(U.S Grant)
Comecei a ler
a Bíblia com oito anos de idade. E como fui instruído, segui o protocolo.
Página a página, devorando com os olhos, versos e mais versos, galgando
progressivamente do Gêneses ao Apocalipse. Levei uns seis meses para concluir
esta maratona do conhecimento, e ao final dela, descobri que colecionei muito
mais dúvidas do que respostas. De fato, não tinha sido uma viagem “bem-sucedida”.
Até que foi “divertido” descobrir os detalhes da criação do mundo e me sentir
fazendo parte da família de Abraão. Mas, a empolgação tende a não durar
muito... Basta imergir no código
legislativo dos hebreus para as pálpebras dos olhos pesarem toneladas. Quando a
teia da “genealogia” se expande bem a frente, com seus fios emaranhados
repletos de nomes estranhos e personagens “não desenvolvidos”, é inevitável a
vontade de enviar o livro diretamente para a estante... E nas mãos de uma
criança cursando o segundo ano do ensino fundamental, tanta informação
desencontrada acaba por a fritar os miolos...
Assim, convencido que “já tinha” feito a minha obrigação cristã de “conhecer” toda a Bíblia, troquei as páginas sagradas pelas revistinhas da “Turma da Monica”, e confesso que este texto mais “descompromissado” ajudou-me na melhora sistematicamente da minha capacidade de leitura. Nos livros da coleção “Vaga-Lume”, desenvolvi o senso crítico e a habilidade de interpretar contextos. Naquele tempo, meus pais que eram assembleianos de raíz e origem, proibiam a mim e meus irmãos de assistirmos TV (o primeiro aparelho de televisão da família só foi adquirido em meados dos anos 2000), e portanto, sem muitas opções de entretenimento, me lancei de cabeça na literatura. Meu cartão da biblioteca precisava ser trocado a cada três meses. O último capítulo de uma obra era lido no caminho da ida, e o primeiro da próxima, era devorado ainda na volta. Li mais livros do posso me recordar. E de toda esta paixão pelas palavras, uma certeza logo nasceu em meu coração.... Nada se comparava a leitura do velho livro de capa preta...
Então, eu o reli.... Desta vez, sem a pressão de um cronograma pré-determinado. Eu li a Bíblia seguindo minhas convicções. Queria entender os evangelhos antes de tentar decifrar as profecias do Velho Testamento. Priorizei o Sermão da Montanha, deixando a Lei de Moisés para “bem” mais tarde. E assim, a visão turva foi se desfazendo... Os ensinamentos de Paulo me pareciam bem mais “palatáveis” que as visões de Zacarias. Aprendi a apreciar as canções dos salmistas antes de me preocupar com a escala musical que será aplicada no toque das trombetas angelicais... E tudo fez muito mais sentido. Quando entendemos que a Bíblia não é um prato de macarrão instantâneo (que consiste no conjunto formado por massa industrializada, tempero genérico e preparo desleixado), cada refeição passa a ser inesquecível. Simplesmente sofisticada e sofisticamente simples. Cores, aromas e texturas inebriado os sentidos da alma. E aqui estou eu, duas décadas depois (na verdade, bem mais que isso...) ainda me surpreendendo com cada página virada, mesmo que já tenha passado por ela centenas de vezes. Como bem diz meu pai, Pr. Wilson Gomes, “toda vez que releio a Bíblia, é como se nunca a tivesse lido de verdade”. Cada dia uma descoberta, em toda manhã, uma nova revelação. Até mesmo Tomas Huxley, conhecido como o “Buldogue de Darwin” reconhecia a Bíblia como a Carta Magna dos pobres e oprimidos, e ressaltava: - “A raça humana não está em uma posição que pode dispensá-la!”
Assim, convencido que “já tinha” feito a minha obrigação cristã de “conhecer” toda a Bíblia, troquei as páginas sagradas pelas revistinhas da “Turma da Monica”, e confesso que este texto mais “descompromissado” ajudou-me na melhora sistematicamente da minha capacidade de leitura. Nos livros da coleção “Vaga-Lume”, desenvolvi o senso crítico e a habilidade de interpretar contextos. Naquele tempo, meus pais que eram assembleianos de raíz e origem, proibiam a mim e meus irmãos de assistirmos TV (o primeiro aparelho de televisão da família só foi adquirido em meados dos anos 2000), e portanto, sem muitas opções de entretenimento, me lancei de cabeça na literatura. Meu cartão da biblioteca precisava ser trocado a cada três meses. O último capítulo de uma obra era lido no caminho da ida, e o primeiro da próxima, era devorado ainda na volta. Li mais livros do posso me recordar. E de toda esta paixão pelas palavras, uma certeza logo nasceu em meu coração.... Nada se comparava a leitura do velho livro de capa preta...
