qual Paulo chegaria ao seu
destino?
Não foi o próprio Deus que o colocou ali, visando que chegasse a Roma,
afim de ministrar sua Palavra?
Nestas situações, muitos se perguntam porque
Deus tira nossos pés do navio e põem em nossas mãos apenas destroços. Penso que a resposta é bem pragmática.
É que o “NAVIO” afunda, mas, os “DESTROÇOS” boiam. São eles que te levarão até a praia. Deus tem seus meios de trabalhar e não cabe a nós entendê-los, e sim, vivê-lo. Quando houver naufrágio, se agarre ao destroço, nade como nunca e siga o fluxo das águas. Deus conhece a geografia do mar, e sempre haverá um porto por perto. E não uma porto qualquer. Nada é ao acaso. Deus não trabalha com achismos ou coincidências.
É que o “NAVIO” afunda, mas, os “DESTROÇOS” boiam. São eles que te levarão até a praia. Deus tem seus meios de trabalhar e não cabe a nós entendê-los, e sim, vivê-lo. Quando houver naufrágio, se agarre ao destroço, nade como nunca e siga o fluxo das águas. Deus conhece a geografia do mar, e sempre haverá um porto por perto. E não uma porto qualquer. Nada é ao acaso. Deus não trabalha com achismos ou coincidências.
Quando Paulo anunciou aos companheiros de viagem que a embarcação
fatalmente se perderia, também revelou que por trás do naufrágio estava
estrategicamente delineado um grande propósito: - É necessário que cheguemos a uma ilha. É interessante
observar que sem os velames do navio, não é possível direcionar uma embarcação,
e, portanto, é correto concluir que Deus tirou a direção de mãos humanas e
tratou Dele mesmo conduzir o barco pela rota traçada nos céus. Para o Senhor, o mar revolto é uma estrada muito bem pavimentada.
Vivos e exauridos. Soldados e prisioneiros se olharam aliviados. Não demorou para descobrirem que
estavam numa ilha chamada Malta, habitada por um povo bárbaro. Certamente, aquela era uma terra renegada, onde o evangelho de Cristo teria muita
dificuldade para entrar, não fosse o providencial naufrágio de um barco com
alguns missionários dentro.
É maravilhoso contemplar a cada página da Bíblia como Deus tem um plano
meticuloso e perfeito, afim de que todos os homens se salvem (João 3:16). Deus
se importava com as almas “bárbaras” de Malta, da mesma forma que se importava
com as almas da elite social romana. Afim de alcançar esses “filhos” amados,
Deus simplesmente levou até suas portas, o maior missionário de todos os
tempos. Mesmo que para isso, um navio tivesse que afundar. E para surpresa
geral, todos foram recebido entre os nativos com cordialidade e muito carinho.
Quem milita na obra do Senhor, e se sujeita a vontade de Deus (mesmo que isso signifique naufragar),
sempre enfrentará a fúria do inimigo. Para Paulo, ela se manifestou na forma de
uma serpente mortífera, temida pelos moradores locais, que furtivamente escondida
entre os galhos secos, atacou a mão do apóstolo, que mais uma vez, estava sendo
usada no trabalho em prol do próximo. Uma fogueira para seus companheiros se esquentarem do frio.
A víbora que atacou Paulo era tão venenosa, que os habitantes de Malta,
conhecedores dos efeitos de sua picada, ao verem as algemas nas mãos do
apóstolo, julgaram que Paulo era um “assassino” por receber tamanha punição.
Então, esperaram para vê-lo “inchar e morrer”.
Nada disso aconteceu. Paulo
simplesmente a jogou no fogo e se assentou junto a fogueira. Mais uma vez, a expectativa da morte
terrena tinha se transformado em esperança de vida eterna. Aos servos do Senhor, as melhores
oportunidades vão aparecer habilmente disfarçadas em problemas insolúveis e
dificuldades insuperáveis. E Paulo fazia desta verdade, uma lema para sua vida.
Sobreviver a um naufrágio e resistir ao veneno da serpente, foram
testemunhos pessoais que deram credibilidade a mensagem de Paulo aos moradores
de Malta. Em poucos dias, toda aquela ilha declarava Jesus como Senhor e
Salvador. Durante dois meses, Paulo e seus amigos ensinaram aquela gente. Eles
oraram, e enfermos foram curados. Eles cantaram, e almas foram libertas. O naufrágio serviu para trazer a tona vidas que se afogavam num oceano de pecados.
A picada da víbora maltesa, trouxe o antídoto ao veneno pernicioso da antiga
serpente. Propósitos que convergem para propósitos ainda maiores.
Precisamos aprender a transformar tragédias em oportunidades e finais em
recomeços. Destroços são a matéria prima que Deus nos fornece para a construção
de verdadeiras fortalezas espirituais. E, esta, é uma lição que precisamos
aprender para poder ensinar. A porta de saída para qualquer ciclo de caos, e a mesma que dá
entrada a um novo mundo de conjunturas abençoadoras. JESUS CRISTO. Seja em Jerusalém, Roma ou Malta.
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