Não há melhor aprendizado do que a adversidade.
(Benjamin Disraeli)
Nossa vida
nesta Terra é extremamente curta, sendo chamada pela Bíblia de brisa, sopro e
comparada a uma pequena planta que nasce e rapidamente morre. Na prática, temos
pouquíssimo tempo para realizar a missão que nos foi confiada, e por mais que
consigamos avanços consideráveis, infelizmente, alguma coisa sempre fica para
traz.
É inegável
que nossos dias estão relativamente mais curtos, e nossas “horas” se tornaram
artigo de luxo. São tantas as ocupações e preocupações que fica praticamente
impossível administrar o tempo disponível para atender tamanha demanda.
Atividades diárias se acumulam sobre nossas costas, e nos obrigam a estabelecer
prioridades, o que fatalmente fará com que momentos importantes e decisivos
sejam sublimados pelo cruel carrasco cronológico.
A
modernidade impõe um julgo desumano sobre o indivíduo, e essa imposição é
aumentada sobre todo homem que precisa mensurar em poucas horas o teórico e o
prático, a ação e a reação, o planejamento e a execução, o material e o
espiritual, a vida secular e o ministério. Devido à necessidade de se
fazer mil coisas em um período relativamente escasso, é que muitas vezes,
atividades importantes não são feitas. Em suma, toda esta realidade se encerra
na mais pragmática das revelações: é impossível fazer tudo sozinho.
Mas, esta
não é uma verdade pertinente apenas aos nossos dias. Desde a antiguidade, os
textos sagrados explicitam a necessidade do trabalho em equipe, em referências
como as encontradas em Provérbios 24:6, Eclesiastes 4:9-10, Isaías 41:6 e Lucas
10:1. Já no Éden, a existência da vida humana foi drasticamente reduzida em
decorrência do pecado, e mais nenhum homem conseguiu ser pleno em realizações.
Nossa vida se finda antes de nossas ambições.
Assim, cada
pessoa aproveita o “gancho” deixado por outros, para a partir deste ponto
começar a desenvolver algo pessoal e possivelmente relevante, que chamará a
atenção da próxima geração, que usará este novo “gancho” para suas próprias
inovações. Tem se então a verdade por traz do jargão: - Neste mundo nada se inventa, mas se copia.
A grande
preocupação que devemos ter, se divide em duas etapas. Na primeira avaliamos se
nossas ações honram o que foi construído pelos patriarcas que sucedemos, e
também, se estamos construindo algo realmente sólido para a posteridade.
Ninguém é pleno sozinho.
A palavra
“geração” vem do latim “generatĭo”, e entre seus diversos significados e
aplicações, faz referência a uma coletânea de seres vivos de mesma idade. Em
sentido parecido, também se refere ao conjunto de pessoas que por
nascerem num mesmo período histórico, recebem ensinamentos e estímulos
culturais e sociais similares, e assim, em teoria, possuem comportamentos e
interesses em comum. Pode referir-se também a um grupo de descendentes quando
se trata de parentesco, tal como filhos e netos.
Podemos
dizer que GERAÇÃO é aquele grupo de pessoas, que em decorrência de uma
ideologia comum, é responsável por moldar a identidade cultural e espiritual de
seu tempo, preparando-a para a posteridade. Assim, a responsabilidade de uma
geração para com a outra é "real" e "vital" na evolução e
sobrevivência da espécie.
Apesar de
sua importância social, cultural e espiritual, é muito difícil especificar a
duração histórica de uma geração, já que a vida humana não tem prazo de
validade definido.
Por exemplo,
a Bíblia cita a idade de 120 anos como uma média razoável de vida (Gêneses
6:3). Porém, esta expectativa é reduzida drasticamente para 70 anos no Salmo
90:10.
Mesmo assim,
é possível encontrar no texto de Gêneses 5, personagens com nove séculos
acumulados de vida, casos de Enos (905 anos), Cainã (910 anos), Sete (912 anos), Adão
(930 anos), Jarede (932 anos) e Matusalém (979 anos). Exceções à regra.
Atualmente, a
expectativa de vida em países de terceiro mundo como República do Chade e
Guiné-Bissau, não passa dos cinquenta anos. Além disso, diariamente,
milhares de crianças e adolescentes morrem prematuramente pelos mais diversos
motivos. Essa inconstância da vida, aliada ao avanço tecnológico sem
precedentes da pós-modernidade, dificultam cada vez mais, a datação exata de um
grupo humano igualitário em suas demandas e aspirações. Assim, sociólogos e
historiadores se debruçam sobre estatísticas para encontrar a duração exata de
uma geração, e os resultados destes cálculos estão sempre mudando.
Durante
muitas décadas, definiu-se geração como sendo aquela que sucedeu a seus pais.
Portanto, calculava-se como sendo uma geração o tempo de 25 anos. Na última
metade de século, com o aumento considerável nos avanços tecnológicos, a maior
facilidade de conexão com culturas diferenciadas e o bombardeio diário de
informações, o intervalo entre uma geração e outra ficou mais curto. Hoje, já
se pode falar em uma nova geração a cada dez anos.
Na pratica,
o real resultado deste metabolismo social acelerado, é que pessoas de
diferentes ideologias estão convivendo simultaneamente, em casa, na escola e no
mercado de trabalho. Isso tem seu lado positivo, já que a experiência e a
maturidade dos "mais velhos", aliada a expertise dos "mais
novos" no manejo das tecnologias, aumenta exponencialmente a capacidade de
inovação de uma civilização. Porém, a aceleração não e deixa de ter seu
contraponto. Se a sinergia entre gerações não for alcançada, insta-se o
conflito ideológico entre pessoas que, em teoria, deveriam formar um mesmo
consciente coletivo. Isso nos leva a um legado fragmentado, que migra
paulatinamente a uma falta de identidade social.
E isso se
reflete na espiritualidade do indivíduo, já que as mudanças constantes no
pensamento teológico e religioso dentro de uma mesma instituição, não deixa
marcas permanentes nas gerações futuras. Cada geração que se afasta de
Deus, também empurra a próxima geração para o limbo da apostasia.
É preciso
entender que, como igreja, apesar de convivermos com o conflito social de
gerações em nossas comunidades, é preciso manter a consciência coletiva sobre
Deus e seus desígnios fora do rol das transformações do mundo.
Deus não
muda, e nossa forma de enxergá-lo também não pode mudar, independentemente da
duração da vida ou das mudanças culturais de cada tempo.
Nenhuma
geração é plena. Precisamos trabalhar em conjunto com os que foram e com os que
serão, afim de construir uma história e perpetrar um legado. Muitos acreditam
que um exército de ovelhas lideradas por um leão, venceriam facilmente um
exército de leões liderados por uma ovelha. Isto porque o "formador de
opiniões" tem a capacidade de moldar seus influenciados de acordo com sua
própria mentalidade. Esta dádiva
é uma faca de dois gumes, pois quando não usada com sabedoria se torna em
maldição.
Líderes
fracos fatalmente forjarão grupos fracos, e líderes fortes, fortaleceram seus
liderados, por mais fracos que sejam. Uma geração sempre irá ditar os passos da
próxima geração. A grande questão é: - Para onde?