Então, eu o reli.... Desta vez, sem a pressão de um cronograma pré-determinado. Eu li a Bíblia seguindo minhas convicções. Queria entender os evangelhos antes de tentar decifrar as profecias do Velho Testamento. Priorizei o Sermão da Montanha, deixando a Lei de Moisés para “bem” mais tarde. E assim, a visão turva foi se desfazendo... Os ensinamentos de Paulo me pareciam bem mais “palatáveis” que as visões de Zacarias. Aprendi a apreciar as canções dos salmistas antes de me preocupar com a escala musical que será aplicada no toque das trombetas angelicais... E tudo fez muito mais sentido. Quando entendemos que a Bíblia não é um prato de macarrão instantâneo (que consiste no conjunto formado por massa industrializada, tempero genérico e preparo desleixado), cada refeição passa a ser inesquecível. Simplesmente sofisticada e sofisticamente simples. Cores, aromas e texturas inebriado os sentidos da alma. E aqui estou eu, duas décadas depois (na verdade, bem mais que isso...) ainda me surpreendendo com cada página virada, mesmo que já tenha passado por ela centenas de vezes. Como bem diz meu pai, Pr. Wilson Gomes, “toda vez que releio a Bíblia, é como se nunca a tivesse lido de verdade”. Cada dia uma descoberta, em toda manhã, uma nova revelação. Até mesmo Tomas Huxley, conhecido como o “Buldogue de Darwin” reconhecia a Bíblia como a Carta Magna dos pobres e oprimidos, e ressaltava: - “A raça humana não está em uma posição que pode dispensá-la!”
Porém, se
engana aquele quem pensa extrair o melhor das Escrituras fazendo uso de intelecto
puramente humano ou interpretando seu texto de forma pragmática. Nada disto. É
preciso visão espiritual para enxergar além das palavras. Este é o segredo da
longevidade de sua mensagem. Milênios já se passaram, e o conteúdo ainda é
atual. Cada geração que nasce se identifica nas páginas sagradas, e este
fenômeno não se explica por víeis acadêmicos. A Bíblia não é de fato, um livro
de fácil compreensão. Suas inúmeras formas de linguagem decorrente da grande
variedade de autores oriundos de culturas e épocas distintas, pode dar um nó na
cabeça de leitores inexperientes. Mil e seiscentos anos separando a “primeira
linha” do “último amém”. Registros históricos, relatos
biográficos, genealogias, parábolas, poemas e profecias, tudo se mesclando de
forma “aparentemente” aleatória e “constatadamente” não cronológica. Teólogos
se debruçam por anos sobre páginas amareladas de suas versões prediletas, e
mesmo assim, não passam da superfície de um oceano de profundezas
incalculáveis. A grande revelação de Deus ao homem é também uma
jornada diária de novos mistérios a serem desvendados, e uma única “vida” é
pouco para tanta assimilação.
Na prática, a
Bíblia é uma “biblioteca temática”, onde o tema é Deus, e podemos enxergá-lo
pelos olhos de centenas de personagens, e na narrativa de pelo menos 40 autores
diferentes, entre eruditos, legisladores, pescadores e camponeses. Dominar a
Bíblia requer muito estudo e devoção sacrificial, e nem mesmo os estudiosos
mais devotados conseguirão “dominá-la”. Se alguém julga ter conhecimento pleno
das Sagradas Escrituras, está apenas segurando nas mãos um copo cheio de água,
enquanto pensa ter represado o mar. O escritor brasileiro Henrique Maximiano
Coelho Netto definia a Bíblia como sendo o livro de sua vida, jamais guardado
na biblioteca junto aos demais livros de estudo: - Conservo-a sempre à minha cabeceira, à mão. É dela que tiro a água
para minha sede da verdade; é dela que tiro o bálsamo para as minhas dores nas
horas de agonia. É vaso em que cresce a verdade. Nela vejo sempre a verde
esperança abrindo-se na flor celestial, que é a fé. E
poeticamente, concluiu: - Eis o livro que é a valise com que ando em
peregrinações pelo mundo.
Esta riqueza
não foi por mim percebida em minha leitura acriançada. Prometi aos meus pais
que leria a Bíblia inteira se ganhasse uma bicicleta nova. Motivação errada,
sucesso improdutivo. Apreciar a Bíblia requer maturidade e muita devoção. Não
dá para respeitá-la sem fé, e praticá-la sem muita renúncia. Exatamente por
isto, um número cada vez maior de pessoas opta por abandoná-la em prateleiras
empoeiradas. E as justificadas são inúmeras... O texto é arcaico... Os
conceitos estão ultrapassados... Os discursos são repletos de ódio... Não passa
de um compilado de ideia racistas, opressoras e misóginas... De fato, a Bíblia não é palatável ao
intelecto humano... A imaturidade espiritual é uma grossa crosta de gelo que impede a imersão do
leitor na essência das escrituras.... Exatamente por isso, Paulo trabalhava
arduamente para que os cristãos deixassem de agir feito “crianças”. Meninos,
mesmo em Cristo, não conseguem tirar todos os nutrientes que o “maná de
letrinhas” tem a oferecer... Ficam apenas no leite, e perdem a oportunidade de
aproveitar o banquete (I Coríntios 3:1-2). E a Palavra de Deus é um amálgama de
sabores agridoces que nem sempre agrada ao paladar... Um alimento singular (ou seria remédio obrigatório?), que mata
a fome da alma, enquanto desperta no espírito uma fome ainda maior...
Se a Bíblia
como “literatura” é uma leitura complexa, sua mensagem é bem simples de
entender. Na verdade, ao longo dos últimos séculos, milhares de pessoas iletradas
e sem nenhum conhecimento acadêmico, compreenderam perfeitamente toda o seu
significado primordial, já que este compêndio de livros sagrados excede a
sabedoria secular e adentra as esferas da fé. Filósofos, intelectuais e
ateístas, tem se esforçado para desmerecer a mensagem bíblica, e mesmo assim,
Ela (a Bíblia), continua sendo o
livro mais comprado, doado e amado da história, exatamente por falar a língua
de ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres, sem qualquer distinção
de raça, cor ou gênero. A Bíblia é sim um livro divinamente inspirado, cuja cerne
(abundante em graça e misericórdia), é revelada apenas aos verdadeiros
adoradores por intermédio da atuação do Espírito Santo. E nenhuma faculdade do
mundo é capaz de transmitir tamanha sabedoria. Até pode ser possível “enjaular”
letras, palavras e frases, porém, a inspiração espiritual sempre estará livre,
alçando voos cada vez mais altos, e pousando apenas sobre a vida de pessoas
cujo coração se esvazia de soberbas e vaidades. É preciso humildade para
entender que em Deus, o pouco se torna muito. E ainda mais...
Enquanto eu li
a Bíblia procurando por unicórnios e dragões, pouco proveito tirei dela. Apenas
teorias controversas e polêmicas desnecessárias. Porém, no dia que me permiti ser orientado
pelo “autor” durante a leitura, tudo mudou... Ele me levou para além da “avenida
principal” e me permitiu adentrar em cada ruazinha estreita só localizada por
quem tem nas mãos um bom mapa. E o melhor dos guias... Ler a Bíblia é um ato de
adoração e entrega. Oração feita com os olhos! Hoje entendo que é mais
produtivo meditar num único verso, do que consumir páginas e páginas como se
estivesse lendo uma aventura antiga. Até, porque, apreciar a paisagem é um benefício
adquirido por quem já conhece o caminho.
Não lemos a
Bíblia para entender sua mensagem, mas sim, por que já a entendemos. Não
estamos buscando a verdade, pois a Verdade já nos encontrou. E a beleza que
reside na simplicidade revelada é grandiosa demais para os “gênios” deste mundo
compreenderem. Não é sem razão que Jesus glorificou ao Pai que escondeu “estas
coisas” dos sábios e entendidos, revelando-as aos pequenininhos (humildes, não infantos). Nunca foi
preciso decorar a Bíblia para assimilar todo o seu conteúdo... E como este
entendimento é maravilhoso! Para a
grande maioria dos teólogos, os mais 31.000 versículos catalogados nas Escrituras,
são resumíveis num único parágrafo, que pode ser chamado de "texto áureo" da Bíblia. E
esta "verdade aplicada" da
Palavra de Deus, está registrada em João 3:16, onde numa sentença simples,
objetiva e eficaz, é explicado com perfeição o caráter de Deus, a vontade de
Deus e o amor de Deus revelado em Cristo.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.
“Texto-Áureo”
pode ser entendido como uma frase única e compacta, que resume em si, toda a
essência de um contexto muito maior. E biblicamente falando, esta é toda a
mensagem grandiosa que precisamos compreender... A regra básica de nossa fé...
O alicerce de nossas convicções... O caminho para o céu... A redenção do
pecador... O âmago das Escrituras
Porque Deus
amou o mundo (a humanidade sempre foi o
grande alvo do amor de Deus) de tal maneira (amor mais intenso que a compreensão humana), que deu seu filho unigênito (Jesus é Deus entre os homens, o Verbo que
se fez carne), para que todo (amor
com abrangência universal sem fazer distinção entre raças, cores e gêneros) aquele
que Nele crê (a fé como condição básica para
ser salvo) não pereça (todos estávamos
condenados pelo pecado) mas tenha vida eterna (salvação mediante a graça).
Quando compreendemos o real conteúdo deste parágrafo, passamos a entender todo o significado das Escrituras. Ela é um soneto de amor que Deus declama aos homens todos os dias. Exortações de um Pai que deseja o bem-estar de seus filhos. Declarações apaixonadas de um Noivo que anseia ter sua esposa nos braços, pura e imaculada. Cada anúncio de juízo é um grito de alerta. Cada chamado ao arrependimento é um convite de misericórdia. Simples assim... A Bíblia é um grande ode de afabilidade. Entender a grandeza deste sentimento que Deus tem por cada um de nós, consiste em abrir a porta do discernimento para cada pequeno verso inserido no cânone sagrado. Deus nos ama com a mesma intensidade que detém nas mãos todo poder e conhecimento. Ele sabe o que nos aguarda na eternidade, mas respeita o livre arbítrio do coração humano. O Senhor conhece o fim do caminho, porém a escolha por qual estrada seguir cabe a mim. E a você... Então Deus grita... Gesticula... Joga pedras... Manda seus mensageiros... Treme a terra... Envia a tempestade... Reverbera trovões... Fogo... Vento... Dilúvio... Espada... Tudo isto é apenas Deus tentando chamar a atenção do homem... E a Bíblia nada mais é que uma coletânea destas cartas apaixonadas...
Quando compreendemos o real conteúdo deste parágrafo, passamos a entender todo o significado das Escrituras. Ela é um soneto de amor que Deus declama aos homens todos os dias. Exortações de um Pai que deseja o bem-estar de seus filhos. Declarações apaixonadas de um Noivo que anseia ter sua esposa nos braços, pura e imaculada. Cada anúncio de juízo é um grito de alerta. Cada chamado ao arrependimento é um convite de misericórdia. Simples assim... A Bíblia é um grande ode de afabilidade. Entender a grandeza deste sentimento que Deus tem por cada um de nós, consiste em abrir a porta do discernimento para cada pequeno verso inserido no cânone sagrado. Deus nos ama com a mesma intensidade que detém nas mãos todo poder e conhecimento. Ele sabe o que nos aguarda na eternidade, mas respeita o livre arbítrio do coração humano. O Senhor conhece o fim do caminho, porém a escolha por qual estrada seguir cabe a mim. E a você... Então Deus grita... Gesticula... Joga pedras... Manda seus mensageiros... Treme a terra... Envia a tempestade... Reverbera trovões... Fogo... Vento... Dilúvio... Espada... Tudo isto é apenas Deus tentando chamar a atenção do homem... E a Bíblia nada mais é que uma coletânea destas cartas apaixonadas...
No dia que fiz esta descoberta tão simplista, a Bíblia se revestiu de luz para mim. Cores vibrantes e canções melodiosas. As genealogias se tornaram uma agradável “caça ao tesouro”. Os códigos legislativos da antiguidade me mostraram parâmetros de comportamento e civilidade até então, desconhecidos. Eu deixei de ser menino, e me tornei um homem. O “leite” ainda está presente na minha alimentação espiritual, in natura e incorporado a alimentos, digamos, mais substanciosos. E parafraseando o general norte-americano Robert E. Lee, posso sem ressalvas dizer que “em todas minhas perplexidades e angústias, a Bíblia nunca deixou de me dar luz e forças.” Quando eu me dedico a conhecer (e prosseguir conhecendo) a Palavra de Deus, me torno cada vez mais íntimo do Deus da Palavra.
